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Jovem denuncia assédio no Metrô: “Vou te segurar e te morder inteira”

Saiu no site HYPENESS

 

Veja publicação original:  Jovem denuncia assédio no Metrô: “Vou te segurar e te morder inteira”

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Lorena Anderáos, provou, mais uma vez, a dificuldade enfrentada por mulheres que precisam usar o transporte público no Brasil.

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Pelo Facebook, a jovem fez um longo relato sobre assédio vivido no Metrô de São Paulo. Ela estava assistindo uma série pelo celular quando, conta, um homem aparentando ter 70 anos de idade sentou-se ao seu lado.

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“Assim que ele se sentou eu já senti ele me observando. Me virei pro lado da janela e continuei olhando pro celular de fone de ouvido. Ouvi ele falando alguma coisa, mas como estava de fone não ouvi o que era. Ele continuou falando e me olhando, e eu senti ele aproximar sua perna da minha. Eu pausei a série e foi então que ouvi ele dizendo ‘olha como é metida ela, vou te segurar e te morder inteira. Gostosa’”.

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Assustada, Lorena explica que se levantou automaticamente. O abusador, contudo, seguiu com ofensas e termos inadequados.

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“Quando me levantei ouvi ele falando ‘já vai embora gostosinha?’. Me virei pra ele e falei bem alto pro vagão inteiro ouvir ‘o que você falou? O que você tá falando pra mim? Fala alto pra todo mundo ouvir’. Ele começou a rebater me chamando de louca. Várias vezes. ‘Você tá louca, tá louca, ela tá louca gente, ela tá louca’. E por um segundo eu me senti louca. Me afastei com lágrimas nos olhos e foi aí que um homem se aproximou e disse, ‘você precisa de ajuda?’. Eu falei que estava tudo bem, que só queria ir pra outro vagão, e ele me acompanhou. Uma menina da minha idade veio e sem falar nada me deu um abraço. Ficamos abraçadas por um tempão. Eu tremia de raiva”, pontua.

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O testemunho, que outra vez comprova o nível de machismo no Brasil, termina com um recado para os que ainda insistem na falácia maldosa de culpabilizar a vítima. “E pra quem falar que isso tem alguma coisa a ver com roupa, segue meu look do dia”.

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Lorena Anderáos ainda exalta o feminismo como ferramenta indispensável para o desenvolvimento da sociedade, principalmente na garantia da autonomia para que mulheres possam andar livres onde bem entenderem.

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“Esse tipo de coisa, os mini abusos do dia dia, ainda acontecem com a maioria das mulheres constantemente. E talvez eu tenha sido louca mesmo de não ficar quieta, de expor, de falar alto. Se fossem alguns anos atrás eu não teria falado nada. Mas hoje eu falei, e fui apoiada por homens e mulheres. Independente de lados políticos, independente deles e delas acreditarem ou não no feminismo. Eles me apoiaram, me defenderam e me protegeram. Isso é feminismo. Mesmo que essa palavra tenha se tornado um tipo de palavrão na nossa sociedade, nós temos que nos lembrar que é simplesmente isso. A base é essa: não é mais um segredo, agora todo mundo sabe. Eu não preciso mais ficar quieta”.

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Abusos crescem

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No primeiro trimestre de 2018, a incidência de abuso sexual no transporte público no Estado de São Paulo aumentou 9% em comparação com o mesmo período de 2017. Os números são da Secretaria de Estado da Segurança Pública obtidos pela Globo News por meio da Lei de Acesso à Informação.

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Apenas entre janeiro e março de 2018, 180 ocorrências foram computadas dentro do metrô, trens ou ônibus. 56% dos abusos sexais aconteceram entre 6h e 9h, no horário de pico da manhã, e 17h às 20h, no rush noturno.

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72% dos casos foram registrados como importunação ofensiva ao pudor. Apenas 28% formalizados como crime. A Secretária de Estado da Segurança Pública chegou a emitir nota justificando o critério.

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“Em relação ao fato da maioria dos casos serem registrados como importunação ofensiva ao pudor, importante ressaltar que os registros são realizados de acordo com o relato da vítima, cabendo ao delegado responsável analisar a situação. A grande diferença entre estupro e importunação ofensiva ao pudor é a presença ou não do constrangimento da vítima, mediante violência ou grave ameaça, para a prática do crime. No transporte público, em geral, a vítima percebe o ato quando este já está sendo praticado, portanto, na maioria dos casos não há ameaça ou violência”, finaliza.

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