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Fábrica de sonhos: por que e como o Calendário Pirelli vem se alinhando cada vez mais com discursos engajados

SAIU NO SITE  MARIE CLAIRE

 

Veja a publicação original:   Fábrica de sonhos: por que e como o Calendário Pirelli vem se alinhando cada vez mais com discursos engajados

Aproximando-se cada vez mais dos discursos engajados da geração Z, o Calendário Pirelli 2019 deixa de lado a estética ultrassexualizada da mulher e torna suas modelos protagonistas da própria história, representando, pela primeira vez, a subjetividade feminina

 

Quando Misty Copeland, a única bailarina negra da história do American Ballet Theater a ter o título de dançarina principal, recebeu o convite para participar da edição 2019 do Calendário Pirelli, ela não acreditou. “Fiquei tão surpresa e honrada que não achei que fosse verdade!”, lembra. “Principalmente depois do Calendário do ano passado, minha vontade de participar só aumentou.” A edição de 2018 foi a primeira em 30 anos a ter um casting apenas composto de personalidades negras.

Misty Copeland vive uma bailarina profissional estreante em busca de sucesso (Foto: Divulgação)

A escolha de Copeland como uma das quatro modelos e protagonistas do Calendário Pirelli 2019 não é apenas uma coincidência, mas uma prova de como a publicação vem passando por uma mudança dramática – não só estética, mas ideológica. Uma famosa frase do CEO da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, diz: “O Calendário tem como objetivo marcar a passagem do tempo”. E de fato, o The Cal, como é conhecido, tem provado que é um termômetro apurado do nosso momento sociocultural e artístico. Antes de o #MeToo estourar, a edição de 2016 trouxe grandes personalidades femininas, sem nudez sexualizada. Em 2017, foi a vez de Peter Lindbergh fotografar as atrizes de Hollywood que viriam a ser as vozes do Time’s Up com pouquíssima maquiagem ou pele à mostra. E depois do movimento ativista negro #BlackLivesMatter bombar nas redes sociais, a Pirelli respondeu com uma edição com casting 100% negro em 2018.

Laetitia Casta, modelo francesa que estrela seu terceiro calendário, interpreta uma pintora que sonha com sua obra-prima enquanto trabalha como garçonete (Foto: Divulgação)

As expectativas sobre qual seria o próximo passo da publicação eram altas. Numa época na qual a diversidade parece ser uma das moedas mais valiosas para as empresas, e num mundo que cada vez mais fala a língua da geração Z – turma nascida nos anos 2000 e que, apesar de jovens, são consumidores ultrainformados e engajados –, a Pirelli teria de ir mais além do que só vestir suas modelos.

Gigi Hadid é uma socialite solitária que vive reclusa em sua mansão (Foto: Divulgação)

A incumbência foi dada ao renomado fotógrafo escocês Albert Watson, que assinou a nova edição. Clicadas em formato típico cinematográfico, as imagens são como fotogramas de um filme, que narra quatro vidas fictícias femininas, tudo embalado por um tema: “sonho”.
Pela primeira vez na história do Calendário, representar o universo e subjetividade femininos foi mais importante do que apenas mostrar belos corpos nus. “Me pareceu um pouco antiquado fotografar apenas mulheres peladas numa praia”, cravou Watson em uma entrevista a Marie Claire em Milão. Apostando em uma estética que tem como fio condutor a beleza melancólica da solidão, o fotógrafo soube captar o air du temps de uma geração que vive isolada atrás de uma tela, domina a estética das redes sociais como nunca e para quem a fotografia é uma linguagem cotidiana. “Hoje em dia você muda do noticiário para um filme ou um jogo de futebol. As pessoas conseguem ver uma imagem isolada e interpretá-la rapidamente”, explicou Watson.

Julia Garner faz o papel de uma fotógrafa botânica em busca de reconhecimento (Foto: Divulgação)

A escolha de personalidades como Julia Garner – que construiu um nome atuando no mercado de streaming e estourou em Ozark, da Netflix – e a própria Misty Copeland, que representam esse novo universo, são evidências da modernização do Calendário. “Eu sou negra e interpreto uma stripper. É uma conquista não precisar negar esse papel porque seria reforçar um estereótipo, mas poder fazê-lo pois sou uma bailarina negra reconhecida. Quero continuar a poder mostrar para outras mulheres que tudo é possível”, finaliza Misty.

 

 

 

 

 

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