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Veja a Publicação Original.
A Baixada Santista ganhou neste ano o primeiro escritório de advocacia voltado exclusivamente ao atendimento de mulheres. A ideia saiu do papel durante a pandemia, mas já era um projeto antigo das advogadas Bárbara Massoni, 30 anos, (OAB-SP 341.217), e Larissa Figueira, 24 anos, (OAB-SP 447.503).
As duas se conheceram há pouco tempo, mas durante as conversas perceberam que tinham muito em comum, inclusive a vontade de ajudar outras mulheres a entenderem e exigirem os seus direitos, muitas vezes negligenciados. Além disso, ambas sempre trabalharam com causas familiares.
Com a quarentena e as notícias sobre o aumento do número de casos de violência contra a mulher durante o período, elas perceberam a urgência de se dedicarem ao ramo, e assim o fizeram.
O escritório ganhou o nome de Figueira & Massoni e por enquanto realiza atendimento online para respeitar as medidas de distanciamento social, mas há possibilidade de atendimento presencial se houver necessidade.
“Pouco tempo depois que a quarentena foi decretada, comecei a pesquisar sobre como essa fase estava afetando a vida das mulheres e li que houve um aumento de 46% nos crimes de feminicídio só no Estado de São Paulo. Além disso, os casos de violência doméstica dispararam porque a mulher que vive em um relacionamento abusivo passou a ficar mais tempo em casa, ao lado do seu agressor. Para mim, são indicadores que comprovam como é necessário oferecer uma rede específica de apoio jurídico para as mulheres que passam por isso e também humanizar esse atendimento para que elas entendam que estas situações não podem ser aceitáveis”, explica Bárbara.
Larissa partilha da mesma visão. Antes de concluir a faculdade, ela estagiou em setores que envolviam o Direito de Família, um ramo do Direito Civil que trata das relações familiares e das obrigações e direitos decorrentes dessas relações.
“Eu acompanhei muitos casos onde as mulheres simplesmente aceitavam caladas as agressões e os abusos porque acreditavam que aquele comportamento masculino era normal. Muitas delas nem sabem os direitos que possuem e até reproduzem o machismo porque não entendem o quanto isso é prejudicial para elas mesmas”, conta.
Por isso, além das explicações sobre as questões jurídicas, os atendimentos realizados pela dupla são permeados por diálogos sobre o machismo estrutural, relações abusivas, assédio e tantos outros conflitos que ainda fazem parte da vida das mulheres.
“Muitas acham que o termo ‘feminismo’ prega o ódio ao homem. Então é preciso explicar que feminismo não tem nada a ver com isso e que a nossa luta é por direitos iguais e o fim das opressões”, diz Larissa.
“Quando uma mulher entende que muitas situações pelas quais passou eram abusivas, a percepção dela muda e a partir daí até a forma como ela se coloca em sociedade muda também. Ela passa a não aceitar mais aquilo e isso faz a diferença por toda a vida dela”, esclarece Bárbara.
REDES SOCIAIS
O projeto ganhou também as redes sociais. No Instagram, basta digitar @o_direitodelas para ter acesso ao conteúdo produzido. No Facebook, a página se chama Figueira & Massoni – Advocacia para Mulheres.
Os posts tiram dúvidas sobre pensão alimentícia, citam casos e decisões judiciais e até as mentiras contadas pelos homens apenas com o intuito de causarem medo em mulheres que pedem o divórcio.
Temas como assédio no trabalho, alienação parental, violência patrimonial, vazamento de fotos íntimas e ameaças pós-pedido de separação também serão discutidos.
Para o futuro, elas pensam em criar um novo projeto que visa o empoderamento feminino através de cursos de capacitação e geração de renda para as mulheres em situação de vulnerabilidade econômica.
