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Brasileira sensação nos EUA diz: nova geração pode mudar basquete feminino

Saiu no site UNIVERSA:

 

Veja publicação original: Brasileira sensação nos EUA diz: nova geração pode mudar basquete feminino

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Por Débora Miranda

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Nesta época do ano é sempre a mesma coisa: chegam os playoffs da NBA e todo o mundo se mobiliza em torno disso. Nesta quinta (31) acontece o primeiro dos sete jogos da final e não tem um amante de esporte que não seja Warriors ou Cavaliers desde criancinha.

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O mesmo esporte, no entanto, não desperta tanta mobilização quando se trata da liga nacional. Não há investimento, os resultados da seleção nos últimos anos não foram bons e o interesse do brasileiro pelo basquete foi minguando.

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Cinco atletas brasileiros jogaram na NBA nesta temporada. E os talentos do basquete estão cada vez mais cedo saindo do Brasil, formando-se em times do exterior –a maior parte nos EUA– e conquistando espaço por lá. Apesar de muitos ainda sonharem com a seleção e com um título olímpico.

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Pois o basquete feminino está percorrendo exatamente o mesmo caminho. E um dos principais nomes brasileiros que já brilham em terras norte-americanas é Izabela Nicoletti, 18 anos. Ela acabou de entrar na universidade e vai cursar “sports management”, uma espécie de administração esportiva, na Florida State University, onde ganhou bolsa de 100% para estudar enquanto joga pela equipe da escola.

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Natural de Americana, no interior de São Paulo, Iza, como é conhecida, joga pela seleção brasileira desde os 13 anos e se mudou para os Estados Unidos com 14, depois que a base do Unimed-Americana acabou. Entre os momentos mais importantes de sua carreira está a partida em que a seleção brasileira sub-16 venceu a norte-americana pela Copa América, em 2015 –os EUA nunca haviam perdido uma partida no sub-16 e Iza foi a cestinha do jogo, com 24 pontos. Mais recentemente, ela ainda foi escolhida para participar do McDonald’s All-American Game, uma partida disputada pelas 24 melhores atletas do Ensino Médio dos Estados Unidos inteiro.

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A jogadora sensação, diz, no entanto, que sonha com o retorno para casa. “Uma das razões pelas quais eu fui para os Estados Unidos é para conseguir ajudar o Brasil. O meu sonho é poder voltar para cá e representar a seleção brasileira. A nova geração tem potencial para mudar o basquete brasileiro”, afirma.

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Nesta entrevista exclusiva ao “Extraordinárias”, ela conta como se apaixonou pelo esporte aos 4 anos, fala das dificuldades de morar fora, longe da família, e do seu maior sonho: conquistar uma Olimpíada representando seu país.

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O projeto de base da Unimed-Americana acabou quando você tinha 14 anos. Como foi essa transição para os Estados Unidos?

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Eu nasci em Americana, e minha irmã e minha prima sempre jogaram nas categorias de base da Unimed. Eu ia assistir aos treinos e aos jogos, era bem pequenininha, tinha 4 anos, e ficava na arquibancada imitando tudo o que elas faziam na quadra. E foi assim que comecei a gostar do basquete. Aí a técnica me chamou, e eu comecei a praticar, aos 5 anos. A Unimed para mim era um sonho. O time adulto era muito bom, e tudo o que eu queria era jogar lá. Mas, quando eu fiz 14 anos, a equipe da minha idade acabou. Então, a [técnica] Anne Freitas nos falou sobre um projeto de intercâmbio para os Estados Unidos. Ela conversou com a minha família, disse que era uma oportunidade boa de aprender inglês e jogar. A princípio eu ficaria lá por oito meses, era só para conhecer.

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Mas você acabou ficando mais…

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Fui para a Carolina do Norte e, lá, jogamos vários campeonatos. Éramos em seis brasileiras. Uns dois meses antes de irmos embora, um técnico de lá nos convidou para ficar. Disse: ‘Vocês são boas! Acho que se ficarem aqui vão ter sucesso e grandes chances de ir para a universidade’. Ele disse que teríamos que pagar a escola, mas poderíamos morar em casas de famílias americanas. Então, ele viajou para o Brasil, conversou com a minha família, e minha mãe falou: “Se é isso que você quer, então vai”.

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Você sempre teve apoio da sua família? Ou no começo sentiu alguma resistência?

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Minha família sempre me apoiou. Meu pai e minha mãe mudaram a vida deles para conseguir me dar o que eu queria, para que eu pudesse realizar meus sonhos. Eles tiveram que trabalhar muito e fizeram sacrifícios para me ajudar.

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Como foi viver longe da família assim tão nova?

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Eu sempre tive isso de “esse é o meu sonho e vou pular de cabeça”. Mas, mesmo assim, quando cheguei lá, eu tomei um susto. Não falava nada de inglês, o que no começo foi difícil. Não sabia pedir um copo de água. Eu adoro falar, contar piada, e não conseguia dizer nada. Nos três primeiros meses, eu ligava para a minha mãe e falava que queria ir embora. Eu sofri com a distância da minha família, e até hoje sinto saudade. Mas é aquela coisa: tem que se sacrificar para chegar aonde se quer.

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E agora você está de mudança para a Flórida?

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Eu vou me mudar em junho, agora. Lá na Flórida fica a universidade, onde ganhei 100% de bolsa. Vou morar em um apartamento com uma amiga que joga no meu time e vou estudar sports management, algo como administração esportiva. A expectativa é muito grande e tentarei dar o meu melhor para conseguir o meu espaço. Acho que enfrentarei algumas dificuldades, pelo fato de que todo o mundo que está lá joga no mesmo time durante os quatro anos de faculdade. Então, algumas meninas do meu time já estão no terceiro e no quarto anos, ou seja, são muito mais experientes. Mas estou confiante de que vou fazer sucesso no primeiro ano. Se não for no primeiro ano, no segundo.

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Quem te inspira no basquete?

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Tem várias pessoas. A Damires e a Érika, por exemplo, que fazem muito sucesso lá nos EUA. Meu sonho é chegar numa WNBA [a liga feminina de basquete profissional americana], então, ver brasileiras lá é muito legal. Gosto muito também da Diana Taurasi. Se eu tenho que jogar igual a alguém, quero jogar como ela.

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Qual foi a sua maior realização até agora?

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Eu tenho duas. A primeira foi quando a seleção brasileira ganhou dos EUA, no México [na Copa América Sub-16, em 2015]. Isso mudou a minha carreira, mudou a minha vida completamente. A notícia correu nos EUA, todo o mundo ficou sabendo desse time do Brasil. Fizeram um vídeo do meu jogo na internet e foi isso que levou os técnicos americanos de universidades a me conhecer. A outra foi ter jogado o McDonald’s All-American. Nunca na minha vida eu esperava disputar um torneio entre as 24 melhores atletas do EUA.

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Como você vê o basquete feminino no Brasil?

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Uma das razões pelas quais eu fui para os Estados Unidos é para conseguir ajudar o Brasil. O meu sonho é poder voltar para cá e representar a seleção brasileira. Acho que essa geração tem um potencial muito grande para mudar a história do basquete brasileiro. Temos a Érika, a Damires e a Clarissa, que estão jogando fora do país, além de outras meninas da minha idade. Lá nos EUA é tudo em torno do basquete, aqui é outra história. O esporte não tem apoio nenhum, não tem incentivo. No Brasil, hoje, é só futebol. Mas eu acho que depende de nós mudar isso. Se conseguirmos ganhar jogos, vamos colocando o basquete brasileiro em um nível mais alto.

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Quais são seus sonhos agora?

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O meu maior sonho é acabar estes quatro anos de curso, ser campeã pela universidade e, se Deus quiser, jogar na WNBA. Também tenho um grande sonho que é ganhar uma Olimpíada. Penso muito nisso.

 

 

 

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