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Benny Briolly, primeira vereadora trans de Niterói, precisou sair do país após ser alvo de ameaças

Saiu no O GLOBO

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RIO — A vereadora Benny Briolly (PSOL), primeira parlamentar trans eleita em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, anunciou nesta quinta-feira, dia 13, que precisou sair do país para se proteger devido a “ameaças a sua integridade física”. Serão aproximadamente 15 dias que ela permanecerá afastada da Câmara Municipal de forma presencial. A vereadora segue acompanhando as sessões plenárias, que já ocorrem de forma virtual por causa da pandemia.

Daniel Vieira Nunes, presidente do partido na cidade, mostrou-se indignado com a situação.

— A política de ódio não vencerá e o Estado precisa garantir a integridade da vida e da atuação parlamentar de uma vereadora eleita — afirmou.

Em um comunicado postado em suas redes sociais, a equipe da parlamentar ressaltou que mesmo antes de ser empossada, em dezembro, ela já havia sido alvo de ataques preconceituosos. A assessoria de imprensa de Benny confirmou a informação de que ela já deixou o Brasil.

“Não é de hoje que parlamentares negras, travestis, mulheres, LGBTQIA + e defensoras dos direitos humanos sofrem com a violência política dentro e fora dos espaços legislativos e de tomadas de decisões”, destaca a nota. “Essa prática é fruto da estrutura patriarcal e racista que desumaniza nossos corpos e teme o avanço do nosso projeto político de transformação da sociedade”.

Já fazem cinco meses que a vereadora vem enfrentando diversas ameaças e ofensas, tanto no campo virtual como físico. Uma das mais graves envolveu um e-mail citando o endereço da vereadora enquanto exigia sua renúncia do cargo e a ameaçava de morte caso não o fizesse.

Relembre:Vereadora recém-eleita em Niterói, Benny Briolly registra queixa após receber ameaça de morte para renunciar ao mandato

“Além disso, Benny recebeu comentários em suas redes sociais desejando que ‘a metralhadora do Ronnie Lessa’ a atingisse”, acrescenta a postagem, referindo-se a uma postagem feita antes das eleições. “Paralelo a isso, uma série de incidentes de segurança tem nos deixado cada vez mais alerta. As instituições que atuam na proteção de defensoras de direitos humanos e têm acompanhado esses acontecimentos estão cada vez mais preocupadas com o aumento do risco. Nossa Mandata já comunicou, informou e oficiou várias instâncias do Estado brasileiro sobre a grave situação. Mas até o momento não foram tomadas medidas efetivas que protejam sua vida e seus direitos políticos”.

Benny Briolly, do PSOL, recebeu 4.367 votos no último domingo Foto: Rafael Lopes / Divulgação

O PSOL considerou como “medida drástica” a saída temporária de Benny do país.

“O que é absurdo e incompatível com o Estado democrático”, afirmou. “Benny segue acompanhando as sessões plenárias da Câmara Municipal de Niterói, que por conta da Pandemia estão sendo virtuais”.

“Toda a equipe da Mandata de Favela segue firme trabalhando com muitas ações legislativas e a frente da Comissão de Direitos Humanos, da Criança e do Adolescente que a vereadora preside. Porém é inegável que o afastamento cercea seus direitos políticos e prejudica
profundamente o exercício do cargo para qual Benny foi eleita: vereadora de Niterói. Não aceitaremos! Seguimos cobrando providências, para que tão logo ela possa retornar”.

Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, acredita que a perseguição à vereadora é uma expressão da situação de degradação da democracia brasileira.

— As violências que levaram a Benny sair do país para proteger sua vida são as mesmas que colocam o país na vergonhosa posição de ser o que que mais mata pessoas trans no mundo — declara Juliano.

Segundo dados do relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), em 2020 ocorreram 175 assassinatos de pessoas transexuais, sendo em sua maioria mulheres negras e pobres.

Em 2020, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL), que também se encontra em estado de grave ameaça, precisou mudar de estado para que sua vida estivesse assegurada. Em solidariedade à vereadora Benny Briolly, ela disse que “é inadmissível que uma vereadora não consiga exercer seu mandato devido à violência política e ameaças”.

— Benny é nossa companheira e seu mandato é essencial para a cidade de Niterói. Não podemos aceitar o que está acontecendo. Toda nossa força e solidariedade!

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