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Como é trabalhar em uma fintech, segundo funcionária do Nubank

Saiu no site ÉPOCA NEGÓCIOS:

 

Veja publicação original: Como é trabalhar em uma fintech, segundo funcionária do Nubank

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“Colaborar para a construção de uma sociedade onde é possível fazer o bem e ser sustentável financeiramente.” Essa é a meta profissional de Luisa Coutinho. Aos 26 anos, a business architect do Nubank vai de bike trabalhar. Formada em administração pública pela FGV, Luisa fez intercâmbio durante a graduação na Maastricht University, na Holanda, foi pesquisadora assistente no Centro de Excelência em Varejo da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (GVcev) e estagiou na consultoria de negócios Cosin Consulting. No mercado, atuou por três anos como gestora de projetos de corporate venture no Quintessa, aceleradora de startups e negócios de impacto. Sentia que havia propósito em seu trabalho, mas resolveu buscar novos desafios. Para ganhar bagagem digital e técnica, fez cursos no Tera e na Saint Paul. Depois, montou uma lista dos lugares onde gostaria de trabalhar — e começou a se inscrever em processos seletivos. Desde janeiro, seus desafios perpassam o dia a dia e o crescimento do Nubank, uma das fintechs mais badaladas do país.

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Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Luisa fala sobre sua trajetória profissional, conta como se preparou para uma mudança de carreira e explica o que  um business architect faz na prática.

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Em entrevista à Época NEGÓCIOS, Luisa fala sobre sua trajetória profissional, conta como se preparou para uma mudança de carreira e explica o que  um business architect faz na prática.

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Como você avalia a participação feminina na sua área e nas empresas que trabalhou?

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Na maioria das empresas brasileiras, as posições de liderança ainda são ocupadas por homens. Por exemplo, na consultoria de negócios em que eu fiz estágio, existia esse padrão de liderança majoritariamente masculino. Não tinha nenhuma sócia ou diretora mulher. Agora quando fui trabalhar na aceleradora de startups e negócios de impacto, o cenário era diferente. A empresa tinha liderança feminina, contratava muitas mulheres para a equipe e, nem por isso, era menos bem-sucedida. No Nubank, o ambiente também é mais diverso. Cerca de 40% dos funcionários são mulheres e 30% é LGBT. Como mulher, eu me sinto mais à vontade em empresas que valorizam a diversidade do que em outras onde predominam homens e o ambiente é mais hostil.

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Como foi a sua experiência no Quintessa? O que você aprendeu trabalhando em uma aceleradora de startups e quais foram os maiores desafios?

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Eu gosto muito do conceito de negócios de impacto, que envolve um propósito e, ao mesmo tempo, lucratividade. Como aceleradora, trabalhávamos na estruturação de negócios lucrativos que tinham impacto social. Atuava como gestora de projetos, cuidando da aceleração de algumas startups e auxiliando em relação a gestão e governança. Sentava com o empreendedor e perguntava quais eram os problemas da empresa na área comercial, financeira e pessoal para resolvermos em conjunto. Um dos maiores desafios era o tamanho reduzido da equipe e o nível júnior da maioria dos membros. Porém, contávamos com uma rede de mentores voluntários, profissionais com mais experiência no mercado que acompanhavam de perto essas acelerações e davam um suporte maior. Apesar de ajudar os empreendedores, o Quintessa também era um empreendimento — então precisávamos ser muito empreendedores. Tinha muita autonomia, aprendi a me virar e a entender quais eram as minhas prioridades durante os três anos que passei lá. Acho isso tem muito a ver com soft skills, habilidades comportamentais e que são muito importantes de serem desenvolvidas.

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Como foi a sua transição para o Nubank?

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Colaborar para a construção de uma sociedade onde é possível fazer o bem e ser sustentável financeiramente é minha meta profissional. Para mim, sempre foi importante trabalhar em um lugar em que eu acreditasse no que estava fazendo. Saí da empresa para buscar novos desafios e é até engraçado porque o primeiro lugar que eu risquei da minha lista de onde trabalhar foi “banco” — por todo o estigma negativo que trazia. Mas acabei indo para uma fintech e entrei no Nubank por acreditar no que a empresa está construindo. Pensei que seria uma forma de trabalhar com serviços financeiros da maneira como acredito que eles deveriam ser prestados. Um dos pontos mais importantes da minha transição, foi conhecer as empresas e seus valores para saber onde tinha vontade de prestar processo seletivo. Saber se eu, como cliente, gostaria de usar aquele serviço e também contribuir para a construção daquilo. Nesse sentido, o Nubank foi um dos poucos lugares onde eu me senti confortável de seguir com o processo.

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Agora, no Nubank, você trabalha como business architect. O que você faz na prática? 

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Olho muito para a operação e o customer service (atendimento ao cliente). Preciso interpretar as métricas e entender como podemos atender o cliente com mais qualidade e, ao mesmo tempo, eficiência. Além da rentabilidade, o Nubank preza muito pela qualidade do atendimento e por estabelecer uma relação de proximidade com o cliente. O que acaba sendo mais vantajoso em relação a maioria dos serviços que os bancos tradicionais oferecem hoje.

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E como é trabalhar no Nubank? 

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Na minha transição de carreira, eu não estava buscando trabalhar somente em um lugar que fizesse sentido para mim pelo produto, mas também pela cultura. Estar em um ambiente de trabalho legal também era uma das minhas grandes preocupações. No Nubank, se preza muito pela diversidade. Um dos princípios da fintech é “we built strong in diverse teams”. As pessoas têm liberdade para ser quem elas realmente são, falar o que pensam, trabalhar no horário que preferem e se vestir como quiserem. É um canal aberto e muito transparente também. Temos uma reunião quinzenal onde abrem tudo da empresa, incluindo o que não sai na mídia. O Nubank realmente confia nos funcionários e nos trata como donos do negócio, por isso é dever de todos saber e cuidar das informações internas.

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O que é mais desafiador na sua rotina dentro da fintech?

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As coisas acontecem de forma muito veloz. O que é desafiador e, ao mesmo tempo, legal. Rapidamente as coisas saem do papel e são implementadas. Quem está acostumado com um ambiente mais burocrático, acaba sofrendo um pouco. Para mim, a área de tecnologia ainda é um desafio que me desperta interesse. Quando lido com assuntos mais técnicos é mais difícil resolver um problema que envolve a parte de engenharia como um sistema que sai do ar. Mas o legal é que a empresa faz questão de ensinar e dar uma base de tecnologia forte a todos os funcionários. Os próprios desenvolvedores nos ajudam e explicam como cada coisa funciona. Por exemplo, tive treinamento sobre os sistemas de linguagens e códigos utilizados no Nubank.

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Como você acha que será o futuro dos bancos? Em que o Nubank vai apostar?

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Quando eu olho para os bancos tradicionais hoje tem muita coisa que me incomoda. Por exemplo, por que temos que ir a uma agência ou pagarmos por um serviço e ainda esperar 20 minutos ao telefone para sermos atendidos de uma forma não prestativa? Acho que, no futuro, os bancos tradicionais também vão mudar de visão, porque as pessoas não vão mais aceitar o serviço que eles prestam como padrão e normal. Recentemente, tivemos uma reunião com o nosso VP de operações e ele ressaltou que tudo o que fazemos operacionalmente tem como objetivo dar mais autonomia aos clientes. Acredito que o Nubank tem um caminho para seguir e seu propósito tem chamado atenção. Coloca o cliente em primeiro lugar e os empodera ao oferecer um serviço mais digital, que preza por uma experiência de usabilidade melhor e menos dependente de um call center.

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Alguma mulher te inspira na sua trajetória profissional?

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Infelizmente, ainda temos poucos exemplos femininos na área de startup ou que ocupem cargos de liderança no Brasil. É um pouco clichê, mas antes de entrar no Nubank, já tinha a Cristina Junqueira, única mulher entre os sócios fundadores da startup, como exemplo. Além da minha mãe, uma mulher que sempre trabalhou na área de negócios, a Djamila Ribeiro é outra fonte de inspiração, uma figura forte no diálogo sobre empoderamento feminino e principalmente de mulheres negras. Gosto da forma como ela traz esse assunto na forma de diálogo e não com uma abordagem meramente radical.

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Qual conselho você daria para as mulheres que querem crescer na carreira?

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A busca por conhecimento é muito importante para ampliar nosso olhar sobre as coisas. Estou formada há três anos e três meses. Mas, na faculdade de administração, temas como tecnologia, empreendedorismo e startups praticamente não são abordados. Por isso, procurei fazer cursos que me aproximassem do tema. Fora a educação formal, tem muito conteúdo legal disponível na internet. Você não precisa fazer um curso regulado pelo MEC, existem vídeos aulas e cursos livres interessantes sobre temas atuais e inovadores. Eu fiz marketing digital, programação e até biomimética [estudo das estruturas biológicas]. Às vezes, é difícil conciliar estudo com trabalho, mas é preciso reservar um pouco de tempo para se manter atualizada. Ter experiências em lugares diferentes também é válido. Na faculdade, tive a oportunidade de fazer um intercâmbio de seis meses para a Maastricht University, na Holanda. Lá, eles utilizam o método PBL [problem based learning], ou seja, as aulas não são expositivas e não existe a figura de um professor, mas de um tutor. Exige diretamente a participação do aluno. É completamente diferente do modelo que temos no Brasil e foi muito desafiador, porque precisava me preparar para as aulas. Aprendi muito — inclusive com outras formas culturais de se trabalhar.

 

 

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