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Cabeleireiros são treinados para ajudar clientes vítimas de violência doméstica

Saiu no site CORREIO BRAZILIENSE

 

Veja publicação original:   Cabeleireiros são treinados para ajudar clientes vítimas de violência doméstica

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Por Giselle Ouchana

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Longe de ser apenas fofoca e futilidade, o “papo de salão” virou um assunto tão sério que até o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) resolveu entrar na conversa. O órgão lançou este mês um projeto chamado “Mãos empenhadas contra a violência”, que visa a treinar cabeleireiros, maquiadores e manicures para que eles possam conscientizar e esclarecer, com base nos princípios da Lei Maria da Penha, as clientes que aparentam ser vítimas de violência doméstica. Atentos não só à saúde de cabelos, unhas e pele, profissionais de beleza já atendem suas clientes de forma mais humanizada.

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A hairstylist Guará Silva, que já participou do treinamento oferecido pelo TJRJ, entende que a autoestima aliada ao empoderamento é um caminho não só de acolhimento, mas de prevenção.

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— Por algumas atitudes das clientes, eu detecto que algo não está certo. Elas precisam se abrir, e eu vou mostrar a elas os recursos de ajuda disponíveis. Vamos fazer um trabalho para que elas se manifestem e que ajude não só quem já é vítima, mas sirva como prevenção.

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Em parceria com a psicóloga Renata Salles de Moraes, ela pretende criar um spa terapêutico em seu studio, na Barra da Tijuca.

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— A ideia é proporcionar desenvolvimento humano, para a mulher cuidar da autoestima e da emoção. Precisamos fazer algo para que as agressões não caiam no silêncio, na normalidade — disse a terapeuta.

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Guará Silva (de vermelho) e Renata Salles, no salão: multiplicadoras
Guará Silva (de vermelho) e Renata Salles, no salão: multiplicadoras Foto: Fabio Rossi / Extra

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Em parceria com o Senac-RJ, o “Mãos empenhadas contra a violência” já treinou 30 profissionais que, a partir de agora, terão condições de prestar esclarecimentos e auxiliar mulheres que necessitem de ajuda. Até o fim do ano, cerca de 200 instrutores dos cursos de cabeleireiro e maquiador do serviço de educação profissional serão qualificados. Eles atuarão como multiplicadores para outros professores e, a partir do ano que vem, vão incluir o assunto em seus cronogramas de aula. O primeiro treinamento aconteceu no último dia 19, quando o Sindicato dos Profissionais de Beleza convidou associados para participar. Agora em setembro, haverá outra turma com professores de cursos de beleza do Senac.

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Gerente-executiva do Senac-RJ, Luciana Maranhão acredita na capacidade do grupo em formar uma rede de proteção:

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— Desde 2017 já colocamos quase 10 mil cabeleireiros e maquiadores no mercado em todo o estado. Essas pessoas podem fazer a diferença na vida dessas mulheres daqui para frente.

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Maquiagem para disfarçar hematomas

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Passar horas em um salão pode não ser apenas fruto de uma vontade de se emblezar, mas de dar um grito de socorro. Atento a isso, há um ano, Eduard Fernandes abriu seu próprio estabelecimento no Méier. Seus 25 anos de experiência lhe fizeram optar por um atendimento mais cuidadoso, em que o acolhimento é a chave-mestra.

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— Já fiz maquiagem para tirar hematomas — conta ele, que distribuiu mandalas pelo salão, símbolo da integração e harmonia. — Muitas vezes, a cliente chega aqui mais para desabafar do que para fazer um procedimento estético. O diálogo tem sido mais longo e o trabalho mais curto. O cabeleireiro é o amigo secreto e as histórias morrem na cadeira — revela Ed, que, com ajuda de preceitos da terapia holística, treina seus funcionários para identificar as necessidades de suas clientes.

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Inspiração

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O “Mãos empenhadas contra a violência” foi criado pelo TJ de Mato Grosso do Sul. Inspirada no projeto, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, finaliza a elaboração do “Salve uma mulher”, nos mesmos moldes. Ainda não há detalhes.

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No Rio, a capacitação aborda, entre outras coisas, as causas da violência doméstica, a Lei Maria da Penha e a rede de enfrentamento. Membro da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar, a juíza Katherine Jathay observa que o treinamento proporciona a sensibilidade necessária para os profissionais perceberem na fala das clientes que elas estão em risco.

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— É com eles que ela se abrem e estão livres de julgamento. Então, poderão orientá-las, incentivá-las e conscientizá-las.

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A coordenadora-geral das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, delegada Juliana Emerique, acredita na redução da subnotificação.

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— Quanto mais as pessoas sabem de seus direitos e que em briga de marido e mulher se mete a colher, salvaremos vidas — afirmou, enfatizando as 465 prisões realizadas este ano, até sexta-feira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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