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Assembleia Legislativa sedia debate “Elas contra o feminicídio”; são três dias de evento

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Veja publicação original:  Assembleia Legislativa sedia debate “Elas contra o feminicídio”; são três dias de evento

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A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi palco de debate com o tema “Elas contra o feminicídio” na manhã desta terça-feira (19) no Salão Nobre da Casa de Leis. A mesa-redonda faz parte da campanha “Todas por elas”, evento que durante três dias promoverá diversos debates para aprofundar as discussões sobre temas do interesse feminino.

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As mulheres que compuseram a mesa de debates foram a titular da Delegacia da Mulher (Deam) da região Noroeste de Goiânia, Cássia Sertão; a coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU), Iêda Leal; a presidente do Conselho Estadual da Mulher, Ana Rita de Castro; e a conselheira municipal de Saúde de Goiânia, Dalva Bittencourt.

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A delegada Cássia Sertão falou da dificuldade que as delegacias especializadas no atendimento à mulher têm enfrentado por falta de estrutura. “Fazemos mais de 100 atendimentos por mês. O que a Lei Maria da Penha fala sobre estrutura para atender as mulheres nós não temos. Avançamos muito em termos de legislação, mas as estruturas dos espaços não acompanharam tais avanços”, disse.

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Cássia afirmou que o Estado precisa reconhecer a importância que as delegacias de apoio às mulheres têm para a sociedade. “Precisamos de investimentos nas nossas estruturas de atendimento. Quando uma mulher sofre violência há um abalo de toda a família, que é a base da sociedade”, destacou.

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A policial ainda frisou que, para acabar com os crimes de feminicídio, é necessário romper com o padrão machista da sociedade. Ela lembrou que tudo começa com a educação das crianças. “É preciso combater o machismo desde a infância. Temos que ter essa consciência. Precisamos acabar com a supremacia masculina, com a ideia de que o homem tem mais direitos.”

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Ao ser questionada sobre o aumento dos crimes de feminicídio, a delegada explicou que além das pessoas estarem mais encorajadas a denunciar, o crescimento da participação feminina no corpo social leva muitos homens a cometer esses crimes violentos. “As pessoas estão tendo mais voz para denunciar, mas o fato das mulheres estarem tendo mais espaço também leva muitos homens, que as veem como sua propriedade, a se rebelarem e cometer crimes”, avalia.

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Racismo e preconceito

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Coordenadora nacional do Movimento Negro Unificado (MNU), Iêda Leal afirmou que o maior incômodo é a questão de as mulheres negras estarem sempre à frente como vítimas nas estatísticas da violência, o que as coloca numa situação ainda pior do que as demais. “Sofremos com o racismo, o preconceito e com a violência. A mulher tem que sair do lugar de objeto, onde a cultura tenta nos colocar a todo instante.”

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Iêda disse acreditar que para romper com o ciclo da violência contra a mulher é fundamental existir posicionamento individual e coletivo. “Mas o debate precisa ser ampliado e discussões devem acontecer entre homens e mulheres, pois cada um de nós precisa fazer a sua parte”, disse.

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Ela também afirmou que o feminismo é muito importante na mudança de paradigma social. “Ser feminista é nos proteger da desigualdade e de toda a violência. A sociedade é que ganha com isso.”

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Feminicídio como estopim

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Presidente do Conselho Estadual da Mulher, Ana Rita de Castro disse que o crime de feminicídio é o estopim. “Antes de chegar na morte a mulher pode ter passado anos sofrendo violência doméstica. Todas nós somos vítimas de violência todos os dias, em maior ou menor grau. A porta de entrada para todo tipo de violência é a psicológica, pois ela não é visível e não deixa marcas evidentes, mas é assim que o homem mantém um ciclo de dominação que persiste”, disse.

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Ana Rita levantou uma reflexão sobre o patriarcalismo que existe na sociedade brasileira. “A sociologia o descreve como uma sociedade estruturada na desigualdade que se materializa no machismo. Essa hierarquia que faz com que as vítimas se transformem em vilãs”, falou.

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Ana Rita lembrou que Goiás está em segundo lugar no ranking de feminicídio contra mulheres negras no país e o Conselho Estadual está em alerta em torno da cobrança ao Estado no que tange ao enfrentamento da violência contra a mulher. “Hoje nós temos somente uma casa abrigo que funciona para atender todo o Estado, e é uma organização sem fins lucrativos, o Centro de Valorização da Mulher (Cevam). Precisamos que o Estado assuma sua responsabilidade com uma política de abrigamento, assim como também na geração de emprego e renda para as mulheres, com uma política de capacitação profissional para que elas tenham autonomia financeira e condições de sair de um relacionamento abusivo.”

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Por fim, Ana Rita fez um apelo ao Poder Legislativo: “Precisamos que o Legislativo reconheça seu importante papel na mudança da violência contra as mulheres”.

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Agressão no lar

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Conselheira municipal de Saúde de Goiânia, Dalva Bittencourt falou sobre suas próprias experiências como mulher e lésbica. “Comecei a ser agredida dentro do meu lar quando ainda era criança. Neste país uma mulher não pode se assumir lésbica que terá seus direitos ainda mais tolhidos, de todos os jeitos. Eu não morri porque fugi da minha terra, pois seria assassinada por um membro da minha família”, contou.

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Ao tratar da situação crítica da saúde municipal, ela deu destaque para a situação do Sistema Único de Saúde (SUS), que não consegue dar a assistência correta às mulheres que chegam às unidades para serem atendidas após sofrerem violência doméstica. “O SUS não tem estrutura para atender essas mulheres. Além disso, o profissional de saúde tem medo de denunciar, pois o machismo é tão grande que ele se sente amedrontado nessa sociedade. Temos que mudar as políticas públicas desse Estado para que as mulheres não sejam mais mortas”, disse.

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Todas por elas

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Os debates da campanha vão continuar nesta quarta-feira, 20, às 9 horas, com outra mesa-redonda, cujo tema será “Saúde da Mulher”. Em seguida vai ocorrer a entrega de lenços para pacientes do Hospital Araújo Jorge. Participarão dessa mesa a nutricionista Tatiana Côrtes Mônaco; a ginecologista Mylena Naves de Castro Rocha; a presidente da Associação Brasileira de Mastologia Regional de Goiás, Rosemar Macedo; a vice-presidente da Associação de Combate ao Câncer de Goiás, Ângela Machado de Sá Ferreira; a coordenadora do Projeto VER do Programa de Referência em Inclusão Social da PUC/GO, Karin Bittar.

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Outra importante mesa-redonda será na quinta-feira, 21, às 9 horas, com o tema “O lugar delas na política”. Estarão presentes a deputada Lêda Borges (PSDB), a vereadora por Goiânia Léia Klebia (PSC), a assessora temática Milena Costa, a presidente da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica de Goiás, Larissa Junqueira Reis Bareato, a empresária Kamila Alves de Amarante Vieira e a professora-doutora Denise Paiva. São todas discussões com importante contribuição para o universo feminino.

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Com informações da Assembleia Legislativa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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