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Clara Averbuck: “O amor, se não for parceria, não vale a incomodação”

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:   Clara Averbuck: “O amor, se não for parceria, não vale a incomodação”

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Colunista de Marie Claire analisa as relações de companheirismo e diz que, aos 39 anos, se deu conta que nunca teve um

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Ei, mulher heterossexual com mais de 25 anos, me responde uma coisa: você já teve um companheiro?

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Não estou perguntando se você já amou, já namorou, já casou, juntou. Quero saber se, ao amar, namorar, casar ou juntar, você sentiu que tinha ao seu lado alguém que estava… ao seu lado. De verdade. Segurando a sua mão. Dando força. Dividindo não só as coisas boas, mas os B.O’s da vida, as dívidas, a doença, a merda toda, daquele jeito mesmo que os católicos lá prometem: na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença… Sabe?

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Porque esses dias eu, Clara, 39 anos, me dei conta de que nunca tinha tido um. Não até agora. Estava acostumada a lidar com a tristeza, a pobreza e a doença sozinha, isso quando não eram os caras que estiveram ao meu lado que traziam as mesmas. E aí eu fui aprendendo a guardar pra mim. A resolver sozinha. A carregar fardos que, às vezes, nem eram meus, mas eu tomava por meus porque sim, porque confundia ser forte e firme com ser mãe dos outros.

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Eu sei que muitas mulheres que nunca se relacionaram vão dizer que antes isso do que nada. Mas, desde que me caiu essa ficha, eu pensei que “nada” seria melhor, sim. Ninguém tem que se contentar com migalhas. Penso no tanto de atraso, de desgaste psicológico e emocional e de calos e, principalmente, de tempo perdido com essas relações cagadas poderia ter sido usado em: trabalho, drinks com amigas, animais resgatados, livros lidos, sei lá, um milhão de coisas.

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E nem estou falando de relacionamentos abusivos, mas do que estamos acostumadas a ver como “normal”. E penso em tantas outras mulheres que eu conheço que estavam ou estão em um relacionamento mas, na verdade, carregam tudo sozinhas. Sem empenho do parceiro. Como se a responsabilidade de levar a história fosse nossa. Digo e repito, a carência é a mãe da roubada.

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Se eu soubesse, quando era mais nova, que os 8 anos que passei solteira seriam os mais produtivos da minha vida, que foi quando eu me conheci, me permiti ser 100% eu, não tive que abrir concessão, dar satisfação de nenhum tipo do que fazia com meu tempo, minha vida ou meu dinheiro, ou, melhor ainda, podia fazer o que quisesse depois de tanto tempo, ora, eu tinha ficado muito solteira mesmo.

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E se eu não tivesse a sorte de encontrar alguém que andasse ao meu lado, ao meu LADO, não na minha aba ou na minha frente me deixando em quinto plano, era assim que estaria. Não “sozinha”, porque, durante esse tempo, aprendi também a distribuir meu afeto de outras formas, o que foi extremamente saudável e foi um aprendizado para a vida. Criei laços reais de amizade com pessoas, principalmente mulheres, que talvez não tivessem espaço, caso mantivesse aquele tipo de relação iludida de que o casal “se basta”. Na verdade ele não se basta, acaba se sufocando e colocando sobre o outro expectativas irreais.

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Não precisamos cuidar sozinhas do relacionamento e nem de alguém que não dá de volta esse cuidado. É pra ser bom, é pra ser mútuo, não é pra ser um fardo e sobrecarregar um dos lados. O amor, se não for parceria, não vale a incomodação e nem sei se é amor de fato.

 

 

 

 

 

 

 

 

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