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A história de três mulheres que sofreram estupro marital

Saiu no site REVISTA COSMOPOLITAN:

 

Veja publicação original: A história de três mulheres que sofreram estupro marital

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Por Manuela Aquino

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Os relatos, cheios de dor, fazem com que a gente reflita sobre os relacionamentos, sobre o machismo e sobre Justiça

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Mariana, 41 anos, Camila, 46, e Paula, 37, não se conhecem. Moram em cidades distantes umas das outras e seus destinos nunca se cruzaram. Mas elas, infelizmente, têm muito em comum. Todas apanharam e sofreram estupro dentro de casa por alguém que amavam, como aconteceu com Clara, a personagem de Bianca Bin em O Outro Lado do Paraíso, novela das 9 da Rede Globo. Elas confirmam as estatísticas: segundo levantamentos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2014, 70% das mulheres são violentadas por parentes, namorados ou amigos/conhecidos. E ainda, juntas, fazem parte de outro dado, que revela a dificuldade de muitas perceberem que sofrem estupro dentro de casa. Pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, de 2016, feita com mil pessoas em 70 municípios brasileiros, mostrou que 11% das mulheres afirmaram de maneira espontânea terem sofrido violência sexual. Mas o número subia para 39% quando era apresentada uma lista com situações que configuram esse tipo de agressão.

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Mariana, Camila e Paula nasceram em uma sociedade machista onde paira sobre nós a obrigação, às vezes velada, de “servir o homem na cama” e de fazer com que o casamento seja harmonioso. “Fomos postas nesse lugar. Até começo do século passado, uma mulher não tinha autonomia, era propriedade do pai e depois do marido. Isso naturalizou nossa subjugação. A primeira onda do feminismo veio para lutar por esses direitos básicos, de autonomia”, afirma a psicóloga Flávia Carvalho, de São Paulo, membro da rede de apoio Divam (Debates Integrados pela Valorização no Atendimento para Mulheres). E até pouco tempo atrás não éramos totalmente iguais aos homens nem perante a lei. “A Constituição Federal que reconhece essa igualdade de direitos e obrigações é de 1988. É muito recente esse entendimento”, diz a advogada Marina Ruzzi, do Braga & Ruzzi, em São Paulo, escritório especializado na defesa das mulheres.

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Todas as vítimas entrevistadas também demoraram muito para ter coragem e sair da relação, pois estavam presas no chamado “ciclo da violência”, definido em 1979 pela psicóloga americana Lenore Walker, que aponta as fases de uma relação com violência de gênero. “Há uma explosão, depois a desculpa e um período de afeto em que se vive uma espécie de lua de mel. Depois tudo recomeça e vem um comportamento ainda mais pesado por parte do agressor”, afirma a juíza Tatiane Moreira Lima, que durante cinco anos e meio trabalhou na Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, em São Paulo. Para amargar mais a receita de um relacionamento abusivo, entra a culpa que a mulher alimenta. “Ela se sente responsável pela harmonia do casamento, por fazer dar certo, e se coloca nesse papel de quem vai conseguir mudar o outro”, diz Flávia Carvalho.

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Elas ainda dividem o fato de terem sofrido caladas com medo de contar aos familiares. E também não viram e talvez nunca vejam seu agressor preso. A demora no processo e a pena branda nos casos de lesão corporal desanimam – somente em agressões gravíssimas pode haver prisão. Geralmente há condenação com regime aberto. Nos casos de estupro, as penas são mais rigorosas, mas a vítima tem seis meses para fazer a denúncia, e nem sempre esse tempo é necessário para tomar a decisão. Mas, mesmo diante desse cenário, é importante denunciar, segundo as especialistas. “Precisamos criar uma cultura de denúncia, já que vivemos em uma de silenciamento”, diz Marina Ruzzi.

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Mariana, Camila e Paula, por fim, compartilham a vergonha da exposição. Por isso, nenhuma delas quis ter sua identidade revelada.

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Mariana*, 41 anos, arquiteta, São Paulo (SP)

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“A gente se conheceu em 2007 e ele era uma pessoa extremamente gentil, educada e muito carinhosa… Algo dentro de mim dizia que por trás daquela perfeição havia algo estranho, mas não sabia identificar e não dei muita bola. Durante nosso namoro, tive câncer na tireoide, fiz uma operação e precisava de cuidados e repouso. Nesse momento, começou uma relação de dependência. Estava fragilizada fisicamente e emocionalmente e ele foi uma pessoa presente, foi parceiro. Mudou-se para o apartamento em que eu vivia para ajudar a cuidar de mim e do meu filho de 9 anos, de outra relação. Ele também tinha um filho, de 16. Eu fazia reposição hormonal e tomava remédios, mas, mesmo assim, engravidei. Aí, tudo mudou. Quando eu falei da gravidez, estranhei, pois ele pareceu nem se importar. E começaram as agressões verbais durante pequenas discussões de casal. Um dia eu disse `Me respeita que agora sou mãe de um filho seu¿ e ele respondeu: `Infelizmente¿. Eu ficava magoada, mas o mais importante para mim era o bebê. A gente tinha uma outra questão, pois o filho dele não gostava da família nova e isso agravou as coisas. Na Páscoa de 2008, eu estava de quatro meses e ele me deu o primeiro tapa na cara. Fiquei aterrorizada, fui para a casa dos meus pais, mas não consegui contar, era meu segundo casamento e eu não queria mudar a visão que eles tinham de mim. Na semana seguinte, depois de outra briga, eu disse que aquilo se encerrava ali. Ele me chutou pelas costas, caí com a barriga no chão e ele continuou me batendo. À noite, tive sangramento, fui para o hospital, fiz exames e ficou constatada a morte do meu bebê. Fiquei arrasada. Mas não fiz nada achando que tudo ia mudar, e, além disso, ainda estava em tratamento e precisando de cuidados. Hoje, analisando, acho que sempre esperamos a redenção da pessoa, mas não acontece e, por isso, temos tantas mortes. Em casa, ele continuou como se nada tivesse acontecido, como se ele não houvesse me batido, e ficou mais na dele. Dois meses depois, me chamou para uma viagem só nossa e ali achei que a gente ia se acertar. Quinze dias depois, descobri que estava grávida de novo. Era uma gravidez de risco, fiquei de repouso o tempo todo e minha filha nasceu em 2009. Logo depois, houve um desentendimento com o filho dele em um almoço na casa dos meus pais, a situação piorou e ele passou a tratar mal meu menino, que teve depressão e foi morar com os avós. Meu marido dizia coisas pavorosas, que eu merecia ter câncer e que queria uma morte lenta para mim. E começou a me bater toda semana, uma, duas vezes… E a forçar o sexo quando eu não queria, me estuprava. Só em 2013 é que tive coragem, peguei a minha filha no colo e fiz um boletim de ocorrência. Pedi separação de corpos e ele saiu de casa. Separada, a luta continuou para conseguir pensão alimentícia, ele nunca ia às audiências… Passei por muita dificuldade financeira, mesmo fazendo uns trabalhos como arquiteta. Um dia ele me convidou para almoçar, estava deprimido e topei acompanhá-lo a um psiquiatra. O diagnóstico foi de bipolaridade e sociopatia. Como ele cuidou de mim no câncer, resolvi retribuir e ele ficou em casa enquanto se tratava. Virou outra pessoa com os remédios. Mas, quando começou a melhorar, resolveu parar de tomá-los e o pesadelo voltou. A violência veio em um grau absurdamente multiplicado. O xingamento virou soco, o estupro virou agressão seguida de estupro. Aguentei até o momento em que fiquei deprimida, fui ao médico e comecei a me tratar para ter coragem de me livrar daquilo. Também conversei com advogados e fiquei por dentro da lei e do que eu podia fazer. Aí, o que parecia que não podia piorar piorou. Descobri que ele estava molestando nossa filha. Virei bicho e o expulsei de casa. Isso foi em setembro de 2016. Fui para a casa dos meus pais. Minha filha tem traumas profundos e vive com problemas de saúde. Não consegui retomar minha carreira, pois meu câncer voltou. Ele me tirou como dependente do plano de saúde e estou fazendo tratamento pelo SUS, o que demora muito, não sei como vai ser. Tenho uma ação correndo, mas me frustro muito com o sistema. Ele já descumpriu a medida protetiva três vezes e não foi preso. Espero que seja um dia, e quando isso acontecer conseguirei de certa forma me desfazer de tudo que passei. O que espero da minha vida? Que eu acorde um dia me sentindo viva. Não sou vitoriosa, sou uma sobrevivente.”

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Mão
(iStock/Think Stock/Getty Images)

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Camila*, 46 anos, produtora, Curitiba (PR)

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“A primeira vez que meu marido me estuprou foi em maio de 1995, na nossa lua de mel. Nossas famílias faziam parte de uma igreja mórmon e uma das cerimônias de casamento foi em um templo em São Paulo. No caminho para Curitiba, onde nasci e morava, ficamos em um hotel para passar a noite de núpcias. Eu tinha 24 anos e casei virgem. Me guardei para esse momento, que deveria ter sido muito bom e para mim foi de terror. Chegando ao quarto, fui tomar banho e tranquei a porta para ele não me ver – estava com vergonha, pois a gente não tinha nenhuma intimidade. Quando saí, ele me pegou, me colocou em uma cadeira e disse que precisava falar uma coisa muito séria, que talvez eu me assustasse, mas tinha que ser daquela forma. Disse que as mulheres são sujas e que precisam de uma limpeza, pois ele não poderia ter uma relação sexual com uma pessoa suja. Como nunca conversei sobre essas coisas com minha mãe, com minha família nem com as mulheres da igreja, achei que era dessa forma mesmo. Ele amarrou minhas mãos para trás, comecei a ficar assustada e ele tapou minha boca. Começou a limpar minha vagina com uma escova de dentes e me estuprou na minha primeira vez. Foi muito dolorido, me machucou muito, sangrou muito. Amanheci fraca. A gente viajou para uma cidade no Rio Grande do Sul e durante os 15 dias de lua de mel fui violentada. Eu não sabia o que pensar sobre aquele pesadelo. Quando voltamos para casa, ele agiu como se nada tivesse acontecido, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele chegava do trabalho e eu já sabia que ia passar por aquela `limpeza¿. Algumas vezes era carinhoso, mas eu tinha nojo do cheiro dele. Fiquei casada durante 18 anos e não me lembro de nenhuma vez em que transei porque quis. Me calei, não contei a ninguém, me preocupava com meu pai, com minha mãe… Fui deixando, e só vi que não era normal quando começaram as agressões físicas e as privações. Passei a não ter mais acesso às pessoas, só ia à casa de parentes acompanhada dele e ficava o dia trancada em casa. Um dia, me cansei e resolvi procurar um emprego escondida. Eu já havia trabalhado antes do casamento com produção para filmes e comerciais. Retomei um contato meu e consegui um frila. Como ele não podia saber, fugi de casa na hora em que ele tomava banho e só voltei de madrugada, quando as filmagens terminaram. Foi horrível, ele foi muito agressivo. Mas acabei enfrentando e fui fazendo outros trabalhos mesmo contra a vontade dele, que achava que eu estava louca e me mandou fazer terapia. Foi minha salvação. Eu tinha vergonha e ficava muito assustada nas sessões. Só depois de um ano tive coragem de falar quando surgiu o assunto de como eram minhas relações sexuais. Fiquei sabendo que aquilo não era normal, que não deveria acontecer com ninguém. Também achei na internet o Grupo de Apoio à Mulher, o Gram, e comecei a participar de conversas pelo WhastApp com outras vítimas e psicólogas, o que me deu mais força. Durante dois anos planejei meu divórcio. Precisava ficar forte psicologicamente e juntar dinheiro para poder sair de casa e cuidar dos meus filhos. Tenho dois meninos lindos desse relacionamento, um de 19 e outro de 11 anos. Por causa deles, não dei nem vou dar queixa, pois tenho medo de eles nunca mais olharem na minha cara. No dia em que pedi a separação, em 2013, chamei meu pai em casa, pedi para os dois ficarem na sala pois tinha uma coisa importante pra falar. O traste não acreditou quando falei sobre divórcio, deu um sorriso cínico de lado e disse que não era possível, que eu iria me arrepender. Meu pai, mesmo não sabendo da violência que eu sofria, percebeu que eu era infeliz e disse `Vamos procurar um advogado e fazer tudo, pois quero ver de novo o brilho dos seus olhos’. Nesse momento percebi que eu ia ter um colo, alguém que me socorresse. `Se é isso que você quer, é isso que você vai ter, mas meus filhos vão comigo¿, ele falou. E até hoje luto pela guarda do meu menor. Mudei de casa e consegui firmar minha carreira de produtora. Como temos guarda compartilhada, sou obrigada a dizer ao ex-marido tudo o que faço com eles, e vice-versa. Mas agora vivo a minha vida. Demorei um pouco para permitir que as pessoas se aproximassem, a deixar alguém me abraçar, tinha medo. Voltei a me relacionar e tive dois namorados. Sei agora que sexo é outra coisa, que é bom. E mais importante: descobri dentro de mim uma força enorme, uma capacidade de ser feliz da qual eu nunca mais vou abrir mão.”

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Paula*, 37 anos, bancária, Brasília (DF)

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“Se você me perguntar agora, não lembro quando foi exatamente a segunda, a terceira nem a quarta vez em que apanhei. Só me lembro mesmo da primeira. Sou de Goiânia e conheci meu marido quando tinha 8 anos. Aos 14, começamos a ficar. Aos 18, o namoro engatou e engravidei. Foi um susto, e ele pediu que eu tirasse. Só voltou atrás quando eu disse que teria o filho de qualquer jeito. Um dia qualquer, eu estava com três meses de gravidez e me deitei no sofá para ver TV. Meu marido não queria ver a mesma coisa que eu, então levou um rádio para a sala e ligou o som bem alto. Desliguei a TV e saí. Ele ficou muito irritado dizendo que eu não queria ficar com ele. Durante a discussão, falou que ia embora e começou a fazer a mala. Fiquei desesperada. Não queria ver meu casamento acabar daquela forma, ver o que ele estava fazendo, então fui em direção à porta. Quando dei um passo para fora, ele me puxou pelo cabelo com toda a força e me jogou no sofá. Fui para a cozinha e fiquei no chão chorando. À noite, ele perguntou se eu estava bem, foi carinhoso. Achei que não fosse acontecer de novo, estava feliz, pois o casamento não ia acabar. Faz 14 anos. Depois disso, só tenho na cabeça que de repente virou uma coisa recorrente e progressiva. Uma vez por mês, depois uma por semana. Me batia na cabeça e na região lombar para que ninguém visse os hematomas. Quando minha filha tinha uns 8 meses, contei a uma colega de faculdade, que me disse para tomar cuidado, pois uma madrinha dela havia morrido por causa desse tipo de violência. Fui à Delegacia da Mulher e fiz uma denúncia. Quatro meses depois, fomos chamados para a audiência. Ele ficou quietinho e nos reconciliamos. Nos momentos em que me batia, eu ficava mais distante e ele vinha me dizer que não queria me perder – e eu cedia. Depois de dois anos, resolvi pedir a separação, e aí comecei a ser mais agredida e ele começou a me estuprar. Eu me recusava a transar e era forçada. Em algumas noites eu acordava e ele estava com a mão dentro de mim. Quando fizemos 8 anos de casamento, fiquei grávida novamente. Meu segundo filho foi fruto de um estupro. Ele dizia que ia matar a nós três se tivesse denúncia ou pedido de separação. Sou bancária e em 2012 fui transferida para Brasília. Quatro meses depois de chegarmos à cidade, ele me bateu. No dia seguinte, fiz a denúncia e pedi uma medida protetiva. Quando o oficial de justiça foi em casa, ele chorou e se fez de vítima. Hoje sei que isso é proibido, mas ali na minha sala o representante da Justiça fez nossa conciliação – dizia que eu tinha uma família linda. Deixei meu marido ficar em casa mesmo sabendo que isso era contra a lei, pois ele estava descumprindo a restrição. Quando foi marcada a audiência, contei aos meus pais, que me acompanharam. Ele saiu de casa em setembro de 2013 e em maio do ano seguinte saiu o divórcio litigioso. Nesse tempo, continuava me ligando. Mudei de casa e troquei de telefone três vezes. Agora parou e só falamos por mensagem sobre nossos filhos. Sei que nunca vai ser preso. Na hora da sentença, o juiz falou que se ele não estava me ameaçando encerraria o processo. Fiquei decepcionada, pois ele não pagou nada. Mas consegui seguir minha vida. Três anos atrás, comecei a namorar uma pessoa do trabalho e temos um filho de 2 anos. Não tenho parâmetro para saber se meu relacionamento é bom ou ruim, só sei que é normal.”

 

*Os nomes foram trocados a pedido das entrevistadas.

 

Mulher sentada tampando o rosto
(iStock/Think Stock/Getty Images)

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Rede de apoio

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Aqui, grupos formados por mulheres que podem dar orientação sem julgamento

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Mapa do Acolhimento 

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É uma plataforma online que permite que uma mulher vítima de violência encontre uma voluntária para atendimento psicológico e jurídico. Há profissionais disponíveis em dez cidades e a consulta pode ser feita tanto pessoalmente quanto via Skype. Lá também há um roteiro com avaliação dos serviços voltados para a mulher, como promotorias e delegacias.

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Grupo de Apoio à Mulher (GRAM)

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O grupo começou no Facebook em 2010 por iniciativa de Solange Pires Revorêdo, que sofreu violência doméstica. Ela criou uma página para compartilhar artigos e informações, até que mulheres começaram a pedir ajuda inbox. “Hoje fazemos encontros e temos um grupo no WhastApp com vítimas e voluntárias”, conta Solange, que faz o encaminhamento para assistência social, jurídica e psicológica, se preciso.

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Debates Integrados pela Valorização no Atendimento para Mulheres (DIVAM)

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É uma rede de analistas mulheres que também atende vítimas de violência na cidade de São Paulo. O contato inicial é pelo telefone (11) 93002-4716 ou email rede.divam@gmail.com. Depois de uma entrevista de triagem, é feito o encaminhamento para o consultório.

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Tamo juntas

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Nasceu em 2016, dentro da campanha #MaisAmorEntreNós, iniciada pela advogada baiana Laina Crisóstomo. A ela se juntaram Carolina Rola e Aline Nascimento para criar uma organização que dá assessoria jurídica, psicológica, social e pedagógica gratuita a mulheres em todo o país.

 

 

 

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