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De selos a festivais, iniciativas dão visibilidade ao trabalho das mulheres na indústria musical

Saiu no site O GLOBO

 

Veja publicação original:  De selos a festivais, iniciativas dão visibilidade ao trabalho das mulheres na indústria musical

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Elas são apenas 12,3% dos compositores no mundo, 2,1% dos produtores e 10,4% dos indicados ao Grammy nos últimos seis anos

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Por Kamille Viola

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RIO – Lugar de mulher é na cozinha — no caso, baixo e bateria de uma banda — e em qualquer lugar daindústria musical que ela queira. No país que celebra suas grandes intérpretes, no entanto, as mulheres ainda são minoria em outras áreas dessa cadeia produtiva. Para diminuir essa disparidade nos números, diferentes iniciativas têm buscado dar visibilidade e estrutura para mulheres que atuam em outras funções dentro da música: de instrumentistas a produtoras, passando por engenheiras de som e técnicas de áudio. Selos musicais, um festival e residências artísticas só de mulheres são alguns dos projetos voltados para elas.

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Um estudo da Iniciativa de Inclusão Annenberg da USC + Spotify, publicado em 2019, mostra que 12,3% dos compositores no mundo são mulheres; 2,1% dos produtores são mulheres (apenas 0,4% mulheres negras) e 10,4% dos indicados ao Grammy nos últimos seis anos são mulheres. Outro trabalho, de 2018, mostra que só 19% das principais atrações dos grandes festivais são mulheres. Além disso, estima-se que elas sejam menos de 5% dos profissionais de áudio.

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Especificamente no Brasil, os números não divergem muito. As mulheres são 14% dos associados da União Brasileira dos Compositores (UBC), a maior administradora de direitos autorais do país, que no ano passado divulgou o relatório Por Elas que Fazem a Música. Em 2017, somente dez mulheres estavam na lista dos cem maiores arrecadadores da associação . Além disso, os valores médios arrecadados por elas são em média 28% menores que os deles.

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Casa da Música Escuta as Minas, do Spotify Foto: Divulgação
Casa da Música Escuta as Minas, do Spotify Foto: Divulgação

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Em junho, o Spotify lançou em São Paulo a Casa de Música Escuta as Minas. Ali, até o fim do ano 24 artistas irão gravar singles em um estúdio com equipe inteira formada por mulheres. Também há uma banda à disposição para as gravações. Elas também têm um workshop por semana (com temas que vão desde como cuidar das redes sociais até como marcar shows) e cada ciclo de produção (de um mês) conta com uma madrinha:Liniker, Maiara e Maraisa, Pocah, Priscilla Alcantara e Negra Li. As 12 primeiras foram escolhidas por uma comissão do Spotify. Até dia 28, a plataforma está recebendo inscrições para as próximas 12.

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— É muito forte a questão de dar visibilidade para elas. No caso das produtoras, é uma procura que demanda um pouco mais de trabalho, porque é muito mais fácil chamar um homem, eles estão ali, pipocando em todo lugar. Mas só com um tempo a mais de procura você vai encontrar. Elas existem, elas estão ali. Só que não têm tanta visibilidade quanto eles. Temos que mostrar que elas existem, colocar luz na cara delas e falar: “Elas estão aqui, estão produzindo, a qualidade inquestionável” — observa Gabriela Lancellotti, Head de Marketing do Spotify Brasil e uma das líderes do projeto.

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A ideia surgiu depois que a plataforma Escuta as Minas , lançada em outubro no ano passado com uma campanha com diversas artistas brasileiras, teve boa repercussão. Entre as selecionadas, nomes como 1LUM3 (que participa de “Me desculpa Jay Z”, do disco mais recente de Baco Exu do Blues), Urias e Souto MC, entre outras.

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— A gente quer representatividade de raça, então tem negras, indígenas e uma grande diversidade de gêneros musicais: tem funk, gospel, sertanejo, rock, metal, pop, MPB — enumera Gabriela.

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A cantora e compositora Mahmundi Foto: DivulgaçãoA cantora e compositora Mahmundi Foto: Divulgação

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A cantora e compositora Mahmundi foi uma das produtoras a participar do projeto. Ela conta que foi sua primeira vez em um estúdio só com mulheres e acredita que projetos assim trazem mais força para as mulheres não desistirem.

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— Cada vez que o mercado abre diferentes espaços nesse negócio do entretenimento, da música, eu sinto que se torna inspirador, porque você consegue deixar claro que, quanto mais chances você tiver, mais as mulheres vão conseguir chegar. Não acredito nessa coisa de meritocracia, acredito é nas oportunidades que as pessoas precisam ter para desenvolverem seus projetos e suas capacidades — defende.

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Gestora do famoso estúdio Toca do Bandido, Constança Scofield lançou há alguns meses a campanha Deixa Ela Pôr a Mão no Seu Som , em que dá descontos progressivos (até um teto de 30%) para quem contratar mulheres do áudio para gravações ou mixagens. Quem contratar engenheira de áudio e/ou produtora musical ganha desconto maior (15% para cada profissional mulher), mas também há uma redução de 5% para cada mulher participante em outras funções (musicista, arranjadora, compositora, diretora artística etc).

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— Não tivemos tanta procura ainda, mas os projetos que vieram estavam muito na mesma sintonia. O primeiro foi cem por cento feminino: engenheira, produtora musical, compositora e até a afinadora de piano era mulher. Era o cAis Quarteto, de cordas, que estava gravando um trabalho fusion, cordas com hip hop, MPB, várias compositoras — lembra ela.

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Ela conta que, ao entrar no estúdio ocupado apenas por profissionais mulheres, teve uma sensação de empoderamento.

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— Na Toca, meus engenheiros sempre foram homens, meus assistentes eram homens e eu, a dona do estúdio. Sou produtora musical, mas de fato pedindo tudo isso a homens. A partir do momento que você vê mulheres fazendo, você também se sente mais capaz. É uma outra energia entrar ali e só ter mulheres — comenta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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