“Vontade de homenagear os que vieram antes é o principal motivo.”

.

Em 2017, quando completou 45 anos, a atriz sentiu surgir um questionamento interno: “Como vou envelhecer fazendo humor?”. Dessa inquietação, contou que veio a ideia de criar o projeto em que desvenda a história da comédia brasileira através de seus mais emblemáticos representantes.

.

“Comecei a fazer uma observação de como meus colegas envelhecem no humor”, contou Ingrid, que contou com 90 participações de representantes do humor no documentário.

.

“Minha ideia inicial era fazer uma homenagem. Juntar os jovens comediantes pra homenagear os mais velhos, porque a comédia não tem escola. A comédia só existe porque alguém veio antes”, explicou.

Com uma carreira bem-sucedida na comédia, a atriz, roteirista e apresentadora contou que sempre se viu diante de duas situações que a incomodavam: a eterna comparação entre o gênero e o drama, e os papéis de menor relevância para as mulheres no humor.

.

“Quando me toquei de que as minhas grandes referências de comédia eram só homens, falei: ‘por que será?’. Ai resolvi que o primeiro episódio ia ser só sobre a mulher no humor e por que, para nós, foi tão difícil.”

“Esse projeto eu tenho há três anos. É o projeto da minha vida. Fiquei pensando: como eu quero mostrar pras pessoas como o humor é importante politicamente pra um país, pro bem-estar do outro, pra falar de mazelas de uma maneira que o outro se reconforte com a gente.”

“Ou a gente fazia empregada, secretária ou amiga maluca. Aí falei: ‘chega, não faço mais’.”

“Falei: ‘vou criar um personagem de uma modelo, vou imitar a Gisele Bündchen e vou ficar linda'”, contou Ingrid sobre a peça de teatro que ficou 11 anos em cartaz e contou com a parceria de Heloísa Périssé.

A atriz explicou para Bial que o comediante tem a capacidade de transformar até sua própria história triste, rir de si mesmo e passar ela para o público com humor.

.

“Todos os comediantes que entrevistei são desajustados. Ninguém tem uma história bonitinha pra contar. Ninguém foi o melhor aluno, o melhor filho. Todos são inadequados”, comentou Ingrid.

“Todos nós transformamos a inadequação em humor, porque humor é uma maneira de viver a vida.”

No palco, Bial também contou com a presença de uma das referências femininas na arte de fazer rir: Berta Loran, que tem algumas semelhanças com Ingrid em relação à carreira, como a estreia no teatro.

.

Aos 92 anos, a atriz fez a plateia e o apresentador rirem bastante e ainda agradeceu à colega pelo projeto.

.

.

.

Comédia

.

“A gente só descobre que é comediante se alguém ri. Não tem outra maneira”, atestou Ingrid.

.

.

“Essa maravilhosa veio fazer um programa na minha casa, mas eu não sabia que era salvando a nós, as mulheres”, disse Berta, emocionada.

.

“O Chico criou uma geração de comediantes que sabem se virar.”

“Ela (Berta) me fez gargalhar muito nessa vida. Você fazer o outro rir é um ato de generosidade. A gente passa a vida trabalhando, escrevendo, pensando, se dedicando para um único motivo: fazer o outro rir. Você só quer que o outro seja feliz.”

.

Ingrid contou que os diretores Tatiana Issa, Guto Barra e Raphael Alvarez tiveram um olhar do documentário que ela e os colegas de profissão participantes do projeto não tiveram.

.

“Ouvir é uma das coisas mais difíceis da humanidade, ainda mais a gente que gosta de falar. Então, eu aprendi a ouvir.”

.

“Os jovens, hoje, não ouvem nada, só o ‘zap'”, disse Berta.

.

.

.

.

.

.

.

.