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Dermatologista trata rosto de vítimas de violência: “Curamos a autoestima”

Saiu no site UNIVERSA

 

Veja publicação original:  Dermatologista trata rosto de vítimas de violência: “Curamos a autoestima”

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Por Natália Eiras

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Especialista em tratamento com lasers e máscaras para diminuir o inchaço e hematomas pós-cirurgias plásticas, a dermatologista Carla Góes tem um consultório na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo (SP), e atende influenciadores como Arlindo Grund e Karina Milanesi.

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Podia parecer que a violência doméstica estava muito distante de seu consultório. Até que uma paciente e amiga apareceu em seu escritório com o rosto machucado. “Ela disse que tinha sofrido uma queda. O olho estava com um hematoma enorme e o lábio cortado. Ela era uma pessoa amiga e não teve coragem de me falar que havia sido vítima de violência doméstica“, narra à Universa.

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A médica fez o tratamento da amiga –“Tive que praticamente reconstruir o rosto dela”– mas o acontecimento virou uma chave em sua cabeça. “Pensei em quantas mulheres precisavam desse tipo de cuidado de forma gratuita. Quantas mulheres se escondem dentro de casa por estar com o rosto machucado?”

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Há oito meses, Carla atende gratuitamente mulheres vítimas de violência doméstica com o projeto “Um Novo Olhar”, que será lançado oficialmente nesta quarta-feira (19). Ela aplica as técnicas antes usadas para diminuir cicatrizes e inchaços pós-operatórios para ajudar na recuperação de mulheres que foram agredidas. “Os procedimentos reduzem hematomas que ficaram por até 10 dias para quatro, o que é um ganho significativo”, fala.

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Nariz e lábios são as áreas mais críticas. “Muitas vezes, precisamos fazer a reconstrução dos lábios, onde há perda de tecido, e nariz, que pode ser quebrado, com preenchedores”. Os procedimentos são feitos sem intervenção cirúrgica, mas com uma técnica parecida com a da harmonização facial. “O que nós queremos é dar condições para a vítima se sentir confortável em voltar à sociedade o mais rápido possível”, afirma Carla.

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“Autoestima é fundamental”

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A iniciativa é, de acordo com a médica, uma forma de fortalecer a vítima. “Nós sabemos que as agressões costumam ser dirigidas ao rosto das mulheres, porque quem violenta quer deixar sua marca, quer mostrar que é dono da vítima. Os hematomas as enclausuram, para que elas não saiam de casa por se sentirem envergonhadas”, afirma a médica. “Ele destrói completamente o que resta de autoestima da vítima. E aí como ela vai se reerguer para sair dessa situação?”.

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As pacientes, atendidas gratuitamente, são, em sua maioria, encaminhadas pela ONG “Bem-querer Mulher”, mas ela também trata pessoas que entram em contato pelo seu Instagram. “Tive que criar critérios, porque é muita gente, e um deles é ter feito o Boletim de Ocorrência e ter um acompanhamento psicológico”, afirma. Para Carla, fazer a denúncia é extremamente importante para a luta contra a violência doméstica, mas a médica acredita que não existe um acompanhamento correto da vítima após a ida à delegacia. “Essa mulher precisa ser fortalecida. Ela está em um momento em que precisa ser cuidada para entender que não é culpada.”

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Até o momento, a dermatologista já atendeu 30 pacientes que foram agredidas. Carla afirma que procura fazer com que elas se sintam “abraçadas” quando chegam ao consultório. “As vítimas costumam estar muito fragilizadas, com medo. Precisam de um carinho, cuidado, não necessariamente físico. Elas necessitam ver que alguém se importa”, fala.

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“Toda mulher pode ser vítima”

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O lançamento do projeto “Um Novo Olhar” acontece no Shopping Iguatemi, no salão Studio W, o queridinho da alta sociedade de São Paulo (SP). A escolha do local foi intencional. “Infelizmente, as negras e pobres são as maiores vítimas, mas qualquer mulher pode sofrer violência doméstica”, diz Carla, que formulou a iniciativa com a ajuda da promotora Gabriela Manssur. “Queremos falar com a classe A para que todas se engajem nesse tipo de cuidado.”

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Colaboradores do Studio W também contribuirão na recuperação das pacientes do projeto Um Novo Olhar com cabelo e maquiagem para fortalecer a autoestima das vítimas. “Normalmente, são os cabeleireiros e as depiladoras as primeiras pessoas a perceberem os sinais de que uma mulher está sofrendo violência. Precisamos do apoio desses profissionais também”, fala a dermatologista, mencionando a importância de incentivar a denúncia.

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Atualmente, Carla Góes dedica um dia da sua semana para atender as vítimas. “Acho pouco, mas eu tinha que começar de algum lugar”. A intenção, no entanto, é tornar o projeto em uma iniciativa nacional. A dermatologista e a promotora Gabriela Manssur vão para Brasília na quinta-feira (25) encontrar com Cristiane Britto, a Secretária Nacional de Mulheres do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e falar sobre o projeto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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