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Fotógrafa retrata transexuais em São Paulo

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE:

 

Veja publicação original: Fotógrafa retrata transexuais em São Paulo

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Por Lu Angelo

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Fotógrafa há 17 anos, a paulistana Camila Falcão, 40 anos, começou um trabalho voluntário no CRD (Centro de Referência e Defesa da Diversidade) em 2016 e, desde então, se aproximou desse universo com suas lentes em projetos como a “Travíssima Trindade” e “Abaixa Que é Tiro”. Em conversa com Marie Claire, ela explica o trabalho.

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Marie Claire: Fale sobre seu trabalho com transexuais. Como começou e por que?
Camila Falcão:
 Há aproximadamente dois anos comecei a fazer trabalho voluntário no CRD (Centro de Referência e Defesa da Diversidade) e passei a ter mais contato com mulheres trans e travestis. Documentava uma ação de distribuição de preservativos que ocorre duas vezes por semana em diversos campos da cidade para as meninas que trabalham na rua. Além de documentar a ação fazia retratos delas e depois mandava por whatsapp. Logo nas primeiras saídas percebi uma grande diversidade entre essas mulheres, diversidade de corpos principalmente. Isso me encantou e comecei a desconstruir um padrão estético totalmente equivocado que eu tinha em relação a elas. Foi então que me dei conta que se eu, que sempre me interessei por esse tema e estética, estava surpresa com tamanha diversidade, imagina quem nunca pensou no assunto. Vi aí uma oportunidade de fazer um trabalho relevante de trazer à tona essa pluralidade.

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Alice e Gabrielle (Foto: Camila Falcão)

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MC: O que aprendeu com este trabalho?

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CF: Aprendi muita coisa e sigo aprendendo a cada ensaio. O que mais me chama atenção até hoje é a transfobia e o machismo tóxico da nossa sociedade, atividades corriqueiras como ir ao mercado ou caminhar para o trabalho podem causar sérias consequências às manas trans e travestis que estão constantemente expostas à violência verbal e física. Muitas pessoas são cruéis, mas acredito também que existam pessoas que são transfóbicas e não percebem; lançam olhares ofensivos, fazem perguntas indelicadas e comentários desnecessários. Por exemplo, eu sou uma mulher cis, as pessoas não têm o hábito de me perguntar se já fiz alguma cirurgia, como eu transo ou minhas preferências sexuais, mas se sentem no direito de fazer esse tipo de questionamento indelicado à elas. Até hoje me impressiona também as inúmeras dificuldades que elas enfrentam diariamente por falta de passabilidade, desrespeito ao uso do nome social, falta de um sistema de saúde que atenda as necessidades específicas e dificuldades de integrar o mercado de trabalho. A grande maioria das pessoas cis não se dão conta, mas essas situações podem causar crises de disforia, depressão, inseguranças e até atentados contra a própria vida. Isso tudo é inaceitável e é urgente uma conscientização social para que mudanças ocorram. Nossa sociedade precisa ser educada em relação a isso.

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Lucy (Foto: Camila Falcão)

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MC: Continua com o projeto ou já esta em outro?

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CF: Continuo fazendo o Abaixa Que é Tiro, fotografei 41 mulheres trans e travestis até hoje, meu objetivo é chegar a 50. Além desse tenho o projeto Onika em andamento, estou documentando a transição de Onika, 28, uma travesti negra belíssima há 15 meses. (o Travíssima Trindade são aquelas 3 fotos que você deve ter visto no site, elas não fazem parte da série Abaixa Que é Tiro apesar das personagens estarem em ambas as séries)

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Vita (Foto: Camila Falcão)

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MC: O que procura mostrar em sua imagens?

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CF: Meu objetivo com esse trabalho é colaborar com a desconstrução de estereótipos e, principalmente, com a construção de novas e mais realistas percepções em relação a essas mulheres, mostrar as possibilidades do feminino e a imensa diversidade entre elas; corpos que estão transicionando há algum tempo, corpos que não vão trasnsicionar e mesmo assim são corpos de mulheres, mulheres com pênis, com ou sem peitos, muitas mulheres possíveis.

 

 

 

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