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Ultramaratonista Fernanda Maciel fala de recorde mundial e machismo no esporte

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:  Ultramaratonista Fernanda Maciel fala de recorde mundial e machismo no esporte

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Um dos maiores desafios da esportista foi subir e descer correndo o Aconcágua, que tem 6.962 metros de altura. Fui a primeira mulher no mundo: “Eles duvidam do nosso potencial, essa é uma realidade que todo mulher vive na vida e no esporte”

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Fernanda Maciel, 39 anos, é uma das mais conceituadas ultramaratonistas do mundo atualmente e em comemoração ao Dia do Esportista, celebrado em 19 de feveiro, a mineira fala à Marie Claire sobre ser amante da natureza e do esporte desde criança e como é ser mulher no esporte.

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“Eu comecei no esporte na Nova Zelândia, em 2016, morei lá por um ano e foi quando eu fiz minha primeira maratona em montanha. Já corria no asfalto, mas nunca tinha feito corrida na montanha e foi incrível. Me senti super apaixonada por sentir meu corpo no meio de visuais incríveis”, conta.

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Foi aos 23 que Fernanda começou a participar expedições internacionais de 600 quilômetros “non stop” de Corridas de Aventura. Ao longo dos anos, ela progrediu fazendo parte de Corridas de Aventura (kaiak, MTB, trail running), multi-esportes (snowboard, MTB, downhill, speed, trail running), triathlon e maratonas em montanhas para se tornar um grande atleta de endurance.

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Hoje, Fernanda acumula conquistas. Dentre os maiores desafios que já viveu, ela lembra dois: “as corridas são sempre muito competitivas, dou o meu máximo para ter um bom resultado e me conhecer mais, então meu primeiro maior desafio foi correr o Caminho de Santiago de Compostela, famoso percurso de pelegrinos que cruza toda a Espanha, são 900 km e eu corri durante 10 dias, uma média de 90km por dia, só parava para dormir e levava tudo na minha mochila. O segundo grande desafio foi subir e descer correndo a montanha mais alta da América, que é o Aconcágua, que tem 6.962 metros de altura. Fui a primeira mulher no mundo a realizar esses dois desafios”, orgulha-se a atleta.

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Fernanda Maciel (Foto: Lorenz Richard/Red Bull Content Pool)

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No Aconcágua, Fernanda bateu o recorde mundial fazendo a corrida em menos de 24 horas. “Ser a primeira mulher a ter este feito é, para mim, tornar o impossível possível. Sei que muitos mulheres campeãs de montanhas já tentaram e não conseguiam, vários corredores homens também tentaram e quando eu consegui me trouxe um sentimento de Deus dentro de mim, como se ‘uau, como eu consegui realizar isso’, por conta de tanta força de vontade, amor, disciplina e treino, se você sonhar grande e trabalhar para isso você consegue realizar esses feitos inacreditáveis”, diz.

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E se Fernanda tem medo? A esportista conta que até tinha, mas que hoje lida de forma diferente: “Antiguamente eu tentava evitar o medo, ia contra, hoje em dia eu visualizo o medo, aceito e tento entender esse medo, converso com ele dentro de mim, em meus pensamentos e daí tento ficar confortável, mesmo sabendo que ele existe. O medo faz parte de tudo em nossa vida, não só ao fazer coisas extremas. É preciso entender porque você está sentindo isso ou se é só uma ilusão. Depois disso é fácil trabalhar e ficar em paz consigo mesma.”

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“Sinto medo nas montanhas, treinando sozinha quando tem muito vento ou medo, e também quando está muito calor e eu não tenho água, se estou em um lugar totalmente exposta, se estou longe da civilização, sinto medo várias vezes, mas faz parte e sempre tem um jeito de focar e depois estar em um flow, um sentimento bom que não seja o medo”, explica Fernanda.

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Outro desafio de Fernanda no esporte é enfrentar o machismo. “Por ser mulher muitas vezes as pessoas não respeitam nosso potencial quanto ao dos homens, percebo isso quando estou em um parque de alta montanha e tenho que subir e ninguém acredita que vou conseguir. Sinto falta de respeito por ser mulher, o ‘sexo frágil’, e até mesmo nas provas, às vezes, em uma corrida, estou ultrapassando os homens e vejo que eles olham com um ar de ‘como isso está acontecendo?’. Eles duvidam do nosso potencial, essa é uma realidade que todo mulher vive na vida e no esporte. O mundo está mudando, estamos mostrando que as mulheres, além de chegar lá, merecem esse respeito e devem ser valorizadas. Antigamente quando você nascia só tinha aquela imagem de Barbie, hoje em dia as crianças já brincam com bonecas super poderosas, então você vê que a imagem da mulher está cada vez mais focada em uma menina forte, que sonha e é livre”, diz.

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Fernanda também tem sua inspiração no esporte: “Hilaree Nelson, ela é alpinista e acabou de descer uma montanha de de 8 mil metros ao lado do Everest esquiando e ela sempre faz projetos audasiosos e confiantes nela mesma, ela é inovadora e ultrapassa seus limites.”

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A atleta aconselha que qualquer mulher corra. “Faça por amor, é um esporte saudável, que faz bem para cabeça, corpo e emoções. Não há nenhum problema em não ser tão forte ou tão rápida quanto um homem, o que nos interessa é nós mesmas estarmos evoluindo a cada dia, não se compare com o sexo oposto e sim faça de você mesma, melhor”, diz Fernanda.

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Fernanda Maciel (Foto: Marcelo Maragni/Red Bull Content Pool)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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