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Violência doméstica cresce durante isolamento social decorrente do novo coronavírus
Saiu no site VOGUE

Veja publicaçāo original: Violência doméstica cresce durante isolamento social decorrente do novo coronavírus

Convivência familiar imposta no período de quarentena e isolamento social intensifica conflitos familiares, que podem levar a agressões de mulheres. Força-tarefa lançada hoje visa dar orientação às vítimas

A prolongada convivência familiar que foi imposta pela pandemia de coronavírus no início deste ano já tem mostrado seu efeito colateral sobre a vida das mulheres. Dados da Polícia Militar do Paraná indicam aumento da violência doméstica já no primeiro final de semana da quarentena no estado. No Rio e em São Paulo o cenário é o mesmo.

“A  violência contra a mulher é principalmente gerada por conflitos interpessoais. Como estamos passando por um período de pressão psicológica o problema tende a se intensificar”, diz a promotora de justiça Gabriela Manssur à Vogue.

Tanto a mulher quanto o homem veem sua liberdade de ir e vir tolhida durante a querentena ao mesmo tempo em que a situação econômica vai se corroendo. Aliado a isso, a preocupação com os filhos, que estão em casa após o fechamento das escolas, coloca uma pressão extra sobre os casais, especialmente sobre a mãe.

“Se o relacionamento já é abusivo e se há histórico de troca de ofensas entre o casal os conflitos podem ganhar novas proporções levando à violência doméstica”, analisa Gabriela. “Mas a quarentena não é justificativa para agressão contra a mulher”, alerta.

Outro fator que leva confrontos é o abuso do álcool. Fabiana* e seu companheiro tiveram discussões por esse motivo nos últimos oito anos de relacionamento. Quando ela tentou colocar um fim ao casamento por suspeitar de uma traição, ele não aceitou. O conflito permaneceu por quase um mês até o dia em que ele chegou em casa sob efeito do álcool. Na briga, Fabiana foi ferida com uma faca em três lugares do corpo.

“Levei dois pontos perto do punho, cinco no braço e mais um no ombro”, conta ela à Vogue. “Depois disso, fiz boletim de ocorrência e pedi uma medida protetiva”. O caso foi registrado no início de fevereiro.

O propósito é conectar mulheres voluntárias para oferecer acolhimento às vítimas, bem como dar orientação jurídica, psicológica, médica e socioassistencial neste período de isolamento social.

“Criamos uma equipe grande para atendermos a demanda neste momento. Já temos 500 voluntárias em São Paulo e pretendemos avançar para o Rio e o Paraná”, afirma Gabriela.

A coordenadora de direitos da mulher de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, Sueli Amoedo, também dá orientações para quem não quiser fazer a denúncia.

“Se ela não desejar lavrar boletim de ocorrência nós a encaminhamos para um acompanhamento psicológico, mas também damos orientações quanto a questões legais e jurídicas”, diz ela.

“Também implantamos recentemente o aluguel social para mulheres vítimas de violência doméstica. Se a situação for muito grave e a coloca em risco, a abrigamos por um tempo máximo de seis meses”, finaliza.

*O nome da vítima foi mudado para preservar sua identidade.

A orientação para mulheres que passam por situações de violência doméstica à exemplo de Fabiana segue a mesma durante a quarentena: procurar ajuda. No caso de uma medida protetiva, o homem deve deixar a casa, mesmo com o isolamento domiciliar.

Mas como proceder com os fóruns fechados? “Ela pode procurar a delegacia da mulher, a Casa da Mulher Brasileira e o Centro de Referência da Mulher. Também tem o disque 180 e o canal de denúncia online. A mulher ainda pode chamar a polícia caso não possa sair de casa (muitas não têm com quem deixar os filhos)”, diz a promotora.

Há ainda mais uma alternativa. Foi lançada nesta sexta-feira (27.03) uma força-tarefa chamada Justiceiras para evitar o aumento da violência doméstica no período de quarentena. O projeto, de iniciativa da sociedade civil, é uma parceria entre o Instituto Justiça de Saia, Instituto Nelson Wilians e o Instituto Bem Querer Mulher.

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