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Apenas 8% das tenistas top 100 do mundo têm treinadoras

Saiu no site JORNAL O GLOBO

 

Veja publicação original: Apenas 8% das tenistas top 100 do mundo têm treinadoras

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Estatística do US Open, de setembro, assusta a escocesa Judy Murray, treinadora e mãe de Andy e Jamie

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Por Gustavo Loio

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Quando conquistou, em Roland Garros há dois anos, o maior título da carreira, a letã Jelena Ostapenko comemorou com duas técnicas: a mãe, Jelena Jakovleva, e a espanhola Anabel Medina Garrigues. E o primeiro Grand Slam da atual 22ª do mundo se tornou ainda mais emblemático por, justamente, ter a participação de uma treinadora que não é da família. Trata-se de um fato raríssimo, mesmo no circuito feminino. A própria campeã, poucos meses depois, trocou a ex-tenista da Espanha pelo australiano David Taylor.

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Para se ter uma ideia do quanto é raro uma técnica em ação na elite do tênis feminino, em setembro, no US Open, apenas 8% das top 100 eram dirigidas por treinadoras.

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A falta de mais técnicas no circuito feminino é algo que incomoda a escocesa Judy Murray, ex-capitã britânica da Fed Cup, a versão entre as mulheres da Copa Davis.

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— Nos últimos cinco anos, participei de diversas conferências e workshops como uma técnica, para explicar minha filosofia entre homens e mulheres. Somos diferentes, então, você tem que adaptar seu estilo quando tem uma plateia ou um jogo feminino. Sou uma grande incentivadora — explica a mãe dos campeões de Grand Slams Andy e Jamie, que esteve no Rio de Janeiro pela primeira vez em fevereiro, para um workshop da Liga Tênis 10, no Clube Monte Líbano.

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Segundo Judy, no tênis mundial há dificuldade, inclusive, de se formar técnicas:

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— Temos de criar uma atmosfera onde elas possam ser o que quiserem. Meu argumento é que as técnicas entendem o que as jogadoras enfrentam emocional e fisicamente. Então, elas sabem melhor como lidar com isso. Precisamos de mais delas.

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Judy Murray durante workshop no Clube Monte Líbano, em fevereiro Foto: Divulgação/Liga Tênis 10
Judy Murray durante workshop no Clube Monte Líbano, em fevereiro Foto: Divulgação/Liga Tênis 10

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A ex-capitã britânica na Fed Cup aponta outras razões para não se ver tantas técnicas em ação:

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— Quem quer trabalhar no topo tende a ser membro da família. Usualmente os pais se envolvem porque não têm condições de pagar um técnico. Muitas vezes, os familiares já sabem jogar. Em outras, eles aprendem por necessidade. São muitos técnicos no circuito feminino. O desafio é você ficar na estrada por 25, 30 semanas por ano, é difícil pra qualquer um, mas, se você é mulher e tem uma família, é impossível.

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Desafio maior na ATP

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Segundo a mãe de Andy e Jamie, é preciso estar no topo para se pagar um técnico. E muitas vezes as jogadoras se sentem mais à vontade com um treinador que seja também um parceiro de treinos.

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Judy Murray, à direita, em encontro com professores no evento da Liga Tênis 10 Foto: Divulgação/Liga Tênis 10
Judy Murray, à direita, em encontro com professores no evento da Liga Tênis 10 Foto: Divulgação/Liga Tênis 10

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Se mesmo entre as mulheres o número de técnicas é muito baixo, no masculino é ainda menor. E, em junho de 2014, Andy quebrou um tabu, ao contratar a francesa Amelie Mauresmo para fazer parte de sua equipe, onde ficou até maio de 2016.

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— Aquela parceria despertou vários interesses, gerou debates. Amelie mostrou que o gênero não importa, mas a habilidade, a personalidade, o conhecimento. Estimulou que ex-jogadoras treinassem atletas — conta Judy. — Elas têm experiências de competir em Grand Slams, entendem o mundo feminino. São passos pequenos, é preciso dar chance a elas.

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Desde dezembro, Mauresmo é a única técnica que não é da família a treinar um top 100: o compatriota Lucas Pouille, 30º do mundo.

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Judy aposta que essa nova parceria dará certo. E aponta outra virtude da francesa.

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—Em geral, mulheres são melhores ouvintes que os homens — afirma.

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Como jogadora, Mauresmo venceu dois Grand Slams (torneios mais importantes do circuito), ambos em 2006: no Aberto da Austrália e em Wimbledon. Três anos depois, anunciou a aposentadoria e, em 2010, começou o desafio de ser uma técnica.  Antes de Murray, orientou a bielorussa Victoria Azarenka e dois franceses, Marion Bartoli e Michael Llodra.

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Judy vê igualdade em exposição e premiação

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Em que pese a carência de técnicas no circuito mundial do tênis, a matriarca da família Murray vê mais igualdade entre homens e mulheres do que em outras modalidades em alguns quesitos.
– Vejo como muito boas as oportunidades para as mulheres nos principais torneios, em relação à premiação e exposição na mídia. De uma maneira geral, o tênis feminino divide a exposição com o masculino nos Grand Slams e nos Premiers (Masters 1000).

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Por outro lado, Judy lamenta que as mulheres não ocupem lugares de destaque como dirigentes.

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– Somos ainda um esporte onde os tomadores de decisões são homens: o presidente da WTA, ATP, Grand Slams, temos que trabalhar muito para aumentar nosso número, criar oportunidades para aprender e igualar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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