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Você sabe se relacionar, sem preconceito, com pessoas trans?

Saiu no site UNIVERSA:

 

Veja publicação original: Você sabe se relacionar, sem preconceito, com pessoas trans?

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“Está cada vez mais insuportável conviver com os meus ‘intrusos’. A cada avanço corporal que tenho, devido ao tratamento hormonal, a presença deles me machuca mais. O uso diário do binder (faixa elástica para cobrir os seios) está me causando problemas respiratórios e dores na coluna. Sinto a necessidade de deixá-los ainda mais apertados, mesmo que me sufoque e eu não consiga respirar. Não abraço as pessoas com medo de sentirem o volume ou as faixas. É muito estranho que um homem barbudo tenha peitos tão grandes como os meus. Uso camisa preta e folgada com medo de que descubram que sou trans.”

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A revelação, que também é um pedido de ajuda para conseguir recursos para a retirada dos ‘intrusos’, os seios, é de Arthur Vinícius Gomes, pernambucano, de 21 anos, que atualmente mora em Salvador. A “mastectomia maculinizadora” é oferecida pelo SUS, mas o processo é longo e pode demorar até dez anos. Em hospitais particulares o procedimento custa de R$ 8 mil a R$ 20 mil.

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A cirurgia de retirada dos seios também é o sonho de Pedro Benedito Filho, de 22 anos, que começou o processo de transição há 11 meses: “Eu não sabia o que era um transgênero, então me identificava como lésbica, até que um amigo veio conversar comigo sobre o assunto. Aí caiu a ficha, aos 19 anos. Minha mãe foi vendo minhas mudanças, mas até hoje não consigo conversar com ela. Nem ela, nem meus familiares me entendem, dizem que é algo momentâneo, que sou assim porque não ‘provei da fruta’. Não recebo apoio de meus familiares, muito menos sou respeitado”, revela.

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Apesar de se identificar como trans homem hétero, Pedro se sentiu forçado a se relacionar com outros homens: “Fui obrigado a namorar homens para não sujar a imagem da família com boatos de que eu gostava de mulher. Por minha mãe eu estaria casado com um homem, preso no corpo e numa vida que nunca me pertenceu”.

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“Por eu ser um cara hétero, ouço mais comentários das mulheres cis* hétero. Elas falam que não querem se relacionar com um homem trans por não ter ‘pênis de verdade’, ou porque não é ‘homem de verdade’. Esse tipo comentário também é feito por homens gays. Minha ex-companheira, por exemplo, me conheceu antes da transição, e da parte dela só recebi preconceito. Atualmente estou em um novo relacionamento e minha companheira me respeita bastante. São raras as pessoas que se comprometem 100% com uma pessoa trans. Tive sorte de encontrá-la”, conta Pedro. (Foto: Arquivo Pessoal)

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*Cisgênero ou apenas “cis” é o termo utilizado para se referir ao indivíduo que se identifica, em todos os aspectos, com o seu “gênero de nascença”. Serve para designar pessoas não-trans.

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Estudante de Moda, Maju Andrade se entendeu como mulher trans aos 18 anos. “Já beijei meninas, já tive interesse por pessoas não-binárias*, mas só me relacionei com homens até agora. Ainda existe muito preconceito com os corpos trans, vejo muita rejeição do próprio meio LGBTTTIQ por causa dos genitais”.

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*Não-binário ou genderqueer são termos para identidades de gênero que não sejam exclusivamente homem ou mulher, mas uma combinação de gêneros.

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Maju, que celebra o crescimento dos seios como resultado da transição, também exala felicidade pelo relacionamento com o namorado, Lucas, de 18 anos, homem trans. “Foi arrebatador”, escreveu ela em seu Instagram.

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Luísa Ventim, de 25 anos, é cantora, atriz e estudante de Ciências Sociais na UFBA, e conta que se descobriu diferente aos 12 de idade: “Meu corpo sempre teve mais traços femininos que masculinos. Minha voz não engrossou como a maioria dos rapazes, e meus seios cresceram o suficiente para que eu fosse assediada e sofresse bullying por isso. Aos 15 começaram as disforias: os pelos em meu corpo e no rosto me davam muita tristeza, fora as roupas masculinas. Porém esse assunto, a transexualidade e questões de gênero, não estavam tão em alta e eu não sabia como levar isso”. Ela explica que aos 21 anos se entendeu transexual com a ajuda de um amigo, e começou a introduzir aos poucos o assunto para a mãe.

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1 assassinato a cada 48 horas

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Dados da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) confirmam a declaração de Luísa sobre a realidade de travestis e transexuais no Brasil e mostram um cenário devastador: 86 pessoas trans foram assassinadas no primeiro semestre deste ano (1 a cada 48 horas). A maioria do gênero feminino, negras e prostitutas.

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“A negação de tal motivação, é exatamente o que nos faz pensar o quanto a transfobia está naturalizada e é permitida em nossa sociedade. Negar a motivação transfóbica destes assassinatos é, antes de mais nada, jogar a culpa (por terem sido mortas) nas vítimas, ao tentar justificar que foram assassinadas – de forma quase sempre extrema – por estarem em ambientes violentos, em sua maioria na prostituição de rua ou sugerir que estavam envolvidas com atos ilícitos. É esquecer que foram o Estado e a sociedade, com todos os seus mecanismos simbólicos de exclusão que as colocou ali, naquele lugar. O não-lugar, como gostamos de nos referir no movimento social” manifesta-se a ANTRA em seu site.

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“Ser trans não é algo que me incomoda, mas é uma tatuagem na testa, compreende? Afinal, quantas meninas trans e travestis você já abraçou no seu dia a dia? Quantas meninas trans e travestis você tem no seu meio de trabalho? Quantas meninas trans e travestis estão dentro de universidades? Não pensam se você é a mais inteligente, mais engraçada, mais atenciosa, ou qualquer outra característica de personalidade. Você é resumida apenas a isso e as pessoas sempre vão falar ‘Ah, Fulana? A trans, né?!’. O incômodo não está em terem curiosidade se eu sou trans, mas no fato de que as pessoas não sabem se relacionar co

 

 

 

 

 

 

 

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