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Muito além do futebol, bola nos pés é uma saída para as meninas da Fundação Casa

Saiu no site YAHOO ESPORTES

 

Veja publicação original: Muito além do futebol, bola nos pés é uma saída para as meninas da Fundação Casa

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Por Stephanie Calazans

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Muito se ouve sobre como o futebol já salvou a vida de milhares de meninos periféricos que, muitas vezes, não veem outra saída que não seja o crime. Entretanto, assim como quase tudo no futebol, os holofotes se voltaram para eles, deixando na sombra as meninas que vivem exatamente a mesma situação – com o adendo que, se para eles já é difícil e já são raras as oportunidades, imagina para elas?

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Pouco se sabe, mas dentro da Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) existe um campo de futebol extremamente disputado pelas meninas de 12 a 17 anos que cumprem medidas socioeducativas e possuem muita fome de bola.

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O esporte, seja ele qual for, sempre se mostrou como uma excelente alternativa para adolescentes que estão em desenvolvimento e inseridos em meios não muito favoráveis. Trabalhar em grupo traz para as meninas a possibilidade de uma maior interação e um maior vínculo com o outro, além de estabelecer uma rotina e exigir – e fornecer – uma maior disciplina para essas garotas, mesmo que por apenas três horas semanais. Por isso, a instituição organiza torneios de society que já se mostraram um sucesso e reúnem uma média de 40 meninas de quatro unidades diferentes para disputarem a Copa Casa, no Clube Esperia, zona norte de São Paulo.

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Nascidas, em sua maioria, em famílias periféricas que precisam dessas meninas ajudando nas tarefas domésticas, elas ouviam muito mais vezes ao dia que “futebol não é coisa para mulher”. Mas é só ver a alegria e a determinação das reeducandas quando estão com a bola no pé, que elas comprovam, mais uma vez, que o gosto pelo futebol não tem gênero.

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O Estado de São Paulo possui seis unidades para abrigar meninas menores de idade que caíram no crime, com o tempo máximo de reclusão de três anos. Os delitos mais comuns dessas meninas são o tráfico de drogas e roubo.

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Durante o período que cumprem a medida socioeducativa, as meninas têm acesso a estudo, atividades físicas e cursos profissionalizantes. Inclusive, para serem escaladas, elas precisam apresentar bons resultados na escola, averiguados pelos juízes, que recebem um relatório trimestral de seus desempenhos.

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Mas elas também saem atrás quando falamos de igualdade de gênero. Os meninos, por exemplo, já jogam a Copa Casa há 15 anos, enquanto a versão feminina do torneio só existe há seis.

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A iniciativa do FF começou apenas em 2014, em uma parceria com o Corinthians, que resultou em três anos consecutivos de Campeonato no Parque São Jorge. Depois, houve uma edição no Sesc Sorocaba e desde então o torneio é disputado no Clube Esperia, sempre com muitas inscritas (o que, consequentemente, indica um bom desenvolvimento escolar dessas meninas), muita raça e muita habilidade.

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Taça das Favelas

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Jogadoras do Complexo Casa Verde comemoram o título da Taça das Favelas de 2019 (Joca Duarte/Photopress/Gazeta Press)

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Jogadoras do Complexo Casa Verde comemoram o título da Taça das Favelas de 2019 (Joca Duarte/Photopress/Gazeta Press)

 

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A Taça das Favelas tem exatamente o mesmo papel, mas com um ponto crucial: ela atua de forma mais preventiva. Dá às meninas a chance de se interessarem e se envolverem com o esporte antes de, um dia, possivelmente, serem apresentadas ao mundo do crime. O campeonato começou em 2012, no Rio de Janeiro, mas veio para São Paulo este ano e registrou cerca de 500 mulheres no Centro Esportivo Edson Arantes do Nascimento (Pelezão), querendo participar do torneio.

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Organizada pela Central Única das Favelas (CUFA), 32 comunidades femininas integram o campeonato. Para os meninos, a idade exigida é de 14 a 17 anos, permitindo-se ainda a inscrição de cinco jogadores com 18 anos. Para as meninas, não há restrição de idade.

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O campeonato tem como embaixadores o ex-jogador de futebol, Cafu, a ex-jogadora de basquete, Marta, e o rapper paulista, Dexter. Ao todo, mais de cem mil jovens e adolescentes participaram da competição, que começa com peneiras internas nas favelas.

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Além do benefício pessoal que traz para cada um desses jovens, o torneio é capaz de promover, através do esporte, “a integração das comunidades, a ressignificação do território e o fortalecimento da autoestima da juventude das favelas”, conforme consta no site oficial do campeonato.

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Durante o torneio, a CUFA ainda promove palestras e organiza workshops para os atletas, sempre visando o desenvolvimento pessoal dessa parcela da população. “Mais do que um torneio esportivo, a Taça das Favelas é o campeonato da integração social, levando a milhares de jovens valores educacionais e de cidadania”.

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