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Projeto escolar se transforma em aplicativo para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica

Saiu no site HOJE EM DIA 

 

Veja publicação original:  Projeto escolar se transforma em aplicativo para ajudar mulheres vítimas de violência doméstica

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Por Juliana Baeta

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Quando participaram da Feira de Ciências na Escola Estadual David Campista, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, em 2017, as irmãs Laisa e Tamara Tavares, hoje com 18 anos, e a amiga Taisha Almeida, de 19, nem imaginavam que o projeto escolar se tornaria um aplicativo que hoje já ajuda várias mulheres vítimas de violência doméstica.

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O FemHelp, lançado há cerca de duas semanas, já teve 100 downloads realizados e a expectativa é que com a visibilidade da plataforma, mais mulheres possam utilizar o serviço, que é gratuito. No app, as criadoras disponibilizam informações como a legislação em torno dos crimes contra a mulher, relatos de vítimas e os caminhos para se fazer a denúncia, além de um espaço onde elas podem conversar entre si e trocar experiências.

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Após o lançamento do app, a estudante Laisa Tavares conta que já recebeu diversos feedbacks positivos, inclusive de vítimas que, antes, não tinham coragem de fazer a denúncia.

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“Na plataforma nós direcionamos as mulheres que sofrem violência doméstica a denunicar seus agressores, disponibilizando informações como os contatos da PM da cidade e do Centro de Referência de Assistência Social da cidade. E há um ‘mural’ onde elas contam suas histórias e um chat onde apoiam umas às outras, o que dá força também para fazer a denúncia”.

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A ideia nasceu da própria percepção das estudantes que, mesmo tão jovens, já presenciavam casos de violência doméstica bem próximos a elas. “A gente via muita violência contra mulheres acontecendo, a minha tia mesmo sofria violência psicológica de um ex-marido e fomos acompanhando a história dela e vendo ela ficar presa àquele relacionamento. Isso é um um assunto muito recorrente quando se é mulher. Começamos a pensar em um jeito de ajudar as vítimas a pedirem socorro. Não temos o poder de prender os agressores, mas pelo menos poderíamos ajudar criando uma espécie de apoio psicológico e um direcionamento”, lembra Laisa.

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O burburinho em torno do serviço começou entre as próprias colegas de escola das jovens, que confidenciaram que também tinham problemas em encontrar os caminhos e a coragem para denunciar. Mas, a afinidade com o tema, além do fator biológico e cultural – nascer mulher em uma sociedade machista – também fez as amigas se atentarem a outros tipos de violência de gênero, além da doméstica.

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“Também percebíamos como o machismo influencia na vida da mulher, para citar um exemplo, a desigualdade salarial. E dentro da nossa escola mesmo, a gente percebe que quando as professoras que estão em sala de aula são mulheres elas são muito mais desrespeitadas pelos alunos do que os professores homens”, comenta.

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O aplicativo está disponível para download nos celulares com sistema Android e também acaba de ser liberado para os celulares da Apple. Nas páginas da FemHelp no Facebook e Instagram, é possível conferir como baixar a plataforma.

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Dois anos e 300 reais

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Da concepção do serviço na Feira de Ciências em 2017, passando pela midiatização da ideia, desenvolvimento do aplicativo e, enfim, seu lançamento no início deste ano, as jovens Laisa, Taisha e Tamara contaram com a ajuda de uma professora da escola e encontraram apoio nas autoridades políticas da cidade.

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“Quando pensamos no projeto na Feira de Ciências, uma professora, que também é assistente social, começou a nos ajudar a desenvolver a ideia e também dar visibilidade por meio da mídia. Com esse impulso inicial, começamos a criar várias contas nas redes sociais e depois o pessoal da cidade, os vereadores mesmo, abraçaram a ideia e nos ajudaram a transformar a ideia em aplicativo”, relara Laisa.

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Um dos feedbacks foi postado na página do FemHelp no Facebook antes mesmo da criação do aplicativo: “Oi, eu tinha curtido a página uma vez e vocês me ajudaram a sair de um relacionamento abusivo. Tive que fazer esse outro Facebook porque meu ex raqueou o primeiro. Muito obrigada, hoje ajudo uma amiga com as coisas que aprendo aqui”, diz o relato.

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Para tranformar a ideia em aplicativo foi preciso o investimento de apenas R$ 300,00 aproximadamente, que foi facilitado pelo vereador Gustavo Bonafé (PSDB).

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Hoje, as criadoras da plataforma são convidadas para dar palestras em escolas, em órgãos da prefeitura e em outras entidades sobre a experiência com o desenvolvimento do projeto e alertando sobre a violência doméstica e a necessidade de se fazer a denúncia. Recentemente, elas também foram homenageadas na Câmara dos Vereadores da cidade e pretendem divulgar intensamente o serviço para ajudar mais mulheres.

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“A gente não está pensando em retorno financeiro, até porque o app é gratuito e não vai deixar de ser. Estamos querendo dar mais visibilidade para que um número maior de mulheres possam ser alcançadas, eu gostaria que o serviço fosse conhecido até mesmo fora do país. A gente sonha alto mesmo”, brinca Laisa.

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Alerta 

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Como mostrou a reportagem do Hoje em Dia, publicada nessa quinta-feira (15), a cada hora, 15 mulheres sofrem algum tipo de violência doméstica em Minas. Só nos primeiros seis dias do ano, 2.186 se tornaram vítimas dentro da própria casa. O crime engloba da agressão verbal à física e termina, não raro, em morte. Somente nas duas primeiras semanas de 2019, 10 mulheres já foram vítimas de feminicídio no Estado e a tendência é que este número cresça ainda mais. Especialistas e até autoridades são unânimes em afirmar que a cultura machista e violenta da sociedade motiva a covardia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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