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O que ninguém te conta sobre autoestima

Saiu no site REVISTA COSMOPOLITAN:

 

Veja publicação original: O que ninguém te conta sobre autoestima

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Por Mariana Toledo

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Ela tem a ver com autoconfiança, amor-próprio e pode interferir até na ansiedade e na maneira como superamos decepções e enfrentamos fracassos

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Ter a autoestima alta é estar em frente ao espelho e se sentir bonita, confiante e totalmente segura, certo? Na verdade, não é bem por aí. O conceito começou a ser usado por volta de 1870 por William James, médico, filósofo e um dos fundadores da psicologia moderna. Hoje, a área trabalha com três definições do termo: a primeira diz que ela é a capacidade de ter sucesso em setores significativos da vida e acreditar em nossas aspirações. Já a segunda diz que se trata de uma atitude que levanta nosso senso de dignidade. Por fim, a terceira é uma combinação das anteriores e explica a autoestima como uma confiança na capacidade de lidar com os desafios da vida, apostando no nosso direito de ser feliz e acreditando nos nossos desejos.

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Então, vai muito além de amor-próprio e de ser uma varinha mágica para que tudo dê certo se você estiver bem por dentro. “É uma autoavaliação, como nos enxergamos e quais sentimentos temos para com a gente mesma – como o amor”, diz a psicóloga clínica Amanda Avelar, de Belo Horizonte. Portanto, o amor-próprio é só um dos componentes dela, que ainda envolve uma variedade de crenças sobre si mesmo, como as opiniões que emitimos sobre a aparência, emoções e comportamentos em diferentes ambientes. No fim das contas, aquela coisa clichê de se achar linda representa bem pouco dentro da história toda.

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Sem hora nem lugar

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É normal estar com a autoestima alta em alguns campos da vida e em outros não. Podemos ser confiantes no trabalho e totalmente inseguras nos relacionamentos, e vice-versa. “Difícil é existir alguém que esteja 100% bem em todos os campos da vida, o tempo todo. É normal ter esse desequilíbrio. O alerta acende quando identificamos o campo da vida em que nos sentimos mais fortes e nos dedicamos somente a ele, deixando a área que é razão da nossa insegurança de lado”, diz a psicóloga clínica especializada em neuropsicologia Fabiana de Laurentis Russo, de São Paulo.

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E você já parou para pensar como anda a sua? Talvez esteja melhor do que pensa. É possível identificar que há um problema se você se isola. “Quando deixamos de sair com gente nova por medo de não agradar no papo, se damos um tempo das festas porque o processo de se arrumar é sempre doloroso e achamos que nenhuma roupa cai bem ou se entramos mudas e saímos caladas de uma reunião por receio de expor nossas opiniões”, diz Fabiana.

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Foi mais ou menos o que aconteceu com a analista de marketing paulistana Marina Rufino, 25 anos, que mudou de emprego no ano passado. “Acordar todos os dias e ir para o escritório se tornou sinônimo de tensão e eu optava pelo home office quase diariamente. Apresentar projetos na frente dos gestores elevava minha ansiedade a mil e eu virava madrugadas trabalhando para tentar amenizar as inseguranças”, conta. Hoje, mais adaptada ao cargo, ela entende que fases de mudança podem impactar na autoestima e que tudo bem se isso acontecer. Nessas situações, nossa busca deve ser pelo equilíbrio. “Ele chega quando somos capazes de identificar nossas qualidades, e não apenas defeitos, em todas as áreas de atuação. Isso facilita o engajamento em tarefas em que nossas características positivas possam ser realçadas”, diz Amanda.

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Oi, como vai você?

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Não é porque hoje a sua autoestima não está lá essas coisas que vai ser assim sempre. A atriz amadora Juliana Frediani, 32 anos, de São Paulo, viu esse quadro mudar. “Já sofri muito, especialmente em relação à aparência. E deixei de ir a entrevistas de emprego por achar que nenhuma roupa ficava boa em mim”, diz. Foi sua profissão que ajudou nessa virada: “Acredito que temos lados bons e lados ruins, e no teatro temos de acessar esses sentimentos e encará-los, o que torna essa `convivência¿ mais natural”. No dia a dia do palco, Juliana também se viu obrigada a abrir mão da vaidade, por causa dos personagens. Foi aí que ela entendeu que cada um tem seu jeito e sua aparência. “Foi um processo longo, que demorou desde a minha pré-adolescência até quase os 30 anos.”

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A construção de uma autoestima elevada não acontece de um dia para o outro nem tem um “manual de instruções” a ser seguido – muitas vezes, o que funcionou para bombar a das suas amigas não rola para você, ou vice-versa. Além disso, trabalhar nisso não é um esforço apenas individual. “Ela é determinada por influências internas e externas. Podemos acordar um dia nos sentindo ótimos em relação a nós mesmos sem nenhuma razão aparente e, no dia seguinte, levantar da cama nos sentindo as piores pessoas do mundo”, explicou para a COSMO o terapeuta americano Guy Winch, membro da Associação Americana de Psicologia – sua primeira palestra no TED Talks, “Por que todos nós precisamos praticar primeiros socorros emocionais?”, foi vista mais de 5 milhões de vezes.

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Academia do amor-próprio

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Entre os exercícios para trabalhar a autoestima desenvolvidos por Guy Winch, o principal toca na questão da autoafirmação. Ele ensina: avalie em qual campo da sua vida você se sente mais pra baixo – no trabalho, no relacionamento, em casa, com a família – e faça uma lista de cinco a dez qualidades suas, colocadas em evidência nessa área, que você sabe que são pontos fortes. Por exemplo, se o problema é no grupo de amigas, pense: você é uma boa ouvinte? Sabe dar bons conselhos? É uma companhia para todas as horas? Você, mais do que ninguém, saberá reconhecer. Em seguida, escolha uma delas e escreva o porquê de essa qualidade ser importante e como ela pode ser apreciada por amigas que você tem hoje e que terá no futuro. Releia o que escreveu por alguns dias. Em pouco tempo, será mais fácil incorporar o que você mesma apontou.

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Fazer esse tipo de exercício vai te fortalecer. E um dos melhores efeitos de estar de bem com a sua autoestima é perceptível justamente quando você enfrenta fases ruins. Estar em paz consigo mesma faz com que tenha mais facilidade de reconhecer erros e superar baques. “Uma boa autoestima faz a gente entender que, por mais que tenhamos feito algo de errado, isso é exceção, e não regra, e que, da próxima vez, poderá ser diferente”, diz Fabiana.

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À espera dos likes

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As redes sociais têm impacto direto em diversas áreas da nossa vida – a autoestima é uma delas, já que incentivam diretamente a comparação. “É comum ouvir das minhas pacientes que elas se frustram por seguir a mesma dieta e a mesma rotina de exercícios das suas web-celebridades preferidas e não atingir os mesmos resultados. Mas nosso corpo se comporta de maneira diferente, e o que está ali, na timeline do Instagram, é um padrão que não necessariamente corresponde à realidade”, fala a psicóloga especializada em terapia cognitivo-comportamental Livia Marques, do Rio de Janeiro.

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Uma pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, a Royal Society for Public Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem, afirmou que o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental, especialmente entre as pessoas até 24 anos. Ao mesmo tempo que 90% das pessoas jovens usam redes sociais, as taxas de depressão e ansiedade nesse grupo etário aumentaram 70% nos últimos 25 anos, o que evidencia uma relação entre as duas coisas. “As redes sociais fazem uma supervalorização da imagem, e para pessoas com tendência à ansiedade isso é muito nocivo”, afirma Livia.

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Você sabe aceitar elogio?

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Pessoas com baixa autoestima são resistíveis aos elogios – ao adotar o que foi dito como verdade, desenvolvem expectativas e criam um medo de não corresponder a essas opiniões. Parece loucura, mas acontece muito. Por exemplo: se a pessoa ouve que a nova cor de cabelo ficou bacana, trata logo de dizer que não era bem o tom que queria. Ou, se dizem que o trabalho que ela apresentou foi bem-feito, alega que não foi nada de mais. É que quem não está de bem consigo já há um tempo tende a não enxergar as coisas boas que faz. “Se você sempre rebater os comentários positivos que receber, estará sendo crítica demais com você mesma e buscando um ideal de perfeição que não existe”, diz Fabiana. Então, comece a aceitar o que falam de legal de você e agradeça. Em pouco tempo, vai começar a concordar com o que falam, o que vai lhe fazer muito bem.

 

 

 

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