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Trabalho doméstico não remunerado prejudica igualdade de gênero

Saiu no site FINANÇAS FEMININAS

 

 

Veja publicação no site original:   Trabalho doméstico não remunerado prejudica igualdade de gênero

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Por Carol Nogueira

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A naturalização e romantização das tarefas domésticas desempenhadas, sobretudo, pelas mulheres escancara o abismo da desigualdade de gênero, pode impactar o mercado de trabalho e dificultar o caminho para a equidade.

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É o que mostra o relatório Tempo de Cuidar – o trabalho de cuidado mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade, divulgado pela Oxfam. O documento aponta que mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam gratuitamente 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado. A remuneração dessas atividades poderia injetar, pelo menos, US$ 10,8 trilhões à economia global.

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No Brasil, de acordo com o IBGE, as mulheres fora do mercado de trabalho dedicam 23,8 horas as tarefas domésticas, enquanto os homens nessa mesma situação, 12,0 horas.

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O fim da desigualdade de gênero passa por refletir o papel das mulheres na sociedade e romper com a lógica patriarcal que impõe sobre nós a responsabilidade de cozinhar, lavar, limpar e cuidar das crianças para manter o funcionamento da sociedade.

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Qual o custo do trabalho doméstico não remunerado para as mulheres?

Como principais responsáveis pelas tarefas domésticas e de cuidado, as mulheres ficam impedidas de buscar trabalhos remunerados e vulneráveis economicamente. Em todo o mundo, 42% das mulheres em idade ativa estão fora do mercado de trabalho, em relação a 6% dos homens, segundo a Oxfam.

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A ausência de uma renda fixa traz inúmeras consequências no presente e futuro. No Brasil, por exemplo, muitas mulheres permanecem em relacionamentos abusivos e sofrem violência doméstica por não ter dinheiro para sair de casa e garantir o próprio sustento. Além disso, a dependência financeira ainda apresenta impactos no longo prazo visto que, sem renda, essas mulheres não terão aposentadoria.

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Outro aspecto que acaba prejudicando as mulheres no mercado de trabalho é a maternidade. Pela Constituição, as mães têm 120 dias de licença e os pais apenas cinco, com possibilidade de prorrogação.

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“Quando existe a possibilidade de alguém assumir um cargo de chefia e entre os concorrentes estão homens e mulheres, mas elas estão em idade fértil, a empresa vê como um problema. Por isso, a licença maternidade tem que ser igual. É para equalizar a capacidade de competição de homens e mulheres quando eles têm filhos, porque assim todos estarão cientes que ambos vão sair do trabalho por um tempo após o nascimento do filho. O mercado de trabalho não terá mais preconceito”, diz diz Lucilene Morandi, coordenadora do Núcleo de Estudos de Gênero e Economia da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Vale salientar que, muitas vezes, as mães são demitidas sem muita explicação. O levantamento “Licença maternidade e suas consequências no mercado de trabalho do Brasil” realizado pela Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas, mostra que 48% das mulheres ficam desempregadas um ano após o parto.

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Para Morandi, o custo das responsabilidades com o trabalho de cuidado acaba sendo apenas das mulheres. “Elas ficam sem renda ou com o salário menor. Nós deveríamos socializar o custo, assim como fazemos com o ganho”, afirma.

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Como reduzir a desigualdade de gênero

Nenhuma mulher deveria escolher entre a carreira e a maternidade, afinal o cuidado com a casa e a criança não cabe somente à mulher, é uma responsabilidade coletiva. Diversos estudos comprovam que a igualdade de gênero traz benefícios sociais e econômicos.Na Suécia, onde o casal recebe 480 dias a partir do nascimento do filho.

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Alguns movimentos defendem a remuneração do trabalho doméstico e de cuidado realizado em casa. No entanto, Morandi questiona se essas mulheres realmente querem permanecer nessa posição. “Nem sempre a mulher quer permanecer ali, às vezes ela quer ser médica ou ter outra profissão. O pagamento não seria uma solução geral, uma vez que, não são todas as mulheres que desejam permanecer nessa função.Muitas pessoas estão ali, porque não conseguem sair”, pondera.

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Para a pesquisadora, o cuidado deve ser dividido socialmente com creches e escolas em tempo integral e de boa qualidade para todos, por exemplo. Mulheres com melhores condições financeiras conseguem pagar uma instituição para cuidar dos filhos, mas para mães de baixa renda a realidade é bem diferente.

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“Mães e pais precisam sair para trabalhar com garantia que os filhos estão sendo bem cuidados. Isso é política pública para criar um suporte que permita o ingresso das mulheres no mercado de trabalho”, destaca.

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Fotos: AdobeStock

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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