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Viagem de mulher à Lua incentivará a exploração espacial feminina: entenda

Saiu no site GALILEU

 

Veja publicação original:  Viagem de mulher à Lua incentivará a exploração espacial feminina: entenda

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NASA quer realizar missão Artemis até 2024, mas para isso precisará de apoio público e financiamento

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Por Wendy Whitman Cobb

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Em março de 2019, o vice-presidente dos Estados Unidos Mike Pence disse que o objetivo da NASA deveria ser levar humanos de volta à Lua até 2024. Embora os custos de tal empreitada ainda sejam desconhecidos, o administrador da NASA Jim Bridenstine apoiou o esforço e chegou a dar um nome à missão de ida à Lua em 2024: Artemis.

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A seleção do nome Artemis não foi um erro. Na mitologia grega, Artemis era a irmã de Apollo e a deusa da Lua. O nome também sinaliza um novo foco do papel das mulheres na exploração espacial.

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Da minha perspectiva de analista de políticas espaciais, essa é uma mensagem importante da NASA. Mulheres foram historicamente excluídas do programa espacial, especialmente no início. Embora mulheres tenham feito avanços tanto como astronautas quanto nas funções da NASA desde então, ainda existe desigualdade de gênero no apoio à exploração espacial.

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Para a Artemis ser bem sucedida e conseguir levar a primeira mulher à Lua até 2024, muito apoio político e público será necessário. Mas uma pesquisa recente da AP-NORC revelou que não há muito entusiasmo em voltar à Lua. Somente 42% dos 1137 respondentes apoiaram a ideia, 20% foram contra, e 38% não se importavam. Os esforços da NASA para alcançar mulheres devia ajudar o órgão a angariar apoio, que de forma alguma é garantido.

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Mulheres no espaço e em STEM

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Existe uma grande e conhecida disparidade no número de mulheres e homens que seguem carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, com as mulheres ficando bem para trás. Pesquisas sobre o fenômeno eliminaram diferenças em capacidade mental. Em vez disso, elas atribuem a disparidade no poder de estereótipos em crianças pequenas.

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Não é preciso olhar muito além dos primeiros programas espaciais para evidência disso. Os astronautas dos anos 1950 e 1960 eram todos homens, resultado natural do requerimento de que astronautas tivessem experiência militar e como pilotos de teste. Dado que mulheres não podiam atuar nessas áreas, elas eram excluídas.

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Algumas pessoas, como a piloto pioneira Jerrie Cobb e o engenheiro de voo da NASA William Lovelace, acreditavam que mulheres eram tão capazes quanto e talvez até mais adaptadas para serem astronautas do que os homens. Durante uma audiência no Congresso sobre discriminação de gênero na NASA, John Glenn, o primeiro americano a orbitar a Terra, testemunhou que mulheres não pertenciam ao programa espacial, afirmando: “Os homens saem, lutam as guerras, pilotam aviões, e então voltam e ajudam a desenhá-los, construí-los e testá-los. O fato de as mulheres não estarem nesta área é um fato da nossa ordem social.”

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Embora 13 mulheres eventualmente tenham passado os testes médicos feitos por Lovelace, os mesmos feitos com astronautas da NASA, elas foram completamente excluídas. Foi só em 1983 que a primeira mulher norte americana, Sally Ride, recebeu suas asas de astronauta.

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Esforços consideráveis foram feitos para aumentar tanto o engajamento de mulheres e meninas em STEM quanto os caminhos para o envolvimento delas. NASA, por sua vez, reconheceu retroativamente as mulheres que apoiaram os primeiros programas espaciais. O filme de 2016 Estrelas Além do Tempo (baseado em um livro) destacou o papel de especialistas em computação negras no apoio das missões Mercury. Em 2015, uma das mulheres destacadas, Katherine Johnson, recebeu do presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade. E, em 2019, a NASA batizou um setor de testes em homenagem a ela.

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Mais recentemente, a NASA renomeou a rua na frente da sede em Washington, DC, “Hidden Figures Way”. Um Lego das mulheres da NASAfoi lançado em 2017 com Margaret Hamilton, Nancy G. Roman, Mae Jemison e Sally Ride. O administrador da NASA Bridenstine repetidamente enfatizou que a missão Artemis vai ter a primeira mulher na Lua.

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Disparidade crescente
Apesar desses esforços, continua a existir uma desigualdade de gênero no apoio à exploração espacial. Desde 1973, a Pesquisa Gera Social, uma pesquisa bianual e representativa da opinião pública nos EUA, pergunta aos participantes se eles consideram que os gastos com programas de exploração espacial são excessivos, no ponto ou muito pouco. Olhar para os percentuais de pessoas que respondem “muito pouco” nos ajuda a concluir que se eles gostariam de ver mais financiamento, também apoiam um programa espacial mais expansivo. Os dados mostram que existe uma diferença de mais de 10 pontos entre os percentuais de homens e mulheres que apoiam mais financiamento. A diferença flutuou ao longo do tempo: em 1974, havia somente 6,8 pontos percentuais, enquanto em 1988 a diferença chegou a 19,7 pontos percentuais. Em 2016, ficou em 9,7.

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Esses dados mostram que o apoio de mulheres para uma ampliação de programas de exploração espacial não vai ser fácil de conseguir e que a retórica de inclusão feminina talvez não resolva o problema. Apesar de anos de esforço para estimular o interesse no espaço e STEM pela NASA e outros, a diferença entre os gêneros no apoio para a exploração espacial está crescendo.

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Embora minha pesquisa atual esteja analisando esse fenômeno, outras pesquisas mostram que a influência de estereótipos começa quando as crianças são bastante jovens. O resultado pode ser que as meninas de hoje sejam influenciadas pela Artemis, mas não vão contribuir para o apoio político e público necessário para financiar a missão para começo de conversa.

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Resolver problemas sociais como as percepções das mulheres na ciência é um jogo longo que não vai ser facilmente resolvido tornando algo rosa. É admirável que a NASA faça esses esforços, mas mais trabalho e tempo será necessário para acabar com as desigualdades de gênero no espaço.

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Wendy Whitman Cobb é professora de Estudos de Estratégia e Segurança na Escola de Estudos Avançados em Espaço e Aviação na Escola das Forças Aéreas dos EUA. Texto originalmente publicado em inglês no site The Conversation.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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