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Ela criou plataforma que ajuda a denunciar assédio no transporte público

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Veja publicação no site original:  Ela criou plataforma que ajuda a denunciar assédio no transporte público

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Simony César é fundadora da NINA, uma tecnologia que coleta evidências sobre assédio sexual sofrido por mulheres no transporte público

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Por Giovana Oréfice

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Simony César, 27, constantemente se incomodava ao perceber que as políticas de combate à violência contra a mulher focavam apenas no âmbito doméstico. Isso ficou ainda mais evidente quando ela vivenciou um caso de assédio sofrido por alguém próximo. Simony resolveu agir e dar vida e voz à NINA, uma plataforma tecnológica que permite denunciar experiências de assédio sexual vividas no transporte público e, a partir das estatísticas coletadas, influenciar novas políticas de planejamento urbano.

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Atualmente, a NINA faz parte do aplicativo Meu Ônibus, em Fortaleza (CE). Em seis meses de operação, a plataforma registrou cerca de 1.300 denúncias, das quais 10% viraram inquérito policial. Além disso, após a implementação no aplicativo da Prefeitura de Fortaleza, os downloads aumentaram em 25% nas plataformas iOS e Android.

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A empreendora explica que, apesar do contexto que a motivou a agir nesse momento, a vontade de fazer algo nesse sentido já era antiga. Pernambucana e filha de cobradora de ônibus, Simony via sua mãe sair de casa de madrugada para trabalhar e se preocupava com sua segurança. “Eu via minha mãe vulnerável”, comenta.

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Mais tarde, enquanto cursava Design na Universidade Federal da Paraíba, ela fez seu primeiro estágio em uma grande administradora de transporte do Recife. Simony trabalhava na garagem e assim como via sua mãe, sentia-se vulnerável como mulher e usuária do transporte público.

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Motivada por essas experiências, a empreendedora deu início à uma pesquisa científica que ao longo do caminho tornou-se o início do que hoje é a startup NINA. Devido às viagens para divulgar o projeto e captar recursos, a fundadora não conseguiu dar continuidade à faculdade: “Eu passava por nota e reprovava por falta”, relembra. Ao ter uma conversa – sem sucesso – com a coordenadoria do curso, Simony decidiu largar o Design e se dedicar à NINA.

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Em 2017, participou do Red Bull Amaphiko, iniciativa que incentiva a criação de projetos de impacto social. Juntamente com outros 14 projetos, a NINA conseguiu apoio para ser desenvolvida ao longo de 18 meses. No ano seguinte, a plataforma ficou entre as cinco finalistas do Desafio InoveMob, promovido pela Toyota Mobility Foundation e WRI Brasil. Isso lhe rendeu US$ 20 mil para desenvolver e implantar um piloto.

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Com o projeto, Simony foi indicada e premiada pela Academia Brasileira de Ciências ao BRICS Young Innovator Prize 2018 – prêmio que reconhece projetos de pesquisa de jovens cientistas que desenvolveram soluções inovadoras para promover melhorias nas condições de vida dos países emergentes. Também emplacou seu nome na lista da Forbes Under 30 na categoria Inovação e Tecnologia.

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Como a NINA funciona

Desde março do ano passado, a plataforma está disponível em integração com o aplicativo “Meu Ônibus” da Prefeitura de Fortaleza. O principal foco da tecnologia é a coleta de provas: as vítimas e testemunhas do assédio sexual fornecem informações como local, linha do ônibus e horário no qual a importunação foi cometida.

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A NINA reporta esses dados à empresa de transportes, que tem um prazo de 72 horas para disponibilizar as imagens das câmeras de segurança à Polícia Civil. Simony explica que, no Brasil, as companhias armazenam as imagens durante um período de 7 a 14 dias, e logo depois são apagadas. É importante ressaltar que a denúncia na plataforma não implica na abertura do inquérito policial. Isso fica a critério da vítima.

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Para sustentar o impacto social em políticas públicas, os dados gerados são encaminhados ao poder público para que medidas de melhoria no projeto de mobilidade urbana sejam tomadas. Com as informações fornecidas pela NINA, a prefeitura de Fortaleza faz o mapeamento de áreas de risco para promover ações de mitigação dos riscos, como aumentar a quantidade de iluminação e aparar o mato em determinados locais, explica Simony.

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Como parte da política pública, a NINA é conectada à Casa da Mulher Brasileira, um equipamento social da Polícia Civil do Estado do Ceará que é voltado para o atendimento e suporte à mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A unidade fica ativa 24h por dia todos os dias da semana e consiste em uma rede de apoio que engloba a Defensoria Pública, Delegacia da Mulher e assistência psicossocial.

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Além de coletar informações das vítimas de assédio sexual a startup também atua como consultoria para aqueles que desejam implantar o projeto em sua cidade. São fornecidos treinamento, pesquisa de diagnóstico das áreas, acompanhamento e atendimento necessários durante todo o processo.

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A inspiração para o projeto 

Simony explica que, após realizar uma pesquisa in loco com usuárias da tecnologia, notou que houve uma personificação da NINA. “Elas tratam a Nina como pessoa”, afirma. A situação faz jus ao batismo da plataforma. A empreendedora inspirou-se na cantora Nina Simone, que disse em um documentário que para ela “liberdade é não ter medo”. Assim, esse se tornou o principal mote da tecnologia.

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Qual o futuro da NINA?

De acordo com Simony, já está em trâmite um protocolo para a implantação da NINA em Cuiabá e Pernambuco. A empreendedora pretende levar o projeto para todo o país, mas por enquanto enfrenta obstáculos como o fato de 2020 ser um ano eleitoral, por exemplo. Além disso, Simony estuda levar a tecnologia para parcerias B2B com demais aplicativos de transporte, como é o caso do Cittamobi.

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Um dos focos de melhoria da plataforma é achar um meio de incentivar as usuárias a prosseguirem com as denúncias e levá-las às autoridades. Outro dado que está na mira da tecnologia é buscar se a NINA é capaz de reter a perda de usuários do transporte público.

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Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, as operadoras de ônibus tem uma perda de 7% do público pagante ao ano. Simony frisa que as mulheres representam 65% dos usuários e um dos principais motivos apontados por deixar de usar o sistema é falta de segurança.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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