HOME

Home

“Ser paraplégica não me impediu de realizar o sonho de me tornar bailarina”

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação original:   “Ser paraplégica não me impediu de realizar o sonho de me tornar bailarina”

.

Gabriela Amorim, de 22 anos, mora em Maceió, Alagoas, e nasceu com uma má formação na coluna, o que a tornou paraplégica. Sua condição como pessoa com deficiência não a impediu de realizar o sonho de dançar balé. Bailarina desde os 9 anos, ela pretende ser inspiração para outras mulheres

.

Por Gabriela Amorim em depoimento a Priscilla Geremias

.

Nasci com uma deficiência chamada mielomeningocele, também conhecida como espinha bífida aberta,que consiste em uma má formação na coluna, o que me tornou paraplégica. Mas isso nunca foi empecilho pra sonhar e pra lutar pelo que eu sempre quis. Sempre fui uma menina muito alegre e minha deficiência nunca foi motivo de tristeza pra mim. Aos 9 anos de idade, estava num teatro assistindo uma apresentação da minha atual academia e pedi para minha mãe pra fazer balé clássico, ela ficou muito surpresa com o pedido, por eu ser uma criança cadeirante e querer fazer uma arte que exige tanto das pernas. Mas ela sempre acreditou nas coisas que eu quis e foi em busca de encontrar um lugar que eu poderia ter aulas.

.

Eu não conhecia nada do mundo da dança, mas me tornei a única bailarina cadeirante de Alagoas. Tenho 22 anos e 13 deles no balé, no palco, que é a minha casa. Dançar mudou a minha vida e me tornou uma pessoa muito mais completa. Aprendi a dançar na cadeira como aprendi a andar com ela. Eu sempre fui disposta e aberta a fazer tudo o que uma pessoa que anda faz, com as minhas limitações. Tanto é que, quando minha mãe me colocou no balé, ela disse para minhas professoras: “aprendam com minha filha”. Foi uma troca de aprendizados.

.

Tive dificuldades porque tinha muito medo de cair, coisa que qualquer bailarino tem. Em 2010, tive uma queda durante uma apresentação, mas percebi que ali me tornei bailarina de verdade. Costumo dizer que foi um marco da minha vida na dança, pude cair como todos. Nunca sofri preconceito na escola de balé, sou muito extrovertida, gosto de fazer amigos e minha professora nunca permitiu que ninguém faltasse com respeito com outra pessoa. Ela tem o cuidado de me pedir licença toda vez que move minha cadeira, porque era um costume das pessoas me empurrarem sem saber se eu queria. Eu entendo que minha condição como cadeirante não me faz menor do que ninguém.

.

Minha deficiência sempre foi algo que eu quis mostrar pro mundo de uma forma bonita. Ano passado surgiu a oportunidade de fazer um ensaio fotográfico, ganhei uma promoção do Dia da Mulher, sou apaixonada por fotos e resolvi usar isso para mostrar como sou feliz do jeito que sou. Algumas pessoas acham que alguém com deficiência é coitado ou infeliz e que não tem autoestima. Não é nada disso. Sou uma pessoa normal, apenas com limitações. No ensaio eu abri meu mundo de pessoa com deficiência, mostrar minha cicatriz nas costas, minhas rodas, que são o que me movem.

.

Raramente tenho problemas de autoestima, quando tenho é em relação ao meu peso, mas nunca sobre a deficiência. Me acha incrível como sou, com minha coluna e pé torto. As fotos que fiz também me ajudaram a ver que sou bonita desse jeito e alcançou outras pessoas. Fiz amigas cadeirantes que manifestaram interesse em dançar também. Claro que isso não me impediu de pensar em desistir, mas quando eu danço sempre lembro que é o que quero para a vida inteira. Sou muito sonhadora, penso em abrir minha própria escola de dança e ser inspiração para outras mulheres. Meu maior medo é não viver intensamente, aproveitar cada dia, eu vou para festa, curto, danço como se não houvesse amanhã. Triste é não aproveitar que estou viva.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

HOME