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Construção do Coletivo de Mulheres Empoderamento Feminino acontece no sábado

Saiu no site PROGRESSO:

 

Veja publicação original: Construção do Coletivo de Mulheres Empoderamento Feminino acontece no sábado

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Por Dharana Torres

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Evento acontece às 15h no Parque dos Ipês dia 14 de abril

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O Progresso – Fale um pouco sobre a Construção do Coletivo de Mulheres: Empoderamento Feminino

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Convidamos a todas as mulheres da Grande Dourados a participar da construção do Coletivo de Mulheres EMPODERAMENTO FEMININO. O evento acontecerá no próximo sábado, dia 14 de abril, às 15h, no Parque dos Ipês.

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O movimento nasceu no primeiro ano do curso de Direito na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, no ano de 2015, em um munícipio do interior do Estado, Naviraí. Observou-se a necessidade de discutir as questões de gênero na acadêmia, pois o curso mostrou-se extremamente conservador.

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A proposta do nosso projeto era abordar pautas feministas, sendo elas executadas na universidade junto à comunidade, mas infelizmente o projeto de extensão nunca saiu da gaveta. O conservadorismo anda na contramão e, na época, somente três acadêmicas, sozinhas, não eram nada além de “causadoras de problemas”.

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O grupo do facebook foi a forma que encontramos para reunir pessoas que discutiam sobre a temática e que, apesar de não terem embasamento teórico, vivenciavam diariamente as dificuldades de ser mulher em uma sociedade ainda tão machista. Mulheres do país inteiro começaram a solicitar a entrada no grupo, além disso, muitas procuravam auxílio, para tratar de temas como: violência doméstica, gordofobia, assédio, abuso sexual, guarda dos filhos…

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Vimos as redes socias como um meio para disseminar informações pertinentes à luta feminista, de um modo que fosse possível alcançar uma diversidade de mulheres. Com esse grupo, foi possível expandir a troca de informação sobre o conteúdo direcionado às questões de gênero. Mas, durante esse tempo que o grupo foi tomando força, muitas mudanças ocorreram, entre elas, duas das fundadoras se mudou para Dourados e intensificou a militância por conta própia, embora quando cabível, apresentava-se como integrante do coletivo “EMPODERAMENTO FEMININO’’.

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Neste sentido, analisando as inúmeras violações de direitos, todos os índices de violência contra a mulher no Brasil, sobretudo no Estado de Mato Grosso do Sul aumentando desenfreadamente, chegamos à conclusão que a construção do coletivo não podia passar desse ano. Era, finalmente, a hora de construir efetivamente nosso idealizado coletivo.

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O contexto atual exige resistência e necessita uma luta, sobretudo, de nós mulheres. Por isso convidamos todas a comparecerem sábado e continuarmos seguindo, resistindo, juntas. Todas as mulheres estão convidadas, sejam elas transexuais, indígenas, quilombolas, negras, lésbicas, bisexuais, etc.

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O Progresso – Sob seu ponto de vista, o que é o feminismo, e qual sua importância?

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Historicamente, nós mulheres somos submetidas a um sistema machista, que é desigual e que nos inferioriza, simplesmente, por sermos mulheres. Isto é, somos induzidas a seguir um comportamento socialmente imposto que nos coloca numa posição inferior, onde ser mulher já é sinônimo de desvantagem.

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A todo tempo, somos silênciadas, mandadas e vitimadas pelo patriarcado, que nos sobrecarrega com tarefas domésticas, nos condena através da objetificação dos nossos corpos, aos padrões socialmente impostos, relacionamentos abusivos, salários inferiores e por aí vai. Então, o feminismo vêm como um mecanismo de luta para romper justamente com tudo isso.

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Hoje, nós encaramos o feminismo como um modo de vida. É intrínseco a nossa existência e sobrevivência. Precisamos lutar todos os dias para conquistar nossos direitos e para resguardar aqueles já conquistados. Temos que nos posicionar e firmar o pé no chão, ou o machismo nos esmaga e nos cala como se fossemos descartáveis.

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Vemos como a principal importância dar às mulheres a liberdade de escolha. Muitas mulheres odeiam as feministas porque não entendem a nossa luta. Feministas não querem impor, muito pelo contrário, nós lutamos pelo direito de escolha de todas as mulheres. Não queremos que todas se enquadrem dentro de um único perfil, mas que ela reconheça que é capaz de organizar a própria vida dentro do que acha necessário para ela.

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Feminismo NÃO é sobre ditar se a mulher tem que casar, ter filhos, se depilar ou não. Mas, sim, lutar para que toda escolha: SE QUER casar, ter filhos e se depilar ou NÃO. É a luta para que ela decida por vontade própria o que quer, quando quer, como quer. É ter a opção, o poder de escolha sobre a vida e o corpo dela.

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O Progresso – Como ajudar uma mulher que sofre algum tipo de abuso, por conta do machismo?

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É um processo muito complicado e delicado. Antes de tudo. ela precisa reconhecer o abuso e, digamos, que, às vezes, é subliminar. Estamos acostumados a imaginar abuso como sinônimo de violência fisica e, na verdade, a violência física é quase o último estágio do abuso.

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Tem uma romantização da violência e, então a tática é ir devagar, prestando apoio quando a pessoa está perdida, demonstrando que afeto e amor é diferente daquilo que ela está recebendo. E, principalmente, que ela não é a única naquela situação. As mulheres sentem vergonha, sentem culpa. O abuso envolve, principalmente, um ataque à estrutura psicológica e este é o centro. É necessário que essa mulher encontre amparo para se lembrar o quanto é forte.

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O Progresso – Como uma mulher pode ser empoderada?

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Reconhecendo as inúmeras possibilidades que ela tem. Isso envolve ela ter uma boa autoestima, se sentir importante, inteligente, capaz, valorizada no trabalho, em casa e até mesmo pelas pessoas que a cercam.

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Quando a mulher sabe, ela não aceita menos. Parafraseando a frase do filme ‘’As vantagens de ser Invisível’’, ” cada um aceita o amor que acha que merece”, não apenas o amor, mas a vida. Uma vez que a mulher se empodera, ela reconhece e sabe que pode sempre muito mais, portanto nunca aceita menos do que ela realmente sabe que merece.

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O Progresso – Os homens ainda tem medo da mulher muito independente, ou pensa que isso já está mudando?

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Infelizmente, somos uma ameaça à ordem. Eles se sentem obrigados a se organizar em uma realidade a que não estão acostumadas. Estamos ocupando espaços que, antes, foram reservados aos homens e fazendo eles ocupar um espaço que sempre foi nosso de mãe, dona de casa, por exemplo. Estamos falando sobre igualdade de direitos, equidade, e isto demonstra a vulnerabilidade dessas relações.

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A existência da mulher era pautada na necessidade de outrem, ora da família, ora do marido e de uma ideia no imaginário dos homens de ter uma mulher “domesticada”. Mesmo que discutido, é difícil restruturar conceitos e padrões tão enraizados. Tanto é que temos que criar leis e mecanismos para coibir e erradicar a violência contra mulher, por ser a violência de gênero uma questão quase comum e culturalmente justificada no Brasil, já que a mulher é vista como posse.

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O Progresso – Fale sobre a tão importante sororidade feminina.

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Sororidade é se reconhecer a si mesma em outras mulheres, em histórias que não são suas, mas poderiam ser. É tentar cuidar, proteger, compreender, apoiar e principalmente fortalecer quando você não sabe a quem recorrer. É ser parceira, amiga, irmã, irmã de luta, ainda que suas lutas não sejam as mesmas.

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Eu me lembro do dia que contei pra Bia e a Fer coisas que nem contei a minha família sobre todo meu histórico de violência e eu nem as conhecia, quer dizer, conhecia há 15 dias, foi difícil sentir cada uma daquelas palavras saindo e saltando pela boca. Senti uma dor no estômago e, ao mesmo tempo, um alívio. Quando eu acabei de falar tudo, elas sorriram e me disseram “conta com a gente, mana, você é muito f*!”… Isso pra mim, é sororidade.

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*Bianca Cavalcante e Danielle Mendes.

 

 

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