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Anjos do Carnaval: voluntários vão acolher vítimas de assédio em cinco cidades

Saiu no site REVISTA MARIE CLAIRE

 

Veja publicação no site original: Anjos do Carnaval: voluntários vão acolher vítimas de assédio em cinco cidades

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A ação da campanha Carnaval Sem Assédio, que iniciou em São Paulo, será estendida para blocos do Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belo Horizonte; além de anjas, a iniciativa conta com a participação de homens pela primeira vez

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Por Kelen Rodrigues

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A estudante Luna Souza, de 20 anos, já tem programação para o Carnaval: ela estará em algum bloco da cidade de São Paulo ajudando a identificar situações de assédio e abuso, e oferecendo acolhimento às vítimas. “Eu sei que mulheres, LGBTs, negros, sofrem muito. Ajudar a combater isso é tipo milagre”, diz ela à Marie Claire. “Recentemente eu me reconheci como uma mulher trans, então estar inserida em um grupo de mulheres, negras, está sendo ótimo. Quero lutar pelos meus, sabe?”.

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E Luna não estará sozinha. A mãe, Claudia Souza, de 46 anos, também embarcou na missão. “Minha filha convidou, aí eu vim. Até para poder conhecer mais, entrar mais nesse universo (LGBTQI+)”, conta a dona de casa.

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As duas fazem parte do grupo de voluntários Anjos do Carnaval, uma das iniciativas da campanha Carnaval Sem Assédio, promovida em parceria pela Prefeitura de São Paulo, Catraca Livre a produtora Rua Livre. Na capital paulista serão pelo menos 50 voluntários divididos nos quatro dias de folia – o dobro do número do ano passado, quando o projeto foi implantado.

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Outra novidade é que neste ano, além de mulheres, a iniciativa contará também com homens atuando como anjos. “Esses anjos andam pelo meio dos blocos, vão abordando de uma maneira muito sensível, e, se identificam uma situação de violência ou veem que alguém está passando do limite, existe uma equipe durante o Carnaval preparada para atender essa denúncia”, explica Claudia Carletto, secretária de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura da Cidade de São Paulo.

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O carnaval 2020 será o segundo durante a vigência da lei de importunação sexual em vigor. A prefeitura montará 20 tendas com assistentes sociais, psicólogas e agentes de segurança mulheres para receber as foliãs vítimas de importunação ou violência nos blocos da cidade. “Haverá policiais militares dentro das tendas, e a guarda civil meropolitana por meio da Lei Maria da Penha. Se houver flagrantes, os homens que cometerem infração serão levados à delegacia”, adianta. Segundo ela, no carnaval de 2019 os voluntários fizeram a intervenção em mais de 820 casos.

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Alguns deles atendididos pela educadora social Elza Santos, de 50 anos. “A gente teve que levar uma menina até o metrô porque ela estava sendo assediada, foi abandonada pelos amigos, e estava bem alterada. Vimos também assédio de meninas sendo agarradas”, conta ela, que será voluntária pelo segundo ano. “As meninas quando nos viam, até mesmo os rapazes, batiam palmas dentro dos blocos, tratavam a gente com carinho. É uma conscientização, elas sabem que tem uma segurança ali olhando por elas”.

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Neste ano a ação será levada também para blocos no Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belo Horizonte de forma experimental, sem a participação das prefeituras locais até o momento.

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Acolher sem julgar

No treinamento da turma de anjos a principal orientação é respeitar a vontade e o momento da vítima. Isso porque, na maioria dos casos, ela quer ser ouvida e se sentir amparada antes de pensar em uma interferência policial. “É preciso acolher. Sem olhar para a roupa que ela está vestindo, ou para o quanto bebeu. Qualquer deixa de julgamento moral a pessoa se retrai”, explica a promotora Valéria Scarance, coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público do Estado de São Paulo. “E é importante nunca duvidar do relato da vítima”.

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Além das tendas e da presença dos Anjos do Carnaval, outra ação da prefeitura é manter o chamado ônibus lilás, que já tinha sido usado no Carnaval de 2019 para atender, acolher e informar mulheres e LGBTs sob algum tipo de risco. O veículo ficará estacionado na Praça do Patriarca, no Centro, junto a uma van móvel do Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes (CRAI), que prestará atendimento a estrangeiros vítimas de xenofobia ou qualquer outro tipo de violência.

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No ano passado, em frente ao ônibus, foram distribuídos cerca de 20 mil adesivos com as frases “não é não” e “Carnaval sem assédio”. “Durante o ano de 2019 a unidade móvel ficou em lugares estratégicos do Carnaval e a gente sentiu que o mais importante é a gente fazer a sensibilização, a prevenção da violência”, conta Claudia. Outro impacto, segundo ela, é a sensibilização dos homens para que eles entendam que existem medidas de proteção às mulheres que são assediadas ou têm seus direitos violados. “Quanto mais a gente comunica, mais elas voltam a denunciar. O importante é o que a gente está fazendo na disseminação da informação, e aí consequentemente pode ser que a gente tenha mais casos de denúncias”, afirma a secretária.

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Além disso, a Casa da Mulher Brasileira, no Cambuci (região central), vai funcionar 24 horas, também para acolher mulheres vítimas de violência e registrar possíveis casos de assédio, já que dentro do local funciona a 1ª Delegacia da Defesa da Mulher de São Paulo.

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A prefeitura de São Paulo lançou ainda um manual para as folionas, disponível no site https://manualdofoliao2020.prefeitura.sp.gov.br/manual-da-foliona/. A publicação digital estará disponível para acesso em pontos da cidade por meio de QR Code.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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