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Busca no Google define professora como prostituta

Saiu no site REVISTA CLAUDIA

 

Veja publicação original:  Busca no Google define professora como prostituta

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Ao pesquisar por “professora significado”, o internauta se depara com “prostituta com quem adolescentes iniciam a vida sexual”

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O Google, por meio de sua ferramenta de dicionário, está definindo o termo professora como “prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual”, classificada como um “brasileirismo”.

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Como primeiro significado, aparece a definição “mulher que ensina ou exerce o professorado”. Logo em seguida, aparece a definição polêmica.

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Em nota oficial, o Google afirma que trabalha com dicionários parceiros e que os resultados das buscas são definições fornecidas por eles e que a empresa de busca não tem poder de edição.

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“Quando as pessoas pesquisam por definições de palavras na Busca, frequentemente, elas desejam informações de maneira rápida. Por isso, trabalhamos para licenciar conteúdos de dicionários parceiros, que são exibidos diretamente na Busca. Os resultados incluem usos coloquiais que podem causar surpresa, mas não temos controle editorial sobre as definições fornecidas por nossos parceiros que são os especialistas em linguagem. Reconhecemos a preocupação neste caso e vamos transmiti-la aos responsáveis pelo conteúdo”, diz a nota.

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Dicionários como Houaiss, Michaelis Aurélio apresentam a mesma definição para o termo “professora”.

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Em nota enviada à CLAUDIA, a assessoria de imprensa da Editora Positivo, responsável pela publicação do dicionário Aurélio, afirma que é seu dever “apresentar o maior número possível de significados para um termo” e que a definição atribuída ao termo “professora” “refere-se a um regionalismo, ou seja, a aplicação dessa palavra em um contexto regional brasileiro”, mas reitera que na edição Mini Aurélio, indicado para crianças e jovens, o verbete tem apenas o significado de “mestra”.

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Instituto Antônio Houaiss, em nota enviada à CLAUDIA, afirma que “os dicionários não usam as palavras que registram para ofender, menosprezar ou caçoar de ninguém. Apenas registram o que encontram no uso da língua” e “se a língua registrou determinado sentido para uma palavra, lá estará ele no verbete dessa palavra”. O instituto afirma, ainda, que a acepção da palavra professora como “prostituta” faz parte do texto de Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado.

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Leia, abaixo, as notas na íntegra:

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Dicionário Aurélio:

“Em relação aos debates referentes ao verbete “Professora”, é necessário frisar que inserir um regionalismo como uma das acepções possíveis para uma palavra é ação natural de um dicionário, que deve apresentar o maior número possível de significados para um termo. Esse fato é ainda mais evidente quando se fala de uma obra que tem como uma de suas principais características registrar, por meio de verbetes, a cultura regional de um país tão vasto quanto o Brasil. Só no Aurélio 5ª edição, há cerca de 9.000 brasileirismos. Todas essas palavras fazem parte da Língua Portuguesa que, a exemplo de qualquer língua, é viva e tem inúmeras nuances.

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No Aurélio 5ª edição, a primeira acepção do verbete “professora” é “Mulher que ensina ou exerce o professorado, mestra. ”, principal uso da palavra na Língua Portuguesa. A segunda acepção refere-se a um regionalismo, ou seja, a aplicação dessa palavra em um contexto regional brasileiro. Para que o regionalismo fique claro, em todos os verbetes com esse tipo de acepção, há uma informação anterior indicando o regionalismo.

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Quanto ao público-alvo da obra, é importante destacar que a obra Aurélio 5ª edição está indicada para um público que pode acessar palavras como essas. No Míni Aurélio 8ª edição, indicado para crianças e jovens, o verbete “professora” tem apenas uma acepção: “mestra”.”

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Dicionário Houaiss:

“Os dicionários não inventam palavras nem inventam acepções para as palavras. Os dicionários não usam as palavras que registram para ofender, menosprezar ou caçoar de ninguém. Apenas registram o que encontram no uso da língua. São como um espelho que reflete os conceitos mais nobres e belos, tanto como os mais agressivos e grosseiros que encontram, e fazem-no cientificamente, sem julgamento de valor. Se a língua registrou determinado sentido para uma palavra, lá estará ele no verbete dessa palavra. Os dicionários não escondem nem eliminam palavras desagradáveis e insultuosas. São espelhos do que existe. A acepção da palavra professora a que se refere sua pergunta faz parte do texto de Dona Flor e seus dois maridos, de Jorge Amado (1966). E já estava na 1ª edição do Aurélio (Novo dicionário da língua portuguesa, 1975). Antes disso, entrou no Aulete brasileiro (Dicionário contemporâneo da língua portuguesa, 3ª edição 1958). Também pode ser encontrada no Dicionário do Nordeste, de Fred Navarro (2004) e em outras obras de referência. Tal acepção pejorativa é similar às que existem em outras palavras da língua, como judeu, cigano etc., que traem preconceitos às vezes seculares, mas que os dicionários mais completos não podem deixar de registrar, por fazerem parte da história dessas palavras. A palavra professora com essa acepção pejorativa poderia ter sido encontrada pelo Google em qualquer dos dicionários citados, inclusive no Houaiss. Todos nós a registramos, porque dicionário algum desse porte oculta sentidos de teores negativos. Varrê-los para debaixo do tapete não significaria eliminá-los da língua, infelizmente.”

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A equipe de CLAUDIA também entrou em contato com a assessoria de imprensa da Editora Melhoramentos, responsável pela publicação do dicionário Michaelis, mas ainda não obteve uma resposta do lexicógrafo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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