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Roxane Gay: Como um estupro na adolescência transformou a escritora em uma comedora compulsiva

SAIU NO SITE REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original:   Roxane Gay: Como um estupro na adolescência transformou a escritora em uma comedora compulsiva

 

Em novo livro, Fome, a escritora americana Roxane Gay conta como a gordura se tornou um escudo de proteção

 

 

 

Roxane Gay, 43 anos, é um dos nomes mais importantes do feminismo contemporâneo. Millennials de todo o mundo acompanham seus textos nos jornais The New York Times e The Guardian, além dos comentários afiados no Twitter. Seu livro The Bad Feminist (Novo Século, 321 págs., R$ 39,90), coleção de ensaios lançada em 2014, tornou-se uma referência sobre empoderamento feminino. Nele, ela lembra que, em meio a tantas discussões sobre os rumos do movimento, é importante não esquecer seu objetivo principal: equidade. E, com uma dose de humor, questiona o radicalismo que pune mulheres que gostam de transar em posições cinematográficas, entre outras máximas.

 

Em sua nova obra, Fome (Globo Livros, 272 págs., R$ 39,90), ela revela como um estupro coletivo que sofreu aos 12 anos transformou sua vida. Na época, um menino por quem ela era apaixonada, Christopher, a levou para uma casa numa floresta e, na companhia de colegas, a violentou física e sexualmente. “Implorava a Christopher que parasse, mas ele não parou.

 

[…] Ele se recusava a olhar para mim. Só segurou os meus punhos, cuspiu no meu rosto. […] Ele ria”, escreve. Sentindo-se culpada, Roxane guardou segredo sobre o crime por 30 anos. Os estupradores espalharam na escola que ela havia transado com todos eles por vontade, o que lhe rendeu, ainda, a fama de galinha – eles nunca se desculparam.

 

Numa tentativa consciente de se tornar indesejável, passou a comer compulsivamente. Adulta, chegou a pesar 262 kg. Em uma mistura de relatos pessoais e pensamentos sobre a sociedade americana, ela reflete como a gordofobia está entranhada na cultura atual. Na entrevista à Marie Claire, Roxane falou sobre o processo de escrita, o impacto da obra e o rígido padrão de beleza feminino.

 

Marie Claire Você escreveu Fome em busca de um processo terapêutico?
Roxane Gay De forma alguma pensei neste livro como terapia, embora, ao terminá-lo, eu sinta que tenho um maior entendimento de mim mesma e de como as minhas escolhas me afetaram. Escrevi porque queria falar sobre gordura. Mas, quando comecei, percebi que falar da minha experiência era importante. A recepção de Fome foi muito positiva e, de certa maneira, preocupante. Fiquei surpresa e triste em saber quantas mulheres e alguns homens têm histórias parecidas com a minha. Muitos leitores também me disseram que ajudei a mudar a maneira como eles encaram e tratam pessoas gordas, e isso é gratificante. Mais do que qualquer coisa, queria que as pessoas terminassem o livro tendo mais empatia com corpos muito diferentes dos seus.

MC O que você diria para meninas que sofreram o mesmo que você?
RG Para se abrirem e conversarem com alguém em que confiem porque manter a agressão sexual em segredo só vai machucá-las mais. Também diria o que digo a mim mesma: a culpa não é sua.

MC Como se sentiu depois de publicar seus segredos?
RG Foi terrível, mas me consola saber que criei uma pequena mudança em como pensam e falam sobre corpos gordos.

MC Como acha que as mulheres podem fazer as pazes com seu corpo?
RG Precisamos nos distanciar desses rígidos padrões e parar de tratar a magreza como o ideal e a gordura como um problema. A autoestima não pode ser medida pela aparência. A aparência muda. Nossa essência, não.

 

 

 

 

 

 

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