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Grupo gratuito de terapia para mulheres ajuda a sair de relação abusiva

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original: Grupo gratuito de terapia para mulheres ajuda a sair de relação abusiva

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Por Priscila Gomes

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Monica Miranda queria apoiar mulheres por meio da terapia. Por isso, em 2017, quando ainda era estudante de psicologia, a moradora do Jardim São Luís, zona sul, criou um grupo para discutir assuntos do universo feminino. Sem cobrar participação, os encontros aconteciam na sala da casa dela. Com o tempo, as reuniões tomaram força e uniu ainda mais mulheres do bairro para os debates.

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Batizado de “Círculo de Amor e Cura”, o grupo era o trabalho de conclusão de curso da estudante, que hoje tem 32 anos. “O objetivo é oferecer apoio e espaço para que essas mulheres possam verbalizar seus problemas. O primeiro assunto foi relacionamentos abusivo: ficamos por três meses falando disso e depois ampliamos”, explica.

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Debater relacionamentos abusivos sempre esteve nos planos de Monica. “Me identifiquei com o universo feminino e então iniciei as rodas de conversa com esse tema dentro de casa mesmo com mulheres que eu já conhecia. Desde então, não paramos mais. Hoje, depois de um ano e meio, tratamos de assuntos diversos que surgem a cada semana”, explica.

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Um assunto bem comum, infelizmente

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“De imediato, várias se identificaram umas com as outras e foram compartilhando suas histórias sem medo. O espaço para o discurso e troca por si só já é um curativo. Eu apenas direciono os assuntos e as reflexões”, conta Monica.

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O grupo tem ajudado muitas mulheres do bairro não só em relações abusivas, mas em outros aspectos da vida. “Eu sofria depressão e estava em um relacionamento do qual não conseguia sair. No início tinha medo de falar, mas com o tempo fui me soltando. Frequentando o Círculo de Amor e Cura minha vida melhorou, pois eu percebi que era muito dependente do meu ex. Hoje estou com outra pessoa e deixei de cometer erros. Tenho feito meditação também, que me ajuda muito”, conta uma moradora do Jardim Nakamura de 41 anos, que frequenta a roda de conversa desde o início.

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Outra frequentadora do grupo, que tem 36 anos, conta sobre a dificuldade que teve de participar de uma terapia em grupo. “Resolvi entrar porque estava em um relacionamento abusivo. Às vezes não queria falar nada, mas a Monica dizia que a minha história podia ajudar outras mulheres. Parei por um tempo, mas logo voltei. A gente consegue resolver muitos conflitos por meio dos relatos de outras. Criamos um vínculo de amor uma pela outra, relação de confiança, aqui ninguém julga ninguém”

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Arquivo Pessoal
Os sorrisos comprovam que as reuniões e a terapia estão dando certoImagem: Arquivo Pessoal

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Uma das participantes*, que tem 34 anos, revela a dificuldade que tinha em falar dos seus problemas para outras pessoas e como o projeto mudou sua vida. “Quando comecei a frequentar, estava mais para ouvir do que de falar. Prestava muita atenção nos relatos e percebia que as pessoas sofriam das mesmas questões que eu e isso fez com o que eu conseguisse falar também. Quando entrei eu já acreditava que tudo iria dar certo e isso mudou minha vida”, diz.

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Com o Círculo curei traumas da infância, amores não correspondidos. E tudo isso não foi só com conselhos das meninas, mas com uma força que descobri dentro de mim, através do grupo.

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A moradora do bairro Jardim Nakamura conta que mudou até em outras áreas. “Todas as minhas relações melhoraram, dentro de casa e até no trabalho, Hoje consigo olhar melhor o outro e para dentro de mim também. Descobri no grupo sobre o sagrado feminino e masculino e que ninguém é feliz sozinho”, revela.

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Apoio e números de violência na zona sul

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Com duração de duas horas, os encontros acontecem todas as quartas-feiras em um lugar próximo ao bairro. “Recebemos o apoio do Instituto Favela da Paz — ONG criada há mais de 15 anos que oferece além de um espaço cultural, mas também apoio para projetos locais — e lá temos a liberdade de dar continuidade ao trabalho”, explica Monica.

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Para o presidente e fundador do Instituto Favela da Paz, Claudio Miranda, foi importante abrir as portas para o projeto, pois na região existem grandes índices de violência doméstica. “Apoiar o Círculo de Amor e Cura é uma forma, de talvez, diminuir o problema. Abrir um espaço para roda de conversa de mulheres do bairro fortalece o sagrado feminino dentro da comunidade. Esses assuntos não estão na escola e nem na mídia. Aqui é um lugar protegido e seguro, onde elas podem falar sobre os problemas, conversar os assuntos em um nível mais profundo”, explica.

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Segundo o Mapa da Desigualdade divulgado pela Rede Nossa São Paulo, no final de 2018, a zona sul lidera o número de notificações de agressão contra mulheres. De acordo com a pesquisa, a cada 10 mil mulheres de 20 a 59 anos que moram no distrito de Jardim São Luís, 100 delas denunciaram ter sido vítimas de agressão ao longo de 2017.

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Ao lado do Jardim Ângela, o Jardim São Luís faz parte da subprefeitura do M’Boi Mirim, onde vivem mais de 560 mil pessoas. O número de notificações de agressão no distrito, no entanto, aumentou 58 vezes em relação a 2016, quando foram contabilizados cinco registros a cada 10 mil mulheres. As moradoras do bairro foram vitimas de agressões 180 vezes a mais do que as moradoras do Jardins, na zona oeste da capital.

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Próximos passos com mais temas para ajudar as mulheres

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Em breve, Monica quer dar mais um passo para fazer o Círculo de Amor e Cura ajudar mais mulheres. Segundo ela, é importante debater assuntos como estima, papel da mulher na sociedade, entre outros. “Pretendo criar um projeto com duração de seis meses para abordar temas específicos e com até 15 mulheres. Renovando acada ciclo para dar oportunidade para outras mulheres.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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