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Mãe (in) Comum: Super-herói de vestido? Sim, senhorxs!

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:  Mãe (in) Comum: Super-herói de vestido? Sim, senhorxs!

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Em “WiFi Ralph”, o herói subverte todas as lógicas de animações infantis, usa roupa “de mulher” e é salvo por princesas. Na coluna Mãe (in) Comum, a diretora de redação Laura Ancona reflete sobre o impacto do filme para as próximas gerações

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Branca de neve? Conto de terror sobre uma adolescente que se torna a mulher mais bonita do reino (desbancando a madastra de 30 anos, “velha demais”), é escravizada por anões e beijada à força por um príncipe. Ariel? A cantora mais talentosa do mundo, que abre mão da voz para ter a chance de ficar com um homem. Cinderela? Condenada a trabalhos forçados pela madrasta e irmãs; salva por um homem que se encanta ao vê-la de vestido longo e sapatinho de cristal.

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Essas nada inocentes histórias infantis formaram os arquétipos que nós, com mais de 25 anos, crescemos achando normal. Depois delas vieram Mulan, Pocahontas, Bela, um pouco menos submissas do que as originais. De dez anos pra cá, o feminismo chegou de vez à Disney e surgiram Valente, a “que não quer casar”; Frozen, que só quer salvar a irmã e não acredita em príncipes; Moana, apaixonada pela natureza e pela avó. São empoderadas, rebeldes, nada ingênuas – embora sigam sendo absolutamente belas e privilegiadas em comparação à vida real.

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Shank e Vanellope: girl power nível avançado (Foto: divulgação)

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Mas como não estamos na vida real, recomendo com força a todos os pais levarem os filhos para assistir WiFi Ralph: Quebrando a Internet. Não é apenas um desenho contemporâneo, ele é feminista 2.0, para iniciados. Os códigos dos clássicos infantis estão todos ali, mas subvertidos: o herói é grande e forte, mas feio e mal-cheiroso; a garota a ser salva é pequenina e inocente, mas abre mão da identidade de princesa para ser motorista de corrida. Mais do que tudo, no entanto, é o enredo em si. Vanellope, a heroína da trama, se encanta com Shank, a mulher mais rápida do mundo, que bate qualquer homem em seu videogame. No meio do caminho, a menina cruza as princesas da Disney – aquelas das tramas machistas lá de cima – e as convence a vestir moletom, não vestidos longos. Por fim, sem dar muitos spoilers, todas elas vestem Ralph com um vestido (da Branca de Neve, pasmem) e o salvam no final.

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O herói Ralph, sendo conduzido por Vanellope (Foto: divulgação)

O herói Ralph, sendo conduzido por Vanellope (Foto: divulgação)

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Meu filho Raul, de 3 anos, adora a Frozen, dorme abraçado com uma e, em uma festa à fantasia, escolheu se vestir como ela. Eu, claro, não o impedi, e ele passou o evento inteiro feliz da vida, correndo atrás da irmã, Teresa (que se fantasiou como Anna, a irmã da Frozen), segurando a barra do vestido para não tropeçar. Quando o levei ao cinema para assistir WiFi Ralph, ele falou, muito animado: “mamãe, eu também me visto de Frozen!” (bem no trecho em que Ralph coloca o vestido). Raul ama carrinhos e Lego; pinta as unhas de vermelho e gosta da Frozen (entre muitos outros detalhes de sua personalidade adorável). O que isso quer dizer sobre ele? Absolutamente nada, a não ser que é um menino feliz e que tem a liberdade de ser quem é. Disney acertou em cheio ao fazer esse serviço a ele e tantos outros garotos (e garotas). Um herói fortão e duro como Ralph sendo salvo por princesas e usando vestidos é uma libertação enorme para toda uma geração.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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