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“Uma senhora me abordou só para falar que meu cabelo era feio”, lembra Dandara Albuquerque sobre racismo

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:   “Uma senhora me abordou só para falar que meu cabelo era feio”, lembra Dandara Albuquerque sobre racismo

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A atriz ressalta que toda mulher negra é a mais afetada pelo racismo estrutural e está sujeita a sofrer as consequências dessa realidade

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Por Felipe Carvalho

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Dandara Albuquerque vivenciou uma experiência ímpar ao interpretar sua primeira personagem na televisão: Sheila, de Espelho da Vida, que chega ao fim nesta segunda-feira (1º), no horário da 6. Na trama, ela exibiu com orgulho seus cabelos cacheados, mas lembra que já sofreu racismo de uma desconhecida que criticou seu maior símbolo do empoderamento da mulher negra.

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“No Brasil, existe um racismo velado e teve uma situação em que uma senhora me abordou num restaurante, onde eu estava comemorando meu aniversário, só para dizer que não gostava do meu cabelo e que ele era feio. Esse episódio me marcou e me instigou ainda mais a afirmar a minha negritude e me empoderar quanto mulher negra”, afirma.

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Ela ressalta que vivemos em uma sociedade racista onde todos os negros estão sujeitos a sofrer as consequências dessa realidade. Dandara também diz que nunca sofreu preconceito no trabalho graças a todas as atrizes da mesma cor de pele que a antecederam e que conquistaram este espaço que ocupa hoje.

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“Nós, mulheres negras, somos as mais afetadas pelo racismo estrutural, visto que vivemos numa sociedade preconceituosa e machista. Isso reflete nas nossas vidas de diversas formas, por exemplo, nas desigualdades que sofremos no mercado de trabalho e na construção da nossa autoestima e identidade. Na minha adolescência, quase sempre era a única negra do meu círculo social, não me reconhecia quando ligava a TV e desconhecia a existência de produtos para valorizar o cabelo afro. Durante anos, alisei meu cabelo na tentativa de me enquadrar num padrão de beleza. A minha transição capilar aconteceu quando me reconectei com a arte. Por isso, representatividade é importante. Ela gera identificação e ajuda na desconstrução de padrões. Hoje, tenho consciência de que fui submetida a um processo de embranquecimento racial”, comenta.

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Outro ponto que a atriz faz questão de discutir é sobre o empoderamento feminino que tem ajudado tantas mulheres a tomar coragem de denunciar o machismo em uma de suas faces mais agressoras. Ela acha incrível poder viver neste momento de luta e sororidade.

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O machismo é uma das formas mais cruéis de opressão e está tão enraizado no comportamento social que, durante anos, foi legitimado e naturalizado. Não podemos mais conceber esse tipo de mentalidade se quisermos avançar na construção de uma sociedade mais justa. Percebo um grande avanço nessa luta, mas ainda está longe de acabar.”

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Despedida de Espelho da Vida

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Na trama de Elizabeth Jhin, ela interpretou a melhor amiga de Isabel, a grande vilã interpretada por Alinne Moraes, e que se regenerou de sua lealdade à megera quando denunciou à polícia tudo o que a ex-parceira já havia feito.

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“A Sheila foi um grande presente e uma oportunidade incrível de aprendizado. Foi um prazer enorme trabalhar com um elenco tão talentoso, com uma equipe tão querida e já estou com o coração apertado com esse clima de despedida. Serei eternamente grata ao Pedro Vasconcelos e a autora pela confiança em mim e no meu trabalho”, se emociona.

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Dandara acredita que toda pessoa que já teve um mau comportamento tem chances de se regenerar, tal como aconteceu com sua personagem, contudo ela não acredita que existam vilões e mocinhos na vida real.

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O ser humano é muito mais complexo do que estes estereótipos. Todos nós temos defeitos e qualidades, luz e sombra. Buscar o autoconhecimento é fundamental para identificar essas tendências. Procuro sempre reconhecer as minhas atitudes ruins, pedir desculpas e tento não repeti-las.”

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Na trama, ela trabalhou lado a lado com a atriz mirim Maria Luiza Galhano, de 10 anos, que surpreendeu a crítica ao interpretar a pequena Flor, filha de Sheila.

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“Foi uma experiência maravilhosa. Além de ser uma menina encantadora, a Maria Luiza é uma atriz muito talentosa. Construímos uma boa relação em cena e nos bastidores. Tive contato com os pais dela durante as gravações. São pessoas bacanas e sempre me trataram muito bem. Amei ser mãe da Malu na trama e, se um dia tiver uma filha, ficaria muito feliz se fosse como ela”, elogia.

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Dandara Albuquerque (Foto: Luiz Brown)
Dandara Albuquerque (Foto: Luiz Brown)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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