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Feminismo faz moda abordar a relação da mulher com o espelho

Saiu no site FOLHA DE S.PAULO

 

Veja publicação original:  Feminismo faz moda abordar a relação da mulher com o espelho

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Marcas comandadas por mulheres desconstroem tabus com roupas para o gosto feminino, não masculino

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Por Giuliana Mesquita

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SÃO PAULO

Num país em que 13 mulheres são mortas de forma violenta por dia, segundo o Atlas da Violência 2018, o corpo feminino se tornou uma forte ferramenta de expressão e luta. A tendência não se observa apenas no Brasil, como também em países nos quais o conservadorismo ganhou força nos últimos anos, como os Estados Unidos.

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O movimento feminista mudou a forma com que a moda aborda a imagem desse corpo. E, mais importante, colocou a mulher como protagonista dessa criação. Se antes feita por homens, com imagens fetichistas e pensadas exclusivamente no que era atraente para eles, hoje as marcas lideradas por mulheres invadiram a passarela e as vitrines.

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Quando pensadas por elas, o conforto e as necessidades diárias vêm em primeiro lugar.
Nesse palco de corpos usados como instrumento político, expõe-se a pele nua, o mamilo proibido, a coxa pouco escondida por comprimentos míni e a bunda por baixo de uma transparência como símbolos da liberdade. São as mulheres que decidem o que e se vão mostrar. A decisão vem desse poder adquirido.

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A Cajá, marca paulistana que estreou em 2018 na Casa de Criadores, semana de moda paulistana de novos talentos, foca as necessidades e desejos das mulheres.

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Enquanto as grandes marcas de streetwear do mundo ainda são desenhadas por homens, a estilista Gabriela Cajado se destaca por criar essa mesma moda, só que calcada nas particularidades do corpo feminino.

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“O tema faz parte da estética do nosso tempo. Acredito que estamos utilizando cada vez mais nosso corpo como objeto de luta, seja na imposição entre os demais corpos na sociedade seja na aceitação dele como não tabu.”

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Na passarela, peças de náilon como tops e shorts são combinados a telas de tapeçaria, misturando conforto e artesanato. Além das roupas, a Cajá valoriza o trabalho de mulheres, escalando equipes femininas tanto para a produção das roupas quanto para a identidade visual.

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A mesma lógica de valorização do trabalho feminino se aplica ao Bulletin, coletivo americano que se fortaleceu como agregador de marcas com forte apelo feminista. O corpo e o que ele veste é uma das forças das lojas criadas por Ali Kriegsman e Alana Branston, em 2016.

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Suas consumidoras, além de atraídas pela seleção, procuram marcas que conversam com suas convicções. “As clientes veem seus corpos como telas para mensagens políticas e promoção de valores e ideais”, conta Kriegsman.

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“Muitas marcas, programas de TV e publicações fazem um grande esforço para mostrar mulheres como elas realmente são. Essa mudança de representação teve um impacto. Corpos existem em variações enormes de tamanhos e formas e todos são lindos.”

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Perceber e amar o corpo como ele realmente é pode parecer pouco, mas é o primeiro passo para enxergá-lo como ferramenta política. Em vez de escondê-las, valorizar suas imperfeições é uma
forma de resistência.

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“É difícil amar seu corpo quando tudo o que vemos é uma versão plastificada, maquiada e editada da realidade”, diz a sócia da Bulletin, que hoje tem três lojas em Nova York, onde vendem só marcas criadas por mulheres.

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O amor próprio como forma de luta também é um dos motes do Free Free, movimento liderado pela estilista Yasmine Sterea, que a partir deste mês conta com o apoio do Ministério Público de São Paulo.

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O projeto se baseia no autoconhecimento da mulher como sua maior força. Em 2018, o Free Free convidou mulheres que sofreram abusos psicológicos e físicos para workshops de autoestima e força.

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“Nós usamos técnicas de psicodrama, em que as mulheres criam um novo personagem para a vida delas, se baseando em quem elas gostariam de ser. Esse personagem é, na maioria dos casos, seu verdadeiro eu, mas que ela tem vergonha de mostrar”, diz Sterea.

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“Quando essas mulheres percebem que a moda é uma ferramenta de expressão, elas se vestem da forma que gostariam de ser, chegam se vendo como vítimas e saem se
vendo como mulheres.”

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Na plataforma online, várias mulheres contam sua história, mostrando que todas têm uma experiência igualmente diferente e interessante de vida e merecem ser ouvidas.

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No ano que vem, o Free Free trabalhará a campanha #EuDecido, lançada no começo de dezembro deste ano. O slogan prega que a mulher deve ter o poder de decidir absolutamente tudo sobre sua vida, seu corpo e sua história. “Só assim ela é inteiramente livre.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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