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Elisabeth Moss compara “The Handmaid’s Tale” aos dias atuais: “Não imaginava que precisaríamos nos agarrar novamente às causas feministas como nos últimos tempos”

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original: Elisabeth Moss compara “The Handmaid’s Tale” aos dias atuais: “Não imaginava que precisaríamos nos agarrar novamente às causas feministas como nos últimos tempos”

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Ao dar vida à escrava sexual Offred, na premiada série “The Handmaid”s Tale”, a atriz americana tornou-se um símbolo da resistência feminista. Nos EUA e no Brasil, mulheres se vestem com os uniformes das personagens para protestar contra os governantes que ameaçam diminuir nossas liberdades e direitos. Em entrevista à Marie Claire, ela explica por que o enredo criado em 1985 nunca foi tão contemporâneo e defende que o debate em torno da equidade de gênero e da liberdade de expressão é essencial

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Elisabeth Moss para Marie Claire (Foto: Camila Armbrust)

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“SEMPRE ME CONSIDEREI UMA FEMINISTA, mas, como muitas mulheres da minha geração, achava que não tínhamos mais pelo que brigar. Acreditava que todos os direitos haviam sido conquistados”, disse Elisabeth Moss, 36 anos, enquanto chacoalhava a cabeça em sinal de arrependimento.

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“Não imaginávamos que precisaríamos nos agarrar novamente às causas feministas como fizemos nos últimos meses. O movimento me transformou”, completa a atriz norte-americana, em um bar de vinhos em Manhattan, vestida toda de preto, com um boné e uma mochila. Foi lá que marcamos de nos encontrar para conversar sobre as questões que envolveram as mulheres em 2018 no mundo. Reflexões sobre a mais recente onda feminista é um tema recorrente em conversas na cidade, principalmente depois da eleição de Donald Trump, o presidente que faz declarações machistas e ameaça diminuir as liberdades das mulheres e de outras minorias, como imigrantes e transexuais. A diferença é que agora quem debateu esse tema comigo é a mulher que se tornou símbolo da resistência feminina, graças à impecável interpretação que faz da personagem Offred, protagonista de The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia.

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Inspirado no livro homônimo da escritora canadense Margaret Atwood, trata de uma sociedade em que as mulheres são propriedade do estado, proibidas de ler e escrever e, no caso de Offred, obrigadas a gerar filhos para famílias de elite. “Nunca interpretei uma história com paralelos tão claros com o que está acontecendo na realidade ao meu redor”, diz. “As fronteiras entre realidade e ficção são muito mais borradas do que com qualquer outro personagem que já vivi. Mas também é um tanto catártico pegar um pouco da raiva e da frustração que sinto como cidadã e transformar essa energia em um trabalho que acredito.” Não à toa, é possível ver o impacto de O Conto da Aia. O uniforme das escravas como Offred – capas vermelho sangue e capotas brancas – já foi inclusive copiado por ativistas em protestos por todo os Estados Unidos (e no Brasil também).

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Foi o que aconteceu, por exemplo, quando parlamentares tentaram extinguir o Planned Parenthood, uma organização não-governamental que defende a legalização do aborto, entre outros direitos reprodutivos da qual Elisabeth é uma antiga defensora – prova de que ela não tem receio de sair em defesa dos direitos das mulheres. Quando ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz em janeiro, inclusive, o dedicou às artistas do #MeToo. “Tive a sorte de não ter vivido coisas terríveis que muitas mulheres do cinema denunciaram”, diz. “Mas quando os movimentos #MeToo e #TimesUp explodiram, conversei com as minhas amigas e paramos para refletir sobre os encontros profissionais que tivemos e nos questionamos sobre certas atitudes de alguns homens. Estamos vivendo um momento de tomada de consciência.”

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Elisabeth Moss para Marie Claire (Foto: Camila Armbrust)

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Entre os acusados do #MeToo e #TimesUP está o ex-chefe de Elisabeth, Matthew Weiner, criador de Mad Men – Inventando Verdades (2007-2015). Ex-roteirista da série, a americana Kater Gordon alegou que uma vez, quando eles estavam trabalhando até tarde, Weiner disse que queria vê-la nua e que Kater devia isso a ele. Weiner nega veementemente as acusações. A atriz é muito diplomática para tomar o partido de alguém, mas acredita que “é indiscutível o fato de que as mulheres precisam ter voz”. E continua: “Precisamos poder falar quando nos sentimos desconfortáveis com alguma situação. Quando não temos voz, é o mesmo que estar metida em uma merda de vestido vermelho, com uma merda de um capote branco na cabeça”, diz, em alusão às escravas da série.

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Elisabeth é igualmente firme sobre a liberdade de expressão, mesmo quando o ataque se dirige a ela. Criada dentro da Cientologia, foi acusada de hipocrisia por causa do seu discurso no Globo de Ouro – a religião foi acusada de acobertar casos de assédio sexual. Esse é o único assunto que ela não discute. “Você não pode retirar de uma pessoa o direito de ter uma voz”, diz, quando levantei o tema durante nossa conversa. “Não posso negar o seu direito de dizer o que pensa. Se fizer isso, aí, sim, estarei sendo hipócrita”. E emendou: “Acredito profundamente na liberdade e nos direitos humanos. Se não tivesse casca grossa o suficiente para lidar com as críticas, não estaria nessa profissão há tanto tempo”.

 

 

 

 

 

 

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