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Prestes a estrear no cinema com comédia que foi sucesso no teatro, Suzana Pires fala sobre carreira e feminismo

Saiu no site O GLOBO

 

Veja publicação original: Prestes a estrear no cinema com comédia que foi sucesso no teatro, Suzana Pires fala sobre carreira e feminismo

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Atriz e roteirista carioca, de 43 anos, reflete sobre a carreira e se joga nos terninhos em ensaio de moda

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“Sempre tive uma postura na vida e fiz escolhas que já eram ‘donas de si’”, diz Suzana Pires, entre goles de refrigerante e gargalhadas. A primeira frase dita pela atriz e roteirista carioca, de 43 anos, é um retrato de sua trajetória inquieta. Formada em Filosofia pela PUC-Rio, ela começou a trabalhar como atriz na década de 1990. Paralelamente, cultivava outra habilidade, a da escrita, equilibrando as duas atividades com obstinação. Em 2006, deu um passo além: combinou seus talentos em um projeto pessoal ao montar o monólogo “De perto, ela não é normal”. Suzana escreveu o texto, atuou e produziu o espetáculo com R$ 2.800, experimentando na pele as dores e as delícias de ser empreendedora. A peça foi um sucesso e teve uma longa carreira. A partir dela, Suzana foi convidada para interpretar papéis bacanas na TV e também se tornou roteirista de programas de humor na Globo.

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Consagrada como atriz, poderia ter seguido em linha reta, mas fez justamente o contrário. Mergulhou na dramaturgia e, em 2016, dividiu com Walter Negrão e Júlio Fischer a autoria da novela “Sol nascente”. E aí, mais uma guinada: logo no começo da novela, Negrão ficou doente, afastou-se, e foi ela quem ficou à frente do folhetim, que terminou com o ibope nas alturas. Como se não fosse o suficiente, em 2017, passou a assinar a coluna Dona de Si, no site de uma importante revista feminina. Suas palavras criaram vida, viraram uma marca de conteúdo e se desdobraram em palestras e coleções de moda.

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Com fôlego de maratonista, ano passado, criou o Instituto Dona de Si. Nele, a atriz acelera outras mulheres para que elas alcancem protagonismo criativo e “assinem o cheque”. E tem mais: ano que vem, chegará ao cinema o longa “De perto, ela não é normal”, no qual Suzana atua e é também roteirista e produtora associada. O filme, baseado na comédia homônima, tem orçamento robusto. “A peça mudou a minha vida e multiplicou R$ 2.800 por tudo isso. Esse é o meu case de empreendedorismo artístico.”

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Cabeça de novelista

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“Nasci atriz e sempre escrevi. Fui contratada pela Globo nas duas atividades. Comecei na TV redigindo humor; depois de dois anos, fui transferida para a equipe do Walter Negrão, de dramaturgia. Achei que fosse ser colaboradora, mas rapidamente passei a criar junto porque esse já era o meu background . E fui pronta para isso, cursei Filosofia para preparar a autora, estudei os gregos. Em menos de um ano, Negrão falou: ‘Você tem cabeça de novelista’. Na hora, eu quase não comprei a ideia, mas em seguida pensei: ‘Se é ele quem está falando, deve ter razão’. Passados cinco minutos de dúvida, ou melhor, três e meio ( risos ), respondi: ‘Ok, agora quero aprender tudo, ser seu braço direito.’ Foram oito anos de parceria.”

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Atriz bem-resolvida

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“Como atriz, cheguei a um lugar que me permite avaliar o trabalho e falar: ‘Isso me interessa, isso não’. São 25 anos de carreira. Quando Negrão me chamou para ser uma das autoras de ‘Sol nascente’, em 2016, já estava diminuindo o ritmo. Decidi inverter o protagonismo. Gosto de planejar os movimentos da vida, não curto muito ser levada. Se me falam que posso ser novelista e acredito, dali planejo como fazer dar certo.”

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Outras palavras

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“Meses depois de a novela terminar, surgiu a coluna ‘Dona de Si’ (então na revista Marie Claire e, atualmente, na Vogue) . É a minha voz autônoma, diferente de falar por meio de personagens. Decidi focar na relação da mulher com o dinheiro, que engloba várias coisas: o DNA histórico de que ganhá-lo está associado à prostituição, que é ruim ser ambiciosa, que não entendemos de finanças. Isso me levou ao meu assunto: mulher tem que assinar o cheque. ‘Dona de Si’ virou um conceito: quem se vê como seu próprio empreendimento passa a pensar de outra maneira. Para termos poder, precisamos conhecer nossas habilidades e vulnerabilidades.”

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SUZANA PIRES MOSTRA A VERSATILIDADE DE UM TERNINHO

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Feminismo

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“A Simone de Beauvoir entrou na minha vida aos 14 anos. Meu pai e minha mãe me deram toda a coleção dela por sacarem que eu tinha jeitinho de feminista. Eles falaram assim: ‘Quer ter esse jeitinho? Então, se informe para não ser feminista de butique’. Hoje, agradeço por ter estudado bastante e saber onde estou na fila do pão. Não utilizo mais a palavra feminismo, prefiro sororidade, mulheres unidas, igualdade. O termo é maravilhoso, mas hoje é visto como o contrário de machismo e ‘coisa da esquerda’. Se eu posto hashtag feminismo vem um monte de loucura que não tem nada a ver com o assunto.”

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O céu é o limite

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“A partir da coluna, passei a ser convidada para palestras sobre carreira e empreendedorismo. E vieram as coleções de bolsa, body, joia, foi muita coisa. Então, me dei conta de que os números femininos dentro da economia criativa não eram satisfatórios. Por isso, há um ano, fundei o Instituto Dona de Si para atuar em cinco áreas: audiovisual, moda, gastronomia, literatura e games. Não quero capacitar ninguém; desejo acelerar quem está batendo a cabeça no teto. Temos uma sede na Barra e, no ano que vem, abriremos uma em São Paulo. Oferecemos cursos presenciais de empreendedorismo criativo em cada um destes segmentos.”

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Cinema

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“Dois homens escreveram o roteiro do filme (‘De perto, ela não é normal’) antes de mim. Não deu certo. Quando, finalmente, os produtores me deixaram redigir a minha peça para o cinema, ninguém teve dúvidas do resultado. Este episódio também me fez querer montar o Instituto. Pensei: ‘Se isso acontece comigo, que sou atriz conhecida e autora de novela, imagina com as minhas colegas? ’. Também somos o primeiro filme brasileiro a usar a cláusula de inclusão, criada nos Estados Unidos. Ao assiná-la, é estabelecido o compromisso de montar um elenco e uma equipe técnica com a diversidade existente no país.”

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Leve e divertida

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“Nasci no dia de Santo Antônio, que nunca me faltou (risos). Agora, estou solteira, numa fase calma, de reavaliação, sem ansiedade. De um tempo para cá, comecei a querer ter um parceiro e não uma pessoa que cuide de mim. O que mais assusta os homens é quando eles veem a minha fragilidade. Não sou mandona nem caçadora. Se a pessoa não vem, eu não vou. Mas também já olhei de um jeito que ou ele toma uma atitude ou não quer (risos). Quem estiver esperando a mulher da foto, aquela morena do cabelão, não vai rolar. A única coisa que posso garantir é ser uma pessoa leve e divertida.”

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Maternidade

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“Não tenho vontade de ser mãe, e isso não é um problema. Quando era criança, minha brincadeira de boneca não era ficar com o Ken e, sim, pegar uma mala e viajar. Com 27 anos, ao ver todas as minhas amigas se casando, falei para minha mãe: ‘Nossa, que louco, eu e a fulana não vamos nos casar nessa leva’. Ela respondeu: ‘Minha filha, você está toda coerente, a sua Barbie usava uma mala’. Aí eu me dei conta de que a minha vida era uma mala. Eu viajo para caramba, estou sempre querendo explorar coisas, tenho essa alma desbravadora. Mas, se um dia eu quiser filhos, vou tê-los.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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