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Supertaça de Itália joga-se na Arábia Saudita. Mulheres só podem ir acompanhadas por homens

Saiu no site JORNAL ECONÔMICO – PORTUGAL

 

Veja publicação original:  Supertaça de Itália joga-se na Arábia Saudita. Mulheres só podem ir acompanhadas por homens

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O encontro disputa-se esta quarta-feira e tem sido marcado por vários protestos de políticos italianos e ativistas dos direitos humanos. Mulheres ficarão isoladas numa bancada com visibilidade reduzida para o relvado.

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A supertaça de Itália que coloca frente-a-frente o AC Milan e a Juventus, de Cristiano Ronaldo, no estádio Cidade Desportiva Rei Abdullah, localizado a 60 quilómetros a norte da cidade de Jeddah, está envolta em polémica e protestos, pelo facto do jogo ser disputado na Arábia Saudita e das mulheres só poderem assistir ao jogo se forem acompanhadas por homens. A decisão foi tomada em 2018, e é válida para a edição deste ano e das próximas três épocas.

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No entanto, e apesar de serem acompanhadas por um membro do sexo masculino, as mulheres terão zonas do estádio interditas, podendo apenas comprar bilhetes para as bancadas com menor visibilidade para o relvado. O modelo de venda de bilhetes do estádio saudita é complexo. Por um lado, há um modelo de bilhete para bancadas próximas do terreno de jogo, exclusivo a espetadores ‘individuais’, ou seja homens.

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Os restantes bilhetes, a que as mulheres poderão ter acesso, são para zonas do estádio com menor visibilidade para o campo. Contudo, existe ainda a dúvida levantada por Gaetano Micciché, presidente da Serie A, sob se as mulheres vão poder entrar sozinhas no estádio. O que ainda não se percebeu é se para o poderem fazer, não terão de comprar bilhetes mais caros.

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Esta regra já levou a que algumas mulheres italianas decidem-se não viajar para a Arábia Saudita, de modo a assistirem ao jogo. Um desses casos é de uma adepta do AC Milan, Maria Luisa Garatti, que vai perder o seu primeiro jogo do clube italiano, em casa ou fora nos últimos anos.

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“Eles admitiram que as mulheres sozinhas poderiam ir ao jogo, mas o facto é que eu ainda teria de vê-lo num determinado setor, longe dos meus amigos, com quem não podia cantar e dar apoio ao meu clube”, afirmou a advogada de 49 anos, ao jornal italiano “Corriere della Sera”.

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Matteo Salvini, atual ministro do Interior de Itália e militante do partido de extrema-direita Liga Norte, já havia mostrado a sua indignação, através de uma mensagem no Facebook, perante esta decisão. “Que a supertaça italiana se jogue num país islâmico onde as mulheres não podem ir ao estádio se não forem acompanhadas por um homem é uma tristeza, um asco. Este jogo não vejo. Um futuro parecido em Itália para as nossas filhas não quero”.

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Este acordo irá dar aos cofres da Serie A, 20 milhões de euros, mais 3,5 milhões para as equipas participantes. Outra polémica a envolver este encontro são os protestos por parte de políticos italianos e ativistas dos direitos humanos, que subiram de tom, após o assassinato em outubro de 2018, do jornalista do “Washington Post”, Jamal Khashoggi, no consulado saudita de Istambul, na Turquia.

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Para esta quarta-feira está previsto um protesto na embaixada saudita em Roma, do sindicato dos jornalistas e grupos de direitos humanos da Amnistia Internacional, bem como do sindicato dos jornalistas da televisão pública italiana “RAI”, que irá transmitir a partida, sob o lema ‘um pontapé contra os direitos humanos’.

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Num comunicado conjunto estas entidades referem que “sete milhões de euros, é quanto vale o silêncio face às bombas que massacraram civis no Iémen durante quatro anos. Face ao alistamento de crianças-soldado. Face ao assassinato brutal do jornalista Jamal Khashoggi. Face às investigações que apontaram como instigador direto o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman. Face a um estádio com ‘setores reservados para homens’. Face a um país onde os direitos das mulheres ainda estão esmagados e muitos ativistas estão na prisão”.

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Os bilhetes para a partida entre a Juventus e o AC Milan esgotaram em menos de dois dias, com os primeiros 50 mil ingressos a serem vendidos em apenas quatro horas. O encontro está marcado para as 17h30, hora portuguesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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