HOME

Home

Arte das minas: quatro grafiteiras baianas que você precisa conhecer

Saiu no site CORREIO

 

Veja publicação original:  Arte das minas: quatro grafiteiras baianas que você precisa conhecer

.

Grafite é arte contemporânea, urbana, vertente do Hip Hop. Pinturas e desenhos feitos em muros e paredes. É linguagem, arte, poesia. O território, majoritariamente masculino, vem sendo conquistado por mulheres que mandam o recado: a rua também é minha! Será que esse encontro é tranquilo?

.

.

Sista Katia (@sistakatiaé autodidata e referência. Descobriu o grafite com a cultura punk e hip hop, na qual é militante. Em 2007, começou a grafitar em bairros periféricos de Salvador. Com conhecimento de causa, fala da presença feminina no grafite: “As mulheres que estão atuando na cena do grafite e arte de rua estão se articulando mais, se conhecendo e reconhecendo mais umas nas outras. Essa ocupação das ruas tem sido uma retomada, a rua também nos pertence e não estamos mais em momento de pedir pra entrar. Estamos arrombando a porra da porta e entrando. (…) Nós mulheres temos urgência; e queremos expressar temas que nos permeiam e que estão acontecendo no mundo agora”. E quais são os desafios? “Existem diferenciações das mulheres dentro da cultura: se a mina é solteira ou se é namorada/casada com outro cara da cena. Existem também as relações que se estabelecem dentro da reprodução de privilégios raciais, sociais e de padrão estético. (…) A cena já entendeu a existência das mulheres, mas ainda existem homens que se incomodam com o crescimento técnico e a repercussão que temos tido nos últimos tempos. Esses mesmo não aceitam ser chefiados por mulheres e muito menos que nós tomemos a frente de produção de um painel. Mulheres são sempre as mais responsáveis, pontuais e organizadas em todos os eventos e mesmo assim são minoria nas listas de aprovadas nos eventos nacionais de grafite”.

.

.

Miu Monteiro (@miumonteiroera só dentista até o dia em que uma amiga grafiteira a convidou para uma aventura entre as latas de tintas. “Hoje não passo uma semana sem usar o spray”, conta a artista que se divide entre o consultório e as cores, mas não por muito tempo: “Janeiro de 2019 é meu último mês na odontologia e estou muito feliz com a minha decisão!”. A “decisão” é mergulhar de cabeça numa profissão que ainda é vista como masculina. É ocupar espaço e se alegrar com conquistas: “Ainda não soube de preconceito sofrido por mulheres, aqui na Bahia. A cada dia que passa, fico mais feliz em conhecer mulheres que se dedicam a fazer trabalhos incríveis e vivem do grafite, sobem em andaimes, “elevadores”, colocam as caras nas ruas mostrando seus trabalhos com excelência! Grafiteiras me inspiram.”

.

.

Nila Carneiro (@nila_carneiroé formada em design gráfico, pela UFBA. Fortemente influenciada por mulheres artistas negras de várias linguagens, compreende a força necessária das grafiteiras que furam o bloqueio masculino:”Acho uma cena difícil para as mulheres no geral, principalmente para as mulheres negras artistas grafiteiras da periferia. Elas desbravam espaços ocupados predominantemente por homens, assumem os riscos que a rua culturalmente traz, vivenciam de fato a arte como forma de protesto e elaboram formas de resistir no meio artístico. (…)Tive muitas incentivadoras nessa trilha e muitos impedidores. É uma cena crescente, porém difícil. (…)Interajo com pouquíssimos artistas homens da cidade, mas dos poucos que interagi a relação foi difícil, salvo pouquíssimas exceções. Mas o importante mesmo é que meu foco está nas artistas”.

.

.

Ananda Santana (@srt.as), cursa bacharelado interdisciplinar em artes, na UFBA. Na vivência pessoal, um pouco da história do grafite, na Bahia: “Quando comecei a grafitar, isso há cerca de três anos, na cena do grafite baiano já existiam algumas mulheres como a Sista e a Mônica, por exemplo. Mas ainda eram poucos nomes. (…). Muitas passaram pelo processo mas desistiram por algum motivo. Enfim, quando se falava de grafite, encontrava-se muito referências masculinas, os caras dominavam a cena.(…) A interação com os homens do grafite, para mim, é bastante tranquila. (…) Quando comecei a pintar, fui muito bem recebida por eles nos eventos , nos nossos encontros , sempre apoiando a mim e as meninas que começaram junto comigo, aqui na Bahia. (…) O único “problema “ em ser mulher, negra, estar nas ruas praticando uma arte que para muitos não é arte (…) é sofrer assédios constantes ao pintar em uma via por exemplo. Assédios morais, sexuais , problemáticas que incomodam bastante nossas saídas”.

.

.


Carão da semana
Carão de sono para quem diz “por que não falaram antes?” diante das denúncias de centenas de mulheres que afirmam ter sido abusadas pelo “médium” João, de Abadiânia.

.

.

(Foto: Acervo Pessoal)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Compartilhe

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no linkedin
LinkedIn

HOME