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Soprano reclama de “blackface” e deixa ópera na Arena de Verona

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Soprano reclama de “blackface” e deixa ópera na Arena de Verona

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Uma soprano americana de renome internacional criticou os responsáveis pela Arena de Verona, que recebe um dos calendários de ópera mais concorridos da Itália, pelo uso da “blackface”, prática de pintar o rosto para emular a pele negra, em uma montagem de “Aida”, obra-prima de Giuseppe Verdi.

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Tamara Wilson, que já interpretou diversas heroínas das óperas do compositor italiano, foi escalada para representar a escrava etíope na temporada lírica deste verão na Arena de Verona, o anfiteatro romano mais bem preservado da Itália.

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No entanto, após ter feito sua primeira apresentação, em 21 de julho, a soprano reclamou no Instagram por ter sido obrigada a usar uma maquiagem que simulava a pele negra.

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‘Olá a todos, gostaria de contar a vocês sobre a situação em Verona. Estou aqui para interpretar Aida e fiz uma performance na noite de domingo [21]. Minha estreia foi a primeira vez com maquiagem inteira e fantasias. […] Fui ingênua em achar que eles não me colocariam maquiagem, mas eles me colocaram a maquiagem”, escreveu a artista, que é branca.

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A “blackface” é uma prática popularizada nos teatros americanos no século 19 e consistia em pintar o rosto com carvão para representar negros – que não podiam participar de espetáculos artísticos – de forma estereotipada. Hoje em dia, a “blackface” é vista como racismo em boa parte do mundo, inclusive nos Estados Unidos, país de origem de Wilson.

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“A raça, como apresentada na ópera, sempre é um tema delicado. Conversei com amigos que não veem racismo em uma Aida pintada e acham que apresentá-la branca seria anular uma forte personagem feminina negra. Eu entendo. Conheço, no entanto, colegas que não querem que a cor de sua pele seja uma fantasia. Se você reforça isso, não ajuda nosso trabalho a abraçar a diversidade. Nenhuma opinião é certa, porque é pessoal, mas eu gostaria de ver mais pessoas negras trabalhando em óperas”, afirmou.

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A soprano ainda disse que tem três contratos para interpretar “Aida” nos próximos três anos, “e nenhuma dessas produções usará o rosto negro”. “Não farei mais a Aida depois disso”, acrescentou.

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Após as críticas, a soprano conseguiu uma pequena concessão, mas a Fundação Arena de Verona, responsável pela ópera, manteve a caracterização da personagem com a pele negra.

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“Eu venci a batalha, mas perdi a guerra. A maquiagem ficou um pouco mais escura que minha própria pele, mas não foi a tinta preta pura com a qual eu havia começado. Vou continuar lutando”, escreveu Wilson no Instagram.

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No entanto, no início da noite deste domingo (28), pouco antes de subir ao palco com o tenor Plácido Domingo para mais uma apresentação de “Aida”, a soprano disse que não participaria da ópera. “Lamento que não vou poder interpretar Aida com o maestro Domingo nesta noite. Fiquei doente na última noite. Desejo ao maestro, a meus colegas e à incrível orquestra o melhor para essa noite especial. Espero voltar a essa grande arena em breve”, afirmou.

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Já Plácido Domingo culpou a “sensibilidade que vem dos Estados Unidos” pela polêmica. “Se você tem um personagem japonês, como Cio-Cio-San [‘Madame Butterfly’], é preciso ter fantasias japonesas e olhos orientais. É normal, não? Vi um Otelo completamente branco… É preciso fazer o espetáculo do jeito que ele é”, declarou o tenor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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