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Quarteto Fantástico’ da vida real, policiais formam equipe de inteligência e viram guardiãs de mulheres vítimas de violência no RJ

Saiu no site G1.

Veja publicação original. Quarteto Fantástico’ da vida real, policiais formam equipe de inteligência e viram guardiãs de mulheres vítimas de violência no RJ

Em 4 meses, grupo já instaurou 44 inquéritos contra agressores que vivem sob o mesmo teto de suas vítimas, em Arraial do Cabo. “Cada uma de nós tem uma função específica e, juntas, nos complementamos”, afirma a líder do projeto, delegada Patrícia de Paiva Aguiar.

Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, ganhou um verdadeiro quarteto fantástico no combate a casos de violência doméstica. O grupo, chamado de ‘As Guardiãs’, é formado por quatro policiais civis, mulheres com expertises distintas e que juntas se completam para formar um projeto que tem gerado muitos resultados.

Implementada em abril deste ano, a frente de trabalho já instaurou 44 inquéritos contra agressores que vivem sob o mesmo teto de suas vítimas.

Em junho, cerca de 30 desses agressores foram indiciados e passaram a responder criminalmente pelos seus atos.

De acordo com a delegada Patrícia de Paiva Aguiar, que está à frente da 132ª DP desde abril, a ideia de criar “As Guardiãs” surgiu após um levantamento realizado para identificar os casos mais recorrentes registrados na delegacia.

A quantidade de ocorrências referentes a agressões contra mulheres, e a reincidência de algumas delas, apontada no levantamento chamou a atenção e se tornou o ponto de partida para o projeto.

“Fizemos algumas mudanças na nossa rotina e na forma de agir, para dar celeridade aos trabalhos que envolvem agressões contra as mulheres. Cada uma de nós tem uma função específica e, juntas, nos complementamos. O objetivo é concluir as investigações, indiciar os agressores e, se for necessário, pedir a prisão o mais rapidamente possível”, frisa a delegada.

Os dados revelam que, em média, a cada três dias, uma mulher registra uma ocorrência que se enquadra na lei Maria da Penha na delegacia de Arraial do Cabo.

Ao longo de todo o ano passado, foram mais de cem casos registrados. Nos primeiros seis meses de 2020, já foram mais de 50, 22 deles em março, o primeiro mês de quarentena no Brasil, devido à pandemia da Covid-19.

No mês passado, em julho, foram 14 casos registrados.

Um deles foi o de uma mulher de 58 anos, vítima de violência doméstica causada pelo próprio filho, de 20 anos. De acordo com a polícia, além de agredir a mãe, o rapaz também fazia ameaças contra ela.

A mulher, ainda segundo a 132ª DP, procurou a delegacia e, assim que chegou, disse que gostaria de conhecer e ser atendida por uma das Guardiãs, pois já tinha ouvido sobre o projeto.

“Fico muito feliz em saber que existem pessoas que cuidam das que são vulneráveis. Sou viúva e não tenho com quem contar. Fico feliz em saber que posso contar com o apoio da delegacia e que existem policiais cuidando disso”, afirmou a vítima.

Apesar do projeto já gerar resultados, os números de casos de violência doméstica podem ser ainda maiores. Isso porque, muitas mulheres acabam não procurando a polícia.

Para driblar essa realidade e incentivar as vítimas a denunciarem, o projeto é marcado por um detalhe que pode fazer grande diferença nessa decisão de buscar a polícia: apenas mulheres fazem parte da equipe que registra e investiga os casos de violência doméstica.

O objetivo é fazer com que as vítimas se sintam mais à vontade na hora de fazer a denúncia.

De acordo com a delegada, outro motivo é que, por serem mulheres, as policiais tendem a ter um olhar mais sensível e atento aos fatos.

“Queremos incentivar as vítimas a nos procurarem e denunciarem seus agressores. Vocês não precisam mais ficar no silêncio. Estamos aqui para atendê-las e ajudá-las a sair desse ciclo de violência. As policiais dessa delegacia estão dedicadas ao combate a este tipo de crime”, afirma Patrícia de Paiva Aguiar.

Patrícia de Paiva Aguiar é delegada da Polícia Civil há quase 20 anos, já esteve à frente de diferentes delegacias especializadas e distritais. Divide seu tempo entre o combate ao crime e os dois filhos. Ela é a comandante da força-tarefa “As Guardiãs”, dando o rumo que os trabalhos vão seguir.

É a responsável também por apreciar os casos, determinar os tipos de crime envolvidos, indiciar os culpados e apresentar todas as provas colhidas durante a investigação para o Ministério Público, pedindo a prisão dos envolvidos.

Com 18 anos de Polícia Civil, Agnes Romano é considerada uma águia. Nada passa despercebido por seus olhos experientes. No grupo, ela é responsável por vasculhar a vida dos agressores, levantando todos os detalhes relevantes e traçando um perfil dos acusados. As informações minuciosas que colhe são essenciais para o andamento eficiente das investigações.

Ao longo dos nove anos em que está na Polícia Civil, Renata Guaraciaba passou por duas delegacias especializadas de Atendimento à Mulher, em Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Com experiência na área e a sensibilidade apurada com a maternidade, a policial tem o importante papel de ouvir atentamente e cuidadosamente as vítimas, para colher o maior número possível de detalhes que conduzirão o caso com sucesso.

Com quase sete anos de corporação, Juliana Ribeiro divide seu tempo entre a polícia e a filha pequena. Ela é o principal elo entre a delegacia e o Ministério Público e a Justiça. Acompanha de perto todos os casos e tem a missão de otimizar os processos, para dar celeridade às investigações.

Patrícia, Agnes, Renata e Juliana formam o “Quarteto Fantástico” da vida real, ajudando dezenas de mulheres de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio, a se libertarem do ciclo de violência doméstica.

Para acelerar as investigações e chegar à conclusão do inquérito, indiciamento dos acusados e pedido de prisão o mais rápido possível, o projeto ainda conta com o suporte de mais duas mulheres: a juíza Juliana Gonçalves Figueira Pontes, titular da Vara Única da Comarca de Arraial do Cabo, e a promotora Kefrine Keil Ramos Flarys, da Promotoria de Justiça de Arraial do Cabo.

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