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Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

Saiu no site DIÁRIO DA REGIÃO:

 

Veja publicação original:  Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha

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Por Francine Moreno

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Coletivo feminino toma a cena rio-pretense para expressar suas questões e visões de mundo por meio da poesia, música e performance, além de amplificar reflexões urgentes sobre a condição da mulher negra

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Comemorados no dia 25 de julho, o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra inspiram uma programação especial no Sesc Rio Preto, que usa a poesia falada, música e performance para empoderar as mulheres negras. Será realizada nesta sexta-feira, 20, às 20h, uma apresentação do coletivo Sarau das Pretas, e neste sábado, 21, às 10h, uma oficina de poesia, com a atriz e poeta Jô Freitas.

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O Sarau das Pretas é um coletivo formado por mulheres negras atuantes no cenário cultural rio-pretense, que se reúne para um sarau artístico sobre ancestralidade, cor, gênero e feminismo. O grupo é formado por Mayara Ísis, Anna Claudia Magalhães, que é colunista do Diário, Yanelys Abreu Babi e Sirlane Santana. Para o evento no Sesc, elas convidaram a artista Jô Freitas, de São Paulo, que é arte-educadora, produtora independente, poetisa performer e ativista cultural periférica.

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Neste encontro, as integrantes irão compartilhar as suas poesias, que destacam a identidade negra, sobretudo a da mulher negra e seu empoderamento. Mayara afirma que a ideia do sarau é potencializar a literatura negra e feminina por meio da poesia, mas também utilizando as outras linguagens como a música e a intervenção, também levando uma mensagem de luta, resistência e reconhecimento.

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No palco, Mayara, Anna, Yanelys e Sirlane irão declamar textos próprios e também resgatar textos de escritoras, como a mineira Conceição Evaristo, que é um das principais expoentes da literatura brasileira. Vencedora do Prêmio Jabuti com a obra Olhos d’água, de 2014, ela poderá integrar em breve o número 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que está vaga desde a morte de Nelson Pereira dos Santos. Se a escolha ocorrer, será a primeira vez em 120 anos que a ABL terá uma escritora negra como membra.

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Mayara afirma que o evento é uma ferramenta para combater a invisibilidade da escrita feminina. “O hábito de leitura já é uma questão complicada no Brasil, apesar do acesso já ter melhorado com a internet. O problema é a falta de visibilidade das escritoras negras. O mercado editorial literário é masculino e branco. No entanto, existem muitas mulheres como Conceição Evaristo, e este fato não pode ser ignorado”.

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As integrantes irão recitar poesias que tematizam o amor, a luta e o prazer feminino. Na ocasião, o público será convidado para participar e ler a sua própria poesia ou declamar textos de outras escritoras. “O objetivo é dar espaço para que as pessoas também possam reverenciar o 25 de julho e também façam suas homenagens”, afirma Mayara. A atividade, neste cenário, busca fomentar o debate sobre desigualdades racial e de gênero, fortalecendo a luta das mulheres contra o racismo, o sexismo, a discriminação de classe e o preconceito.

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Mayara afirma que o evento servirá para celebrar e refletir o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha e também do Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra. “É uma data internacional e nacional. Como o Sesc é um local aberto à população e de inclusão, não faria sentido restringir a participação de homens e mulheres brancas. A gente pensa que a luta e reflexão sobre a data não cabe apenas às mulheres negras, mas também a toda sociedade. No entanto, nos ouvir é essencial. Mas trazer um texto de homenagem, de sua referência, com respeito e tranquilidade é uma proposta bacana”.

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Já neste sábado, 21, às 10h, no Sesc, será realizada a oficina gratuita Cenopoesia, com a atriz e poeta Jô Freitas. Para participar é preciso fazer inscrição na central de atendimento ou no site sescsp.org.br/riopreto. Na atividade, a artista traz a junção de exercícios de construção da poesia e do corpo, que caracteriza o trabalho da artista, oferecendo aos participantes o exercício da escrita e também a performance da criação poética com corpo e voz.

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Sarau

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As primeiras ações do Sarau das Pretas foram realizadas em novembro de 2014, em Rio Preto, durante o primeiro Sarau Mulher Negra tem História, ação realizada pelo Movimento Mulheres em Luta. A iniciativa surgiu com o objetivo de lutar contra o racismo e machismo operantes na sociedade, utilizando a arte, com seus diversos elementos como a poesia, para mostrar a força, resistência, talento e luta feminina.

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Refletindo sobre o dia 25 de julho, o Sarau de Pretas foi oficializado em julho de 2015, no VI Sarau do Brado, no Centro Cultural do Brado, no bairro Caic. Na sequência, o coletivo promoveu diferentes atividades no Sesc e no Festival Literário de Votuporanga (Fliv), e em saraus, promovidos em diversos eventos e espaços culturais.

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Neste ano, o grupo reuniu-se novamente para dar continuidade ao projeto formado agora por Mayara Ísis, Anna Magalhães, Yanelys Abreu Babi e Sirlane Santana. O coletivo, assim, tornou-se um espaço de voz, luta, visibilidade, resistência e protagonismo da mulher negra. “Estamos experimentando novos formatos de apresentações, mas o principal objetivo é colocar a poesia como modo de autorressignificação da mulher negra, em que eu falo por mim e sobre mim. Infelizmente, na literatura, a mulher negra é retratada de forma muito estereotipada, além de racista e machista”.

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Serviço

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  • Sarau das Pretas. Nesta sexta-feira, 20, às 20h, na comedoria do Sesc. Oficina Cenopoesia, com Jô Freitas. Neste sábado, 21, às 10h, na sala de uso múltiplo. Informações: (17) 3216-9300.

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Um dos textos que serão declamados
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Ecoa

  • Calam o meu grito
  • Mas nas linhas do tempo
  • Minha palavra ecooooa
  • A vibração do couro
  • Libertou o corpo do açoite
  • Minha alma agora vooooa
  • Minha dor deixou de ser tristeza
  • Não coube em mim
  • Transbordou em foooorça

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Anna Claudia Magalhães

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