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Mulher relata abuso sexual em duas casas que trabalhou como empregada doméstica

Saiu no site GSHOW

 

Veja publicação original:  Mulher relata abuso sexual em duas casas que trabalhou como empregada doméstica

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O ‘Encontro’ desta quinta, 12/9, abordou o tema pouco falado e recebeu a historiadora Preta-Rara, autora do livro ‘Eu, empregada doméstica’, que traz relatos e dados sobre a questão no Brasil

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Encontro desta quinta, 12/9, falou sobre o abuso sexual contra empregadas domésticas. O programa recebeu a convidada Íris Silva Barbosa, de 35 anos, que relatou pela primeira vez em sua vida o que sofreu ainda na infância, dos 8 aos 9 anos, enquanto trabalhava em duas casas de família. Ela é o retrato dessa realidade cruel que ainda existe no país.

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“Comecei a trabalhar aos 8 anos em uma fazenda para cuidar de uma criança. Toda vez que minha patroa me pedia para ir na despensa para pegar algo. Meu patrão ficava lá e quando eu ia sair, ele me empurrava para dentro. Ele passava a mão em mim e falava que se eu contasse para a minha mãe ele iria fazer maldades com os meus irmãos. Porque eu tinha que trabalhar para ajudar a minha mãe, passávamos muitas dificuldades, de muita fome mesmo, de não ter o que comer, então eu me sentia na obrigação”, relatou Íris, muito emocionada ao relembrar seu passado.

Íris relatou os abusos que sofreu na infância quando trabalhava como empregada doméstica — Foto: TV Globo

Íris relatou os abusos que sofreu na infância quando trabalhava como empregada doméstica — Foto: TV Globo

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Os fatos aconteceram no interior da Bahia, na cidade de Araci. Depois de 8 meses sofrendo os abusos, ela voltou para sua casa, mas a família continuava passando por dificuldades. Íris se viu na necessidade de, aos seus 9 anos, voltar a trabalhar para garantir seu próprio sustento e o de sua família.

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“Me levaram para uma cidade chamada Itabunas e fiquei trabalhando cuidando de um menino. Dormia lá também. Quando a minha patroa saia, o marido dela tentava abusar de mim. Isso aconteceu várias vezes. Quando contei o que estava acontecendo, ela me bateu muito, falou que eu estava mentindo, que o marido dela não fazia isso. Fiquei desesperada e falei para ela me levar de volta para minha mãe e ela demorou muito para acreditar”, contou Íris.

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Hoje Íris é casada e mãe. Ela diz que encontrou força em seus quatro filhos para tocar sua vida apesar das marcas que carrega pelos traumas sofridos no passado.

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Preta-Rara é autora do livro 'Eu, empregada doméstica', que traz dados e relatos de profissionais da área vítimas de abuso sexual — Foto: TV Globo

Preta-Rara é autora do livro ‘Eu, empregada doméstica’, que traz dados e relatos de profissionais da área vítimas de abuso sexual — Foto: TV Globo

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O programa também recebeu para debater o assunto Preta-Rara, historiadora, escritora e rapper, autora do livro “Eu, empregada doméstica“. Preta lançou uma página nas redes sociais com o mesmo nome do seu livro com intuito de ouvir relatos de pessoas que se sentissem em sua situação de vulnerabilidade, sendo atacadas ou abusadas no ambiente de trabalho.

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Fátima Bernardes posa com Preta-Rara nos bastidores do 'Encontro' — Foto: Sonia Schneiders/Gshow

Fátima Bernardes posa com Preta-Rara nos bastidores do ‘Encontro’ — Foto: Sonia Schneiders/Gshow

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“A página foi criada em 2016 e continuo recebendo esses relatos. Às vezes a própria trabalhadora doméstica acha que é algo comum porque aqui no Brasil por muito tempo se cultua a cultura do estupro, como se não humanizasse aquele corpo e ela estivesse disposta a fazer realmente tudo. A página tem dois anos e o livro tem diversos casos de assédio sexual”, disse Preta.

Fátima Bernardes mostrou o livro de Preta-Rara 'Eu, Empregada Doméstica' que fala sobre abusos sexuais sofridos pelas profissionais da área em seu ambiente de trabalho — Foto: TV Globo

Fátima Bernardes mostrou o livro de Preta-Rara ‘Eu, Empregada Doméstica’ que fala sobre abusos sexuais sofridos pelas profissionais da área em seu ambiente de trabalho — Foto: TV Globo

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Alguns relatos chocantes do livro, sem as partes mais pesadas, foram reproduzidos no programa nas vozes de Érika JanuzaMariana Xavier e Emanuelle Araújo.

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“O que eram os escravos domésticos, hoje são as empregadas domésticas. Ainda é reproduzido muito dessa história que mal acabou e está muito recente. Muitas vezes pensamos que estamos falando do século passado, mas está acontecendo agora. As trabalhadoras domésticas não denunciam porque elas são arrimos de família, é a única renda que ela tem para sustentar a família e ela fica entre a cruz e a espada. O que me chama atenção e faço questão de sempre divulgarmos para humanizar esses corpos, as trabalhadoras domésticas que já sofreram ou estão passando por isso, perceberem que isso é uma violência sim e que não faz parte do pacote de trabalho”, alertou Preta.

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Fátima Bernardes ainda comentou as informações do 13° Anuário de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com dados de 2018. Foram registrados mais de 180 estupros por dia, é o maior número desde 2009. Metade das vítimas tem até 13 anos e a maioria delas conhecia seu agressor.

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Segundo o IBGE, o número de trabalhadores domésticos cresce desde 2014. Em 2018, foi o maior em sete anos (desde 2012): 6,24 milhões. Os números são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

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Fátima Bernardes posa com convidados — Foto: Sonia Schneiders/Gshow

Fátima Bernardes posa com convidados — Foto: Sonia Schneiders/Gshow

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