Saiu no site Nó de oito:
por Lara Vascouto
Objetificação feminina é tão, mas tão comum, que às vezes a gente nem se dá conta que está vendo. Aprenda a reconhecer esse pilar do machismo.
Em 1975, a crítica de cinema Laura Mulvey trouxe à tona um conceito deveras interessante, chamado por ela de male gaze. Resumidamente, o male gaze nada mais é do que a prática costumeira na mídia e nas artes de retratar uma história, as mulheres e o mundo em geral sob um ponto de vista masculino, entendendo o público como um homem heterossexual. Bem, como seria de se esperar, essa prática estapafúrdia é responsável pela quantidade descomunal de mulheres com pouca roupa e olhar lânguido nos mais variados veículos mídia afora (e provavelmente pela noção muito louca de que filmes do Adam Sandler merecem ser feitos).
Alguns dos pares românticos do dito cujo. O link é indiscutível.
O male gaze significa, portanto, que as narrativas cinematográficas (e midiáticas, como um todo) são construídas sobre uma sólida base patriarcal, e tem como objetivo final o prazer do público masculino. Nesse cenário, mulheres frequentemente são desumanizadas para assumir o papel de objetos eróticos a serviço do olhar masculino.
– Mas isso era lá atrás, né? Hoje em dia todo mundo é objetificado! – alguém que vive em uma caverna está perguntando.
Pois bem, segura o gif do Magic Mike que eu ainda não terminei (e aproveita pra ir abrindo esse outro texto aqui, pra ler depois). Vamos adiantar algumas décadas e chegar ao século XXI, onde a doutora em Ciência Política Caroline Heldman comanda estudos interessantíssimos sobre objetificação sexual na mídia. Como qualquer pessoa que enxerga pode confirmar, Heldman traz números alarmantes: por mais que pipoquem alguns homens pelados aqui e ali de vez em quando, 96% das imagens que trazem objetificação sexual são de mulheres.
Essa discrepância entre quantidade de objetificação feminina e masculina pode ser explicada facilmente pela junção da crença de que “sexo vende” com a força ainda dominante do male gaze na produção artística e midiática.
Mas Caroline Heldman vai além. De acordo com ela, mais do que sexo, o que está sendo vendido em 96% das imagens de objetificação sexual é uma dicotomia machista: a mulher como Objeto (algo passivo, que recebe ações); e o homem como Sujeito (aquele que age sobre o objeto). Não por acaso, essa dicotomia acaba perpetuando a desumanização das mulheres, ponto-chave do machismo e da misoginia. Vale lembrar, como foi dito lá em cima, que o male gaze tem base em crenças e ideologias patriarcais, e portanto reproduz esses ideias.
Por esse motivo é tão importante saber reconhecer quando uma mulher está sendo objetificada na mídia. Porque acontece tanto, mas tanto, que muitas vezes a gente nem se dá conta, de tão naturalizado que está. E é aí que entra a razão de ser desse texto! Pra ficar fácil de entender e guardar, resolvi exemplificar as sete variedades de objetificação sexual elencadas por Heldman com pôsteres de filmes. Afinal, não é só comercial de cerveja que objetifica mulher, né? Sem mais demoras, então! De acordo com Caroline Heldman estamos vendo uma imagem de objetificação sexual quando:
A imagem mostra apenas partes sexualizadas do corpo
De longe, a variedade mais usada de objetificação feminina. O que tem de mulher sem cabeça e parte de corpo desmembrado-mas-sexy por aí não é brincadeira.
A imagem apresenta uma pessoa ou uma parte da pessoa sexualizada literalmente como um objeto
Será que um dia vão fazer um poster de uma mulheres escalando um pinto? Fica aí uma ideia!
A imagem mostra pessoas sexualizadas como intercambiáveis, ou seja, como um item que se pode trocar por outro
Pronto pra usar e trocar, como um bom objeto.
Para continuar a leitura acesse a publicação original aqui –> Objetificação Feminina – Aprenda a Reconhecê-la Através de 43 Pôsteres de Filmes
