Saiu no site Huffpost.
Veja publicação original. Como a fotografia auxilia a autoestima de mulheres com câncer de mama
Poderia a arte colaborar com a autoestima de mulheres com câncer de mama? A resposta é sim. A fotografia é uma grande aliada para o reconhecimento de si mesmas, o fortalecimento do amor próprio e o destaque das belezas que saltam pra fora a partir da delicadeza dos retratos.
A cobrança estética no Brasil é cruel e chega para todas, com um peso dez vezes maior para aquelas que não se encaixam nos padrões surreais pautados pela publicidade. Mas como não cair nas armadilhas de um mercado cada vez mais focado em vender produtos e cirurgias plásticas? Fazendo uso daquele velho ditado: mente sã, corpo são.
A fotografia é um recurso capaz de impactar até mesmo na qualidade do tratamento, visto que a partir do momento em que as pacientes se empoderam, encaram a doença com mais força e leveza. É um equilíbrio em nome da própria sobrevivência.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), manter a intimidade e a sexualidade durante o tratamento é fundamental. Nesse caso, existe até um termo específico: a oncosexualidade. A mulher mastectomizada, que retirou as mamas, precisa se enxergar e ser enxergada pelo parceiro ou parceira. É um processo que pode exigir até mesmo a reinvenção, o renascimento de si mesma, com um novo corpo, com ou sem a reconstrução mamária - que, aliás, é um direito garantido pela lei 9.797 e consta no SUS – Sistema Único de Saúde. Porém, um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) afirma que apenas 20% das mulheres fazem a reconstrução mamária.
Foi assim que a modelo Leia Silva, de 32 anos, encarou o episódio. Devido a negligências médicas, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama apenas aos 28 anos, sendo que o nódulo foi identificado aos 25. “Pela minha idade, achavam que era cisto. Depois de insistir muito, um médico solicitou a biópsia e o tumor já estava avançado, no grau 3”, contou ao Hypeness.
Hoje, 36,4% dos diagnósticos de câncer de mama são em mulheres dos 20 aos 49 anos
Mas a notícia veio como alívio, porque a esse ponto da situação, tudo o que ela desejava era o tratamento. Apesar dos seis meses de quimioterapia, radioterapia, retirada das mamas e esvaziamento das axilas, Leia passou pela doença de forma leve. “Encarei como algo passageiro, pensando que meus seios não me definiam e que a cura ia chegar, seja se forma física ou espiritual”.
Com uma nova vida pela frente, a modelo não teve a autoestima abalada. Chegou a fazer um ensaio sensual, para ela mesma, e participou de uma sessão de fotos para alertar sobre o câncer de mama. “Sempre me senti muito empoderada e sempre acreditei que a fotografia resgata sorrisos, aqueles escondidos na alma. Às vezes, durante o tratamento, eu não me reconhecia. Mas sorria e encontrava a mulher que estava dentro daquele corpo debilitado”.