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“Sê uma boa menina e vai lavar pratos”: a cada 30 segundos, uma mulher recebe um tweet abusivo

Saiu no site EXPRESS – PORTUGAL

 

Veja publicação original: “Sê uma boa menina e vai lavar pratos”: a cada 30 segundos, uma mulher recebe um tweet abusivo

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778 mulheres, todas elas políticas ou jornalistas britânicas e norte-americanas. Mencionadas em mais de 14 milhões de tweets, ofendidas em mais de um milhão

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Por Marta Gonçalves

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“Can you just fucking die bitch?”
Podes apenas morrer, cabra?

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“You are shameless”
“És uma desavergonhada”

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“Be a good girl and go wash dishes”
“Sê uma boa menina e vai lavar pratos”

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“Do the right thing and go back to your ethnic homeland you evil bitch”
“Faz a coisa certa e volta para a tua terra étnica, cabra maldosa”

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“Hey whore. You should disappear while you still can. You’re pretty easy to find.”
“Hey vaca. Devias desaparecer enquanto podes. É muito fácil encontrar-te”

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Tudo isto que acaba de ler são insultos publicados no Twitter e dirigidos a mulheres. São considerados tweets abusivos ou problemáticos. E como estes há muitos mais exemplos. Na verdade, mais de 7% dos tweets enviados às 778 mulheres em análise eram ofensivos. Na prática, as políticas e jornalistas norte-americanas e britânicas que integraram o estudo, recebem um tweet abusivo a cada 30 segundos.

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“Estamos a passar por um momento ímpar com as mulheres em todo o mundo a usarem a sua voz para denunciarem os abusos que enfrentam e amplificam as suas vozes através de plataformas como as redes sociais. No entanto, a falha efetiva do Twitter em enfrentar a violência e abuso na sua plataforma tem um efeito inibidor da liberdade de expressão online e prejudica a mobilização feminina para igualdade e justiça – sobretudo em grupos de mulheres que já se deparam com discriminação e marginalização”, pode ler-se nas conclusões do “Troll Patrol Report”, um estudo de análise de dados em larga escala sobre discurso online abusivo, discriminatório e de ódio contra as mulheres, que foi esta terça-feira divulgado com o apoio da Amnistia Internacional.

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Esta violência é maior quando se olha para os tweets recebidos por mulheres negras, asiáticas, latinas ou inter-raciais. Recebem cerca de três vezes mais menções do que as mulheres brancas. E afunilando ainda mais a amostra, no caso das mulheres negras, essa probabilidade é muito maior: é 84% mais provável receber algo abusivo ou problemático. “Inclui todos os tipos de abuso – ameaças físicas e sexuais, misoginia e ainda insultos raciais.”

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Um tweet abusivo é aquele que “promove a violência ou ameaças contra alguém tendo por base a sua raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual, género, identidade de género, religião, idade, deficiência ou doença grave”. E isto incluiu o expresso desejo de que algo de mal aconteça – como morte ou agressões -, as ameaças, a referência a determinados acontecimentos, incitar medo em alguém. Por outro lado, um tweet considerado problemático, habitualmente, “reforça estereótipos negativos ou perigosos contra um determinado grupo de pessoas”. Trata-se de conteúdos ofensivos mas não são necessariamente abusivos.

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Foram analisados milhares de tweets que mencionam 778 mulheres: todas as deputadas do Reino Unido, as membros do Congresso e Senado dos EUA, bem como as jornalistas dos britânicos “Daily Mail”, “Gal Dem”, “The Guardian”, “Pink News”, “The Sun” e também dos norte-americanos “Breitbart” e “The New York Times ”. Mais de 14 milhões de tweets referiam-se a estas mulheres. E mais de um milhão, era ofensivo.

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Um grupo de mais de seis mil voluntários, entre os 18 e 70 anos e de mais de 150 nacionalidades diferentes, analisou milhares de tweets ao longo de 2500 horas. A base dados em estudo remete para o período de janeiro a dezembro de 2017 e foi recolhida em março deste ano, numa altura em que algumas publicações já haviam sido apagadas ou as contas desativadas. “Por isso mesmo, só podemos assumir que a verdadeira escala de abuso seria ainda maior que aquela que os nossos resultados mostram.”

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Independentemente da profissão, política ou jornalística, e da posição política – republicano ou democrata e conservador ou trabalhista -, os “abusos online têm como alvo mulheres do espectro político”. E por isso a Amnistia apela a uma urgente intervenção do Twitter para explicar quais os procedimentos, a resposta e a divulgação de dados oficiais sobre violência e abuso contra as mulheres.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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